HERNANI E LINDOLFO MONTEIRO
(ou a vã glória daqueles que brincam com a vida alheia)
Lindolfo Monteiro, de cima dos seus 1,84 metros de altura e 100 quilos de peso, depois de ter aberto a porta do seu gabinete, tenso e sério, atirou de chofre as palavras, que recalcadas no seu íntimo, aguardavam a presença de uma pessoa amiga, para extravazarem a tristeza, a revolta, a incompreensão da profunda injustiça que desabava agora para cima dos seus ombros :
- Diz-me Neves Pinto, o que vês em frente de ti ? Diz-me lá ... Um empresário que tanta gente gaba ? Que tantas firmas, empregos e desenvolvimento criou para o futuro desta terra ? Uma pessoa inteligente, com visão, um verdadeiro empresário, que sabe fazer e acautelar os seus investimentos ? -
O seu amigo fitava-o, também sério, sem dizer uma palavra, parado à sua frente. E ele continuou :
- Eu digo-te,... estás a ver o maior burro da Zambézia, isso sim é o que está à tua frente. -
Sentaram-se os dois, de olhares vazios dirigidos para partes diferentes da sala, evitando-se, de lágrimas contidas. E em profundo silêncio, para ali ficaram aqueles dois, desbravadores de terras e condutores de homens, de bravura impar, sem saberem o que mais dizer um ao outro.
Monteiro & Giro, Lda. era tida na Zambézia, como uma firma de sucesso, e olhada com admiração.
Iniciada em 1926, contava agora em 1975, nove firmas associadas, interligadas em serviços e produção de utilidade, para os seus oito estabelecimentos comerciais de alta qualidade e supermercados, espalhados por todo o território de Moçambique.
Proprietária de 40.000 hectares de terras, dos quais 4.000 plantadas com chá, era já considerada o maior produtor mundial nesse sector. Com onze fábricas a laborar, dezenas de plantações diversas, explorações de pecuária já com um efectivo de 23.000 cabeças de gado bovino, aviários, oficinas de reparações de automóveis, agências de turismo, e um Hotel de luxo, o célebre Hotel Chuabo, empregava na altura 14.300 pessoas.
Por sua vez Hernani Neves Pinto, Lda. Tinha desenvolvido a sua actividade, a 210 Km de Quelimane, bem no coração da Zambézia, junto a Mocuba, "onde todos os caminhos se cruzavam e a Zambézia se abraçava", como fazia lembrar a placa de cerâmica colocada à entrada da vila.
Tinha sido uma opção, se assim se poderia dizer, uma vez que dera continuidade ao início já feito pelo meu avô Alfredo Sarmento Pimentel, numa região conhecida como,..."o cimitério dos brancos". Essa fama advinha das muitas mortes dos que para ali tinham ido trabalhar, proveniente da mais grave doença tropical, a malária.
O tipo de comércio desta firma era o oposto à do seu amigo.
Levar todos os bens de primeira necessidade à interioridade e de lá escoar os produtos agrícolas que os seus naturais produziam, para os vender junto das grandes cidades do litoral, constituíam o seu objectivo.
O meu pai, sentado no gabinete do seu amigo
Lindolfo, com quem tantas vezes se encontrava nas suas vindas a Quelimane, onde trocavam ideias ligadas às suas vidas empresariais, bem entendia o que o outro lhe estava a transmitir.
Na verdade este tinha-lhe tirado as palavras da sua boca. Ele sim era quem mais se podia recriminar e era este o sentimento que queria transmitir ao vir ao seu encontro. Não conseguia compreender como era possível estar agora na situação em que estava.
Mas nesta dimensão havia um maior agravamento para ele, pois tinha sido avisado de que isso lhe aconteceria, há muitos anos por Frei José, um secerdote franciscano amigo, e há bem pouco tempo pelo tio da sua mulher, o capitão João Maria Sarmento Pimentel, residente no Brasil.
Após o 25 de Abril, o Partido Socialista fez a primeira reunião da sua cúpula directiva, chefiado pelo Dr. Mário Soares, em casa desse tio da minha mãe, na cidade de S.Paulo no Brasil.
No assentar de ideias e estratégias, foram estabelecidas as linhas mestras pelo qual esse Partido se iria reger para o futuro. No que respeitava às Províncias Ultramarinas, a decisão foi a da sua entrega urgente, imediata e incondicional aos Partidos Políticos que faziam a guerra no Ultramar. Nem mais, nem menos, essa era a prioridade que interessava.
