Retirado de um grupo de moçambicanos na net:
Basílio meu amigo... em relação a essa tua de que eu devo ser um indíviduo sem identidade original (seja lá o que isso for), eu nem respondo a isso... cada um pensa como quer!!
Em relação à indemnização que os portugueses devem-nos pela colonização... epah, esta teoria só me fez rir!! Se fosse assim, meio mundo devia ser indemnizado... não te esqueças que metade de África era colonizada por franceses, a outra metade por ingleses... toda a América Latina foi colonizada por espanhóis... a Ásia por franceses, ingleses etc... etc...
Portanto, caro Basílio... cerca de 70% do mundo a esta altura devia estar a receber indemnizações... seguindo essa tua teoria!!
Só pra acabar Basílio, tu não percebeste o que eu queria dizer!! eu tentei ser explícito, mas pelos vistos não fui suficiente... eu não disse que os tugas são santinhos... simplesmente disse é que não percebo porquê que só os portugueses é que são os "racistas", "os neo-colonizadores" etc... etc... até porque quando olho pros grandes investimentos neste momento em Moçambique... todos eles são sul-africanos: é a Mozal; é o gás de Pande; é a VodaCom etc... e à uns tempos atrás ouvi várias pessoas a reclamarem que na MOZAL os trabalhadores estrangeiros recebem 10 vezes mais que um moçambicano com o mesmo cargo... além de que há racismo explícito!! e a MOZAL é de capitais maioritariamente sul-africanos... esses estrangeiros são na maioria sul-africanos!! mas destes aqui eu não te ouço a reclamar que são racistas, e que são os novos "colonizadores"... mas já em relação "ao racismo que impera em algumas instituições de capitais portugueses em Moçambique", aqui já ficas muito revoltado!!!
É só isto que eu não percebo Basílio... se reclamas do racismo dos tugas, então também deves reclamar do racismo dos boers na MOZAL por exemplo. É só isto que me faz confusão... é sempre "os tugas", "a
culpa é dos tugas" blablabla!!!
Não podes ter 2 pesos, e 2 medidas!!
Agora deixo aqui pro pessoal um texto que saiu num dos jornais aí da praça, a falar do desencanto do nosso povo. Está muito bem escrito, e realça aquilo que eu sempre defendo Basílio... a situação do nosso
país actualmente, é, acima de tudo, por culpa dos nossos governantes, e não por culpa dos portugueses, ou dos sul-africanos, ou de quem quer que seja... a culpa é dos nossos líderes!!!
Leiam que o texto está porreiro.
P.S. as partes em maiúsculas são da minha autoria;
-"DESENCANTADOS"-
Perguntava-me um moçambicano, ante os rios de gente que de todos os cantos chegavam à áreado "Union Building", em Pretoria, para assistir à "inauguração" do segundo mandato de Mbeki e as celebrações dos 10 anos de liberdade, POR QUE NÃO ACONTECIA COISA IGUAL EM MOÇAMBIQUE?
Podem ser arranjadas várias desculpas, como dizer que os sul-africanos são quantitativamente superiores, pode-se dizer que os sul-africanos têm meios ou outras tantas respostas, mas a melhor, e verdadeira, embora dolorosa, é que os sul-africanos ainda têm esperança.
Os sul-africanos ainda têm fé na sua capacidade de trabalho, têm fé nos benefícios que os seus esforços e sacríficios lhes produzirão amanhã, têm fé nos sonhos enraizados em quase meio século de "apartheid" e, mais importante, têm fé nos seus líderes.
Mesmo os sul-africanos brancos, que há 10 anos temiam estar a entrar numa fase de "revanche" dos negros, imaginavam estar a iniciar uma era de pesadelo e caos, crêem, hoje, na realidade de um futuro
próspero dentro da convivência multiracial e multicultural.EM MOÇAMBIQUE, PERDEMOS ISSO TUDO; FIZERAM-NOS PERDER A BELEZA DE SONHAR.
Houve duas vagas de fé em Moçambique: a partir de 1975, aquando da independência, e em 1994, com as primeiras eleições gerais multipartidárias.
Era belo o voluntarismo, a solidariedade, o acreditar nas instituições e nos líderes nos anos 70 e 80. Foi evidente e forte o renascer da fé, do optimismo, depois o fim da guerra (1992) e, principalmente, depois das eleições de 1994, tanto mais porque, desta vez, os líderes, embora ainda os mesmos da era passada,
surgiam creditados pelos votos.
Mas os sonhos vão morrendo.
Um amigo falava noutro dia: COMO ACREDITAR EM PESSOAS QUE DIZEM ESTAR A MELHORAR O ENSINO, MAS MANDAM OS FILHOS ESTUDAR FORA; FALAM DO BEM-ESTAR, MAS NÃO CRIAM NENHUM PROJECTO HABITACIONAL VIÁVEL; FAZEM ELEGIAS À CORRUPÇÃO, MAS A IMPUNIDADE FIRMA-SE COMO RAINHA;
PROMETEM COMIDA PARA TODOS, MAS O PREÇO DO PÃO SOBE TODOS OS DIAS; CANTAM CONTRA O CAPITALISMO, MAS JÁ NÃO TÊM BOTÕES PARA APERTAR O CASACO.
Reconhece-se algum trabalho realizado, mas também se descobre o muito não feito por razões obscuras.
É preciso muito mais que promessas para que os moçambicanos percam a desilusão.
J.M.
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