DEPUTADO DO P.S. MENTIU!
Nos debates na Assembleia da República que tiveram lugar há dias acerca da moção de confiança apresentada por Mário Soares, o deputado do P.S., António Guterres, na ânsia de fazer salientar aquilo que o governo Socialista agora derrubado não fez, esguichou estas bacoradas:
"O Governo Constitucional não precisa de maior elogio do que a simples constatação prática da forma como se vem processando a ritmo espectacular, e sem perturbações significativas, a integração dos desalojados, por forma que deixa perplexos os observadores estrangeiros, recordados ainda do que foi, em França, o regresso da Argélia após a independência."
Se outros motivos, e graves, não houvera para derrubar o governo de Mário Soares, este seria fundamental para analisar as inverdades e o descaso manifestados pelo 1.° Governo Constitucional no tocante à problemática dos chamados "retornados", assim como seria de uma relevância importante proibir pessoas com responsabilidade na vida política da nação, como o deputado António Guterres, a calar a boca e a não proferir mentiras que o povo português sabe, na verdade, que são mentiras.
Este senhor deputado está absolutamente fora das realidades do gravíssimo problema dos desalojados, considerado um dos maiores problemas nacionais, e cuja integração, na sua sociedade portuguesa tem sido quase impossível pela falta de meios que o governo não lhes facultou.
Jornal "O RETORNADO" tem nos seus arquivos montanhas de documentos que provam que são mentiras tudo quanto o deputado António Guterres disse na Assembleia da República. Mais: convida o mesmo senhor deputado a vir até nós, onde se lhe explicará que ele não percebe nada do problema dos desalojados, e que tudo quanto proferiu na Assembleia da República, em vez de ajudar a manter-se o governo constituído pelo seu Partido, mais o enterrou e menos simpatias (ou nenhumas) deixou.
Ao contrário daquilo que o sr. deputado afirmou, os estrangeiros, isso sim, ficaram e ficam perplexos como se gastou tanto dinheiro que algumas nações deram a Portugal destinados aos desalojados vindos das ex-províncias ultramarinas portuguesas.
Ficam ainda perplexos ao verificarem que em Portugal residem em autênticos "ghetos", homens, mulheres e crianças que só cometeram um crime: o de desejarem continuar a serem portugueses.
Perplexos ficaram por saberem que além de meia dúzia de empréstimos que o governo lhes facultou, para construírem obras aonde possam empregar a sua actividade e criar postos de trabalho para outros desalojados, a sua grande maioria, dezenas de milhar desses desalojados, continuam a viver na miséria sem possibilidades de poderem fazer uma recuperação, por falta de meios e dos respectivos auxílios.
Daqui convidamos o sr. deputado António Guterres a vir connosco, Portugal fora, e verificar a situação dos desalojados que merecem tão mentirosas afirmações feitas na Assembleia da República.
Infelizmente, e para mal desses portugueses que vieram do ex-Ultramar, nada disso que afirma sucedeu.
E se alguns (já milhares), desses desalojados estão exercendo a sua actividade, eles nada devem ao governo de Mário Soares que em nada os auxiliou.
Esta é a grande verdade e pode disso estar convencido o senhor deputado António Guterres que é essa verdade que os estrangeiros têm conhecimento.
E quando voltar a falar dos desalojados, senhor deputado António Guterres, não o faça sem ouvir a voz dessas centenas de milhar, que por toda a parte deste rectângulo português que vocês, os chamados "progressistas" nos reduziram, vão carpindo a sua infelicidade.
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