Eis que esse meu tio—avô escreve de imediato uma carta aos meus pais, na qual lhes relatava as circunstâncias que exigiam a nossa saída de imediato de Moçambique. A carta terminava com um aviso : - "Fujam depressa daí !" -
E que fez o meu pai ? ...Depois de ter lido a carta, virou-se para a minha mãe e disse-lhe : - Olha, lê esta carta do teu tio do Brasil, e guarda—a nas tuas coisas. Como é possível que possa escrever o que aqui vem ?!!! -
A situação em que agora, um e outro se encontravam, era algo fora da capacidade de entendimento e previsão.
Há quinhentos anos que a roda do desenvolvimento iniciada pêlos portugueses, nos descobrimentos, tinha sido posta em movimento. A inércia dessa roda exigia uma força tremenda para tão pouca gente, mas tinha sido posta em movimento, e, na década de sessenta, a sua velocidade era estonteante.
A construção civil, as estradas, os embriões de fábricas, as escolas, tudo ia aparecendo a um ritmo que a todos contagiava. Todos viam desabrochar em Moçambique, um segundo Brasil em embrião.
Mas um outro factor pesava mais que tudo para o amor que estes homens dedicavam a esta terra. Era a sua identidade, a sua personalidade.
Os grandes espaços a perder de vista, a liberdade com que o seu clima permitia o vestir despretencioso das suas gentes, a fauna selvagem, os seus frutos sumarentos de uma doçura extrema, e principalmente as suas gentes, cordatas, de grande afabilidade.
O entusiasmo contagiante, no assistir ao desenvolvimento das cidades, portos, aeroportos, ao rasgar das estradas alcatroadas, o suor do rosto no trabalho do dia após dia, o nascer, casar e enterrar dos entes queridos, fazia com que ninguém questionasse o investimento de todas as suas economias naquela terra.
Para todos era impensável uma independência nos moldes em que esta mais tarde se viria a dar.
O Estado Português garantia que aquela parcela era e seria sempre portuguesa.
Mas, os portugueses que lá viviam, tinham a consciência de que, para um território com aquela dimensão, e com o desenvolvimento a que se assistia, não o seria possível manter naquela realidade política.
Mas agora, com a independência dada na pessoa de um Partido Político, a Frelimo, estava-se a assistir à concretização do seu ideário marxista-leninista, e às promessas de aliciamento oferecidas aos guerrilheiros que nas fronteiras tinham feito a guerra: " a mulher e a casa do branco ".
Depois da independência, todos os passos foram dados neste sentido, e os portugueses, que queriam adoptar agora a nova independência, constatavam o profundo logro em que tinham caído.
Primeiro, obrigaram-lhes a investir todas as suas economias nessa terra, dizendo-lhes que era portuguesa, e por isso não as podiam transferir para o continente, e depois,...disseram-lhes o contrário, e,...abandonaram-nos à sua sorte.
Lindolfo Monteiro, Hernani Neves Pinto, e largas centenas de pessoas ficaram então na miséria e tiveram que regressar ao país de origem, pois lhes nacionalizaram todos os seus bens.
A história se encarregará de repor tudo nos seus lugares, porque factos são factos, e contra eles de nada vale a retórica.
As casas, prédios, herdades, lojas, fábricas, hotéis e belas cidades, espalhadas por Moçambique, são a prova de que as pessoas que as fizeram, aí colocaram o seu enlevo, as suas esperanças, aí queriam viver e morrer.
Não são esses os merecedores da ignomínia, mas sim aqueles que de tudo os espoliaram, mais os que concorreram para isso.
Ë pois justo perguntar, para quando esses responsáveis políticos, poderão vir a estar sentados no banco dos réus, e responsabilizados por tanta miséria e morte que ocasionaram, por sua expressa vontade ?
Ë vê-los, bem de vida, cheios de mordomias, a distribuir elevados pensamentos de sapiciência laica, bem vestidos nos seus mantos de cordeiro, chamando de bem, ao mal que fizeram.
Se uma América do Sul o pode fazer a um Pinochet, qual a razão para que isso esteja vedado a um país da União Europeia, que se advoga paladino dos direitos humanos ?
Gondomar, 2004/05/17
João Maria Neves Pinto
P.S.: O título e o destaque são da minha responsabilidade
Fernando Gil
Caro Fernando e amigos.
Claro que as fronteiras de África (e de muitos outros países fora de África) são artificiais.Foram desenhadas na Europa.
Mexer nelas é um problema demasiado complicado. Veja o que aconteceu na Nigéria ou no actual Congo (uma guerra em que está, neste momento, envolvida metade da África mas de que pouco se fala).
Na Europa, só ao longo do século XX, houve e há, enormes problemas. Basta ver os mapas da Alemanha e as guerras que isso provocou ou as alterações de fronteiras da Rússia ( e ex-União Soviética), a ex-Jugoslávia etc.
Todas as fronteiras foram feitas com violência. Depois construíram-se solidariedades e sentimentos nacionais. Em Portugal não temos esse problema porque é o país com fronteiras estáveis mais antigo da Europa.
Felizmente, no caso das ex-colónias africanas, apesar de tudo, não temos grandes problemas, antes pelo contrário, no relacionamento entre portugueses e africanos. Ao contrário, países como a França ainda continuam com grandes dificuldades de relacionamento, principalmente na Argélia onde ainda há um forte ressentimento.
Há tempos li uma entrevista de um escritor inglês que vive algures no Alentejo que dizia que os ingleses nunca gostaram de África, África associava-se à imagem de mosquitos, calor, miséria etc. Ao contrário, os portugueses quando falam de África emocionam-se, sentem saudades e desejo de voltar.
Há, de parte a parte (entre portugueses, angolanos, moçambicanos ...) uma pré-disposição para o diálogo. E falo de pessoas e não de governos.
Continuo com a impressão que continua a ver ainda a História a preto e branco. Continuar a opor "a boa vida antes do 25 de Abril com os males posteriores" não leva a lado nenhum. É possível voltar atrás e reformular tudo?
Esse argumento de que já havia escravatura antes do colonialismo justifica o quê? Pois claro que havia e continuou.
Vamos julgar os que praticavam a escravatura nos séculos XIV ou no século XIX?
Sabe qual foi um dos últimos grandes países a abolir a escravatura? Foi o Brasil. Vamos agora julgar o Pedro Álvares Cabral ou o imperador D. Pedro II por isso?
João Simas
Évora
PS. É melhor mudar o título.
Posted by: João Simas | 08-07-2004 at 20:57
Grato a todos pela contribuição dada.
Quanto ao texto de João Simas, resta-me saber que nenhum dos factos por mim referido foi refutado. Quanto " às frases terem sido retiradas do contexto", não o entendo assim, salvo melhor explicação.
Tem toda a razão o Padre Eduardo Bravo. As interpretações da história humana terão que ser feitas atendendo ao tempo e lugar. E até aos seus protagonistas.
Se, porventura, Mouzinho tivesse sido derrotado por Gungunhana, existiria o Moçambique que hoje existe? Com as fronteiras que tem? Certamente que não. Conseguiria o Gungunhana iniciar a caminhada para um novo país em África? Seria que os Ingleses o permitiriam e não seriam os novos colonizadores?
Por exemplo:
- Não foram os portugueses que levaram a escravatura para Moçambique como muitos julgam. Ela já lá se praticava.
- Aliás, também não entendo como em Moçambique ainda hoje, e também em Portugal, se fazem constantemente comparações estatísticas com o que existia e se fazia antes do 25 de Abril e o que existe e se faz hoje. Normalmente só no que interessa a quem produz o comentário.
- Por uma questão de verdade e honestidade não seria de antes se fazer a progressão (projeção) estatística de 74 à data presente, com base nos dados de estatísticas anteriores? Mesmo que sujeita a erros, seria mais coerente e honesto. Mas não: sempre oiço que antes do 25 de Abril era assim e agora é assado... Só que entretanto se passaram trinta anos...
- Também não conheço nenhuma sociedade que se tivesse desenvolvido sem a utilização da linguagem escrita, o que nenhum povo africano ( ao sul do Saará) teve até à actualidade. Será consequência das colonizações pós 1500 ?
Independentemente do juízo de regimes políticos.
Em relação ao Macua de Moçambique, aproveito para divulgar que, em Junho passado, ultrapassou pela primeira vez o meio milhão de visitantes.
Posted by: Fernando Gil | 08-07-2004 at 20:54
João, seus apartes são fundamentais para o entendimento do contexto em que aconteceram os fatos na época dos anos sessenta.E é claro que há que respeitar a divergência de opiniões e até tentar compreender as razões das diferenças de ponto de vista!
Cada momento da história deve ser entendido dentro da época.
Como me disse o Padre moçambicano Eduardo Bravo, que conheci em Uberaba, Brasil, os tempos coloniais não podem ser analisados fora do contexto do tempo, e a garantia da identidade de Moçambique,tem relação direta com as referências próprias da sua «história» como colônia portuguesa e como país de expressão portuguesa.
"Outros caminhos para aquele país poderiam até justificar a mudança das atuais fronteiras moçambicanas", comentou o Padre Eduardo.
É por este motivo que é importante e de aplaudir os sistemáticos e amplos registos que o MACUA vem fazendo há largos anos. São referências para que os que pretendem apoiar Moçambique no presente e no futuro. Não as podemos ignorar.Neste aspeto o "saudosismo" tem até a sua vantagem.Só o forte sentimento pelas recordações, move o esforço voluntário dos que criaram páginas na Internet para organizar os registros históricos. O MACUA, por exemplo, tem informações raras sobre a literatura e a cultura moçambicana.
E depois, é também verdade que um "homem velho", é uma biblioteca viva , um valioso acervo, que há que respeitar e preservar. Mas atenção, não estou chamandoa qui, ninguém de velho!É apenas uma expressão.
Não há nada como voltar para trás e ler os testemunhos daqueles que viram as coisas acontecer.
Falo estas coisas, João Simas e Fernando Gil,não apenas para os dois amigos, mas porque imagino que a maioria dos participantes neste espaço, pouco conhecem da África de expressão portuguesa! Contudo, este é um princípio que é aplicável para outros países, como Portugal, Brasil. "Não há nada como voltar para trás e ler os testemunhos ..."
Lusofonia, intercâmbios, relação entre povos, exige de nós o pequeno esforço de estudarmos , falarmos, revelarmos e ouvirmos todos.
Vamos dialogar sempre.Gostaria muito que outros participantes deste espaço de dialogo
participassem nas conversas sobre África!
Saudações,
Margarida
Posted by: Margarida Castro | 07-07-2004 at 20:29
São frases retiradas do contexto e em que se extrapola a partir de interpretações. Basta ver as datas.
E para se perceber melhor devia-se ver o que era o mundo e Portugal e colónias em 1974/1975 e as forças em presença.
Portugal vivia até 1974 numa ditaduracolonialista e isolacionista. Por exemplo, na ONU era frequente serem votadas resoluções em que Portugal só contava com os votos da África do Sul (regime de apartheid), Rodésia (independência branca), Espanha (ditadura de Franco), por vezes os EUA e a Grã-Bretanha ou até o Brasil.
Em 1974 o exército português enfrentava três guerras coloniais em Angola, Moçambique e Guiné.Por lá passaram ao longo de 13 anos cerca de um milhão de militares (proporcionalmente muito mais do que americanos no Vietname). Portugal era economica e tecnologicamente o país mais atrasado da Europa (incluindo a Europa de Leste). A população portuguesa decrescia não porque não nascessem crianças (era dos países com maior taxa de natalidade da Europa) mas porque emigravam. Só Paris chegou a ter cerca de 800000 portugueses, muitos deles a viverem em bidonvilles (favelas), como Champigny, por exemplo.
A taxa de analfabetismo rondava os 40% (nas colónias era o dobro ou mais). A indústria e a agricultura viviam de salários baixos.
A ditadura usava instrumentos de repressão poderosos, sobretudo a polícia política (PIDE/DGS) e a censura.
Entretanto as colónias também era objecto de cobiça pelas suas riquezas naturais e por questões estratégicas. Não podemos esquecer que o mundo era bipolar e objecto de manipulação por duas superpotências: a URSS e os EUA, com os respectivos aliados. A NATO apoiava discretamente a guerra colonial, os EUA, por exemplo em Angola apoiaram sucessivamente a FNLA e a UNITA e ao mesmo tempo o governo português, a URSS apoiava o MPLA e a FRELIMO o que também acontecia com a China.A África do Sul estava atenta
Com o 25 de Abril de 1974 a caldeira rebentou. E os acontecimentos precipitaram-se rapidamente.
Spínola ainda tentou uma solução neo-colonial, um regime federal. As opções tomadas pela esquerda eram pela independência.
Entretanto todos os dias havia mudanças, manifestações por todo o lado. Gritava-se na rua (sobretudo a extrema-esquerda) "Nem mais um soldado para as colónias". Os soldados recusavam-se a combater e conviviam com o inimigo da véspera. Os oficiais do MFA (oficiais de média patente que fizeram o 25 de Abril) politizavam-se e radicalizavam-se e já quase ninguém obedecia à hierarquia. Os boatos sucediam-se todos os dias. Elementos da extrema-direita punham bombas nas sedes dos partidos comunista e socialista. Nas colónias as posições extremavam-se
As outras potências interessadas começaram a mexer-se. Quando se começou a negociar as independências já o governo português (juntamente com oficiais do MFA) não tinha quase autoridade nenhuma.
É um facto que a descolonização correu mal.Deveria certamente ter sido preparada ao longo de anos, nomeadamente com a formação de quadros para garantir uma transição eficaz e calma. Não o foi devido à intransigência do anterior regime.
Mas como é que podia negociar perante tanta pressão e tanto facto consumado?
João Simas
Évora
PS. Quanto às fazendas em Moçambique o actual governo moçambicano está a oferecer terras a agricultores modernos. Os grandes fazendeiros do Zimbabwe estão e emigrar em massa para Moçambique e a obter sucesso. Era já tempo de alguns portugueses, em vez de chorarem o passado, fazerem o mesmo que esses fazendeiros de origem inglesa que certamente têm mais dificuldade em compreender a cultura moçambicana do que os portugueses.São benvindos.
Posted by: João Simas | 07-07-2004 at 20:20
RESPOSTA a j. tomás oliveira - Hoje e só hoje dia 29.06.04, acedi ao vosso "Grito de Esperança" - Mário Soares e Almeida Sanros SEMPRE MENTIRAM - ao qual me associo de corpo e alma - Agora para si, sr. tomás oliveira (desculpe a letra pequena mas já lhe dou o título de "sr"...)Como diz e bem no seu comentário só está ligado a Moçambique por motivos "particulares e geológicos" e poucos anos lá esteve, quasi que me atrevo a dizer, sem me enganar, que o meu "amigo" - desculpe por o tratar de "amigo" - como ía dizendo, só lá esteve depois da Independência daquele País e consequentemente após o " 25 de abril " SEMPRE? Talvez seja esta a palavra que mais lhe deve AGRADAR... Mas olhe que a mim e a muitos PORTUGUESES, não! Portanto, neste pressuposto, o meu "amigo" - e lá estou eu com o o amigo - Só se interessou por aquele País depois de ter as "costas" quentes. O meu "amigo" NUNCA sentiu no corpo e na alma toda uma VIDA dedicada a um País que, para muitos era já a sua PÁTRIA... Posto isto e atendendo que, considero o meu "amigo" minimamente inteligente, não vou acrescentar mais nenhuma palavra!!!!
Irene Maria (com letra grande)
Posted by: Irene Maria Costa | 29-06-2004 at 15:18
O GENTE PAREM PAREM TODOS DE UMA VEZ POR TODAS PAREM COM AS DEVIDAS DESCULPAS APANHEM JUIZO NAO OUVE NENHUMA GERRA COLONIAL, AONDE E QUE OUVE UMA GERRA CULUNIAL? FOI VISTA POR AI ALGUMA EM ALGUM LADO? E ISSO? O QUE HOUVE FOI UM PROGRAMA ASSIM TIPO OS QUE FAZEM CUNCURSOS DA GERRA DO GALO E UNS VADIOS DIVERTIRENSE ASSACINANDO PORTUGUESES SEUS PATRIOTAS PARA SE BELO REGALO. COMECEM A VER AS COISAS COM OLHOS DE VER E DEIXEM LA A MUSICA QUE VOS ENFIARAM VEJAM ISTO: www.cabinda.net/rosacoutinhoFDP.html ESTA COMEÇA A ESTAR NA ORA DE FAZER A ELES O MESMO QUE FIZERAM A NOS AGORA QUE SABEMOS QUE NÃO OUVE GUERRA EU SEMPRE SOUBE ISTO, ATE CONHEÇO UMA EXPREÇAO QUE DIZIA: FORAM OS PRETOS QUE MATARAM OS PORTUGUESES E DISSERAM AS MULHERES PRETAS, NÃO QUEM MATOU FORAM OS BRANCO, E VIRAMSE AS MULHERES PORTUGUESAS OS MILITARES!!!!!!!!!...... TEMOS DE NOS AGRUPAR TODOS SABE-SE LA VESTIDOS COM O QUE E TERMINARMOS COM ISTO. EU ALINHO, E QUERO VOLTAR PARA A MINHA TERRA POIS SOU DE ANGOLA. DEVIRTAMOS-NOS NOS TAMBEM. Não se esqueçam de colher mais matéria e ver isto em: www.cabinda.net/rosacoutinhoFDP.html
Posted by: Carlos Magno Fidalgo | 28-06-2004 at 15:01
Querem mesmo saber? Acho que o maior erro de Mocambique foi ter parado de ser uma colonia portuguesa...
Ate mais...
Posted by: eu | 28-06-2004 at 12:41
Nenhum! Esses nomes (Mário Soares e Almeida Santos)serão sempre traidores de Portugal e a história não vai perdoar.Existem criminosos que mandam matar a tiros de metralhadora, ou com as baionetas, mas estes com a lingua conseguiram fazer mais mortes.Imaginem só os naturais que morrem de fome e sem assistencia médica depois que os portugueses saíram do ultramar o que nunca se verificou enquanto lá estivemos.
Posted by: Omuge | 27-06-2004 at 23:58
Regime antes do assalto ao Ouro do Banco de Portugal no dia 25 de Abril de 1974? Não. Não havia nenhum regime antes de essa data vejam a historia de Portugal e esta sim lá a dizer que contrataram uma pessoa para gerir os bens dos Portugueses essa pessoa ate nem queria ela o Sr. Dr. Oliveira Salazar. Agora o que aconteceu isso sim foi a equipa de tal pessoa verificar como veio a acontecer que o Mário Suares não reunia as qualidades mínimas aceitáveis para trabalhar para os Portugueses (função publica gestão dos nossos bens do estado) porque neste estado a diferença de muitos outros os cidadão são proprietários das mais diversas empresas assim tipo correios, saúde, segurança, comunicação etc., etc. já e uma herança que nos deixaram os nossos avos e chama-se (sociedade SOCIO-DA-CIDADE) nela na cidade cuidamos de tudo referem-te ao Pais (províncias, estritos, conselhos, cidades, cidades, Freguesias, Aldeias, Quintas....) Ora lá o tal Mário Suares e filho dom tal tipo que era Padre (nota em muitos casos as famílias pobres nas cidades por não terem terras para a sua subsistência os filhos destes iam eram mandados pela sanita abaixo ou então cresciam e depois devido a mísera ia para padres e governavam-se das esmolas dos paroquianos) seguindo aconteceu que o pais do Mário Suares foi expulso da Igreja "HO MAS QUE DESGRAÇA QUE AGORA JA NEM TENHO ESMOLAS PARA CUMER" o tipo que (a gente muito ingrata) ainda o ajudou foi o senhor DR Oliveira Salazar ou dar-lhe emprego na função publica creio que foi num tribunal o que veio acontece? Vadio dá-se mal em todo o lado fez asneira no local de trabalho e claro a consequência disso DESPEDIMENTO. Foram para a guarda sabe-se lá com que dinheiro (terão mexido nos processos lá do tribunal??? E recebido luvas dos criminosos como pagamento????) Pelos visto mais uma vez o filho do tal pobre da com os burros na agua ao ser detectado que avia uma maneira de ganhar dinheiro nesta escola XULOS e Prostituição no colégio destes. Após o problema após o problema os mesmos foram otracisados lá na guarda e mais uma vez outro caso de prostituição com estes metidos no caso ao que se veio a apurar (e ainda estava e esta a ser investigado) que o Mário Suares tinha roubado informação referente a segredo de investigação de justiça lá no Tribunal da Boa Ora Pelos vistos o tal Mário juntou os seus Amigos Xulos ou Clientes e decidiram roubar no estado Português (há matéria que aqui se vai juntando juntem-na vocês também) e então o tal filho da tal senhora que tinha ido para padre não vai de modas e assalta também o ouro do banco de Portugal e andavam por ai uns vagabundos a roubar mais coisas no estado Português pelos visto ou se encontraram todos e planearam tudo junto. Agora nos o que temos que fazer e conversar na Internet uns com os outros trocar ideias e informação juntar os dados e fazer contas a brincadeira dos meninos Eu pela posição que me concerne tenho um compromisso de honra para com os militares que foram assassinados numa ou numas das nossas províncias e verifico que na província da Estremadura também deixaram rasto ao assinarem lá o Tal Sá Carneiro a gente contrata-os através das propostas de trabalho deles (campanha eleitoral) também cuida da segurança dos nossos empregados na vá que intimidem alguns dizendo que fazem o mesmo que fizeram ao tal. No que refere a uma das províncias quero que dêem uma vista de olhos nesta matéria que já colhemos: www.cabinda.net/rosacoutinhoFDP.html
Posted by: Carlos Magno Fidalgo | 27-06-2004 at 18:22
Gente Eu sou o Imperador (Rei) Português ousam o que vos digo é uma ordem minha FICAM PROIBIDOS DE ACEITAR INDEMENIZAÇOES SOBRE O QUE QUER QUE SEJA AS PRPRIEDADES SAO DO REI E AS POCES SÃO DO SEU POVO (MEU POVO) O caso as províncias para Alem do Tejo ULTRAMAR são caso de policia o assunto que se lá passou o que vender (aceitando dinheiro sobre a venda do estado Português será julgado por traição a Pátria) espero sim que colheis matéria sobre factos e documentos para juntar Provas para Julgamento dos arguidos Portugueses que geraram aquela confusão para lhes fazer-mos as devidas contas em TRIBUNAL Lembrem-se que o Rei (imperador) e vosso amigo e que este ama o seu povo portanto vejam as coisas sobe este prisma (que e o que eu uso) LUCALIZAR O ALVO (inimigo) E ABATER Ordeno vos que tragam o assunto SUB-MIRA JUDICIAL e que o lema é todos nos somos bons investigadores e todo o povo (100%) se vai dedicar unicamente a investigar após isto alguns de nos retirar-nos-emos para fazer o julgamento em TRIBUNAL e nesse dia toda a População deste nosso império será JUIZ.
Eu e minha família pessoalmente também estamos num caso que já rodou em tribunal referente a roubo de material de GUERRA (jipes) já me cheirou que a matéria para roubo de material bélico (armas) no nosso/vosso estado Português
Recomendo que não dêem ouvidos a difamações e insultos referentes a paternidade de quem pois os tais filhos da senhora também andam por ai embora já com pouco espaço de manobra graças a este precioso meu de comunicação. E os Tais tem como habito insultar/difamar pintar o diabo na pobre esperança de que perante tal comportamento (dos tais) os evitemos e não lhes peçamos contas pelo sucedido que tenhamos detectado.
Táctica nº 1 do vosso REI:
O rei verificara os caos que houver e a mim cabe decidir sobre algum perdão REAL que entenda atribuir o Trunfo forte para o bem de todos e vocês não se esqueçam de amar a vossa pátria pois ela e cuida do nosso povo
E lembrem-se:
O d’ele Rei, As armas as armas, Agarra ai que e ladrão.
Logo Logo estaremos sim cada um nas nossas devidas propriedade e os que não forem vivos estarão lá os seus herdeiros. Construiremos Segurança (Policia, GNR, Policia Judiciaria, PIDE, Tribunais) e temos tecnologia para tomar conta da propriedade de nos todos (estado) ferro, cobre, petróleo, ouro, urânio, areia; disto podemos fazer computadores para vigilância electrónica, armas, (naves: aéreas, marítimas, terrestres) marodremos e energia para alimentar isto tudo quanto as dores não tem problema o urânio esta em Portugal e a Europa esta lá para onde vai o vento.
Terminado e um abraço a todos
Há curioso a dias encontrei na Internet como se faz a bomba atómica já passei ate para ai para uma data de cibernautas e tudo.
Posted by: Carlos Magno Fidalgo | 27-06-2004 at 17:00
Exmo. Senhor
Se se der ao trabalho de visitar
http://www.macua.com/temp/videos74.html
poderá ouvir Mario Soares, ao lado de Álvaro Cunhal, dizer:
"Não queremos naturalmente abandonar os portugueses que estão em Angola, Moçambique ou no Estado da Guiné Bissau. Queremos defendê-los, queremos defender as suas vidas, queremos defender os seus haveres legítimamente constituídos, mas é exactamente para os defender que nós temos que negociar e acabar com a guerra."
Indo a
http://www.macua.com/documentos/fimimperiosic.html
poderá ouvir o Dr. Mário Soares dizer em 1999:
" ...Tratando as coisas da descolonização, como tratei, sem que ninguém me encarregasse de tratar delas. Eu é que me apoderei desse pelouro, se quizer, em competição com o General Spínola( o que me deu alguns dissabores no relacionamento com o General Spínola) que tinha lá as suas ideias, que eram diferentes das minhas claramente e em competição com a chamada Comissão Coordenadora do MFA que também tinha a sua política colonial diferente da minha."
Porque não esperou Mário Soares que o Governo e o MFA se entendessem e definissem a política a seguir e se "apoderou desse pelouro"? Terá sido para "defender os haveres legítimamente constituidos" pelos portugueses no ex-Ultramar?
Tudo, pois, confirma que já estaria hipotecado a uma solução pré-determinada e acordada. Por isso a "competição". Poderia alguém de bom senso algum dia imaginar que a tarefa da Descolonização virasse "competição". Certamente "competição" para que fosse cumprida a "competição" acordada em Paris.
Então mentiu ou não mentiu Mário Soares aos portugueses de lá e de cá, de todas raças e credos?
Porque não diz Mário Soares quais os nomes dos que na reunião de S.Paulo rasgaram os seus cartões porque não concordaram com a "descolonização" por si proposta e imposta? O que inibirá os restantes presentes( um que seja) de dizerem o que na realidade ali se passou?
E custa-me a crer que Almeida Santos não estivesse a par destes desenvolvimentos.
Em relação ao seu P.S.: já respondi por várias vezes que a melhor resposta era e é falar com os próprios em Moçambique. Aliás, porque pede insistentemente o Governo de Moçambique ao Sul Africano o aumento de quotas de trabalhadores para as minas?
Na busca da verdade e do esclarecimento possível.
Sempre ao dispor
Fernando Gil
Posted by: Fernando Gil | 27-06-2004 at 12:30
O seu texto inicial parte de afirmações ofensivas "Mário Soares e Almeida Santos sempre mentiram". Não me compete a mim defendê-los nem tenho especial simpatia por nenhum deles. Mas ao apresentar uma visão idílica das fazendas, seguida da "traição " de quem esteve no poder após o 25 de Abril, convenhamos que é uma conversa bastante redutora da realidade.
Não estou disposto a entrar no discurso de que uns são santos e outros o diabo.
Pelo que me toca não estive em Moçambique antes do 25 de Abril; tinha 17 anos. Mas procuro informar-me e conheço muita gente que me relata situações. Certamente o senhor também não esteve em todo o lado em relação aos assuntos de que fala. Talvez chame mentirosos a Mário Soares e Almeida Santos porque os conhece pessoalmente. Ou não?
Ou será que isso serve de desculpa em relação a muita coisa que outros teriam obrigação de fazer e não fizeram?
Mas eu, se antes do 25 de Abril tivesse mais alguns anos certamente só iria a Moçambique fazer o serviço militar lá se não tivesse possibilidade de ir clandestinamente para outro país. Porque não sentia qualquer vontade de defender as grandes companhias que tinham lucros fabulosos num país e numa colónia onde não havia qualquer espécie de liberdade.
Morrer ou matar ou ficar estropiado para defender interesses alheios e continuar (se escapasse) num país bloqueado e miserável?
Foi sobretudo por isso que se fez o 25 de Abril.
Sempre ao seu dispor
João Simas
PS. As perguntas sobre a realidade social e política (liberdades, direitos ...) dos trabalhadores moçambicanos continuam sem resposta.
Posted by: João Simas | 27-06-2004 at 12:26
Caro Senhor(João Simas)
Já a outras pessoas tenho dito que Moçambique não nasceu no dia da Independência. Simplesmente mudou de estado. Tal qual alguém que se casa e muda de estado, só que com a aquisição de outras responsabilidades. Só que se quiz matar o "solteiro" e fazer nascer o "casado", sem o necessário e aconselhável tempo de gestação. O personagem é o mesmo.
E deu no que deu.
Volto a convidá-lo a ir ao local das tais "fazendas coloniais" e a falar com o povo.
Não quero dizer que tudo estivesse bem. Só que estava muito melhor. Mais, ninguém estava contra uma independência para "todos". Como o não foi, "naturalmente" seguiu-se-lhe uma guerra civil ainda mais mortífera que a chamada "colonial".
Evidentemente que já li o livro de Dalila Cabrita Mateus. Tem inexactidões apesar dos documentos que justificam os factos. E é fácil de entender: Se os relatórios da Pide são falaciosos para certos factos, porque o não são para outros. Quem determina os factualmente correctos? É que ainda há muita gente viva que, no local, assistiu aos factos. Quem estiver realmente interessado na verdade que os procure. Lá e cá!
Tudo estava combinado, fora de portas, para que tudo assim acontecesse.
Ou era naquela altura ou mais tarde já tudo seria diferente, pois a Russia estava a finar-se...
Mas não nos chegou a informar se alguma vez esteve no ex-Ultramar e, se sim, em que condições.
Mas em relação ao livro de Dalila Mateus, transcrevo, e o seu autor ainda está felizmente vivo, de "Moçambique, a escalada do terror" de Inácio de Passos, editado em 1977, sobre Wiriamu, o seguinte trecho:
.................
Como o comandante Machava, não representava nenhuma corrente política e ainda possuía em comum com ele o desejo de preservar a ordem social e barrar a evolução de Moçambique para o liberalismo e para a anarquia. Tanto um como outro declinavam a ocupação de papéis de executantes da verdadeira justiça que ambicionavam para Moçambique, e aguardavam com ansiedade o momento que lhes proporcionasse, como em 1964, colocaram-se inteiramente ao dispor do seu país, integrando-se sob o verdadeiro mando do povo.
Com ele falei sobre a Fumo. Com ele discuti, e nem sempre estávamos de acordo, sobre a Rádio África Livre. De tudo quanto lhe contava guardava segredo, pois sabia que o seu silêncio não era traição ao seu povo, pois traição às massas e ao Partido era o procedimento e as ideias dos actuais dirigentes. Mas também por ele tomei conhecimento de factos que sei que até hoje não foram por ninguém revelados.
Quem dirigiu os militares portugueses a Wiriamu, ao «massacre» que serviu de ponta de lança à propaganda anti-portuguesa, encetada com sucesso pelo padre Hastings?
Quem os guiou num pequeno «VolksWagen», protegido por aperradas armas até ao acesso da picada e os acompanhou até ao local?
Quem assassinou, após o 25 de Abril, o seu serviçal, conhecedor do seu segredo, para que a sua criminosa atitude não fosse divulgada aos dirigentes da Frelimo?
O seu nome é Raul Frechaud Fernandes, primo carnal de Sérgio Vieira, um dos homens que dirige e automatiza Samora Moisés Machel.
— Mas a Frelimo não sabe isso? — interroguei-o.
— Eu próprio informei o comandante José Moiane e ele como comandante provincial não procedeu. O velho afirmou que atitudes antigas eram para esquecer. Eu creio que ele não quer tocar na família de Sérgio Vieira... — respondeu-me.
Raul Frechaud Fernandes, mestiço asiático, é dirigente do Departamento Distrital da Frelimo de Informação e Propaganda. Mas apenas ocupa esse cargo após a Independência. Possuía uma pequena cantina comercial de onde o povo de Wiriamu se abastecia. Desse povo veio a adquirir os meios de fortuna que hoje possui, pois lhe furtava o gado que vendia a militares portugueses em candonga.
Colaborou no assassinato do povo moçambicano que mais intimamente lhe esteve ligado mