Repatriamento de angolanos recomeça no próximo mês
27/04/2004
Cerca de 300 mil angolanos refugiados nos países vizinhos de Angola, tais como Zâmbia, Namíbia, RD-Congo, África do Sul do Sul e Botswana aguardam pelo repatriamento organizado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, ACNUR.
O processo arranca no próximo mês de Maio. Dos 15 milhões necessários à operação estão garantidos cerca de 8 milhões de dólares. Um pedido de reforço da verba foi feito pela Alta comissária adjunta para os
Refugiados, Wendy Chamberlin que terminou nesta segunda-feira uma visita de trabalho à Angola.
Durante a sua estada em Luanda Chamberlin manteve encontros com representantes de países doadores onde se destaca a reunião com o embaixador dos Estados Unidos em Angola, William Dell, a quem lançou um novo apelo.
Apesar de não dispor da totalidade dos fundos o ACNUR pretende arrancar com a operação aguardando que os doadores completem a verba necessária já no decorrer do processo conforme nos explica Fernando Mendes, oficial do ACNUR em Luanda.
"...Nós precisaríamos um total de 15 milhões de dólares, já recebemos 8 milhões que dão para arrancar com a operação de repatriamento. Enquanto o processo decorrer é possível que cheguem mais contribuições do restante que falta para completar o valor global..."
A nova fase do repatriamento dos angolanos refugiados nos países vizinhos será marcada pelo transporte dos refugiados dos países onde estão ate às localidade de origem. A segunda fase do processo será
marcada pelo reassentamento desses refugiados, tarefa da responsabilidade mútua, governo angolano e o ACNUR.
"... Nós estamos a ver não só a situação do regresso dos angolanos refugiados nos países vizinhos mas, também a sua reintegração social.
Onde se vão instalar precisam do mínimo de condições para recomeçarem a vida e, isso significa terem acesso a água, escolas e Hospitais. O ACNUR vai ajudar o governo angolano na reintegração dessas pessoas..."
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados diz existir entendimento relativo com o governo angolano relativo à criação de condições para o reinicio do regresso à casa dos angolanos que o
conflito armado levou para os países vizinhos.
O processo do regresso voluntário teve inicio em 2003 com o movimento de 76 mil e 691 refugiados onde se destacam 33 mil e 346 que regressaram por sua própria conta.
O ACNUR adverte no entanto que a operação de repatriamento que arranca já no próximo mês de Maio apenas vai abranger cidadãos angolanos que se encontram refugiados nos países vizinhos de Angola, sendo que os outros deverão ser transportados mediante a manifestação do interesse em regressar para os seus países de origem.
"...Para repatriarmos os refugiados dependemos sempre da vontade dos próprios refugiados em regressarem os países de origem. Tão logo manifestem esse interesse, o ACNUR estará disposto a ajuda-los. Enquanto isso não acontecer foge do âmbito do mandato do ACNUR..."
A situação dos angolanos refugiados nos países vizinhos marcou igualmente o ponto alto da visita que Wendy Chamberlin efectuou a Angola onde reuniu-se também com o ministro angolano da Assistência Social, João Baptista Kussumua.
Ao governo angolano ficou a responsabilidade de criar infra-estruturas para acolher os refugiados que agora regressam à casa. Foram igualmente analisados os incidentes que ocorreram no campo de Kahemba , na República Democrática do Congo, onde imigrantes ilegais expulsos de Angola queimaram casas de refugiados angolanos.
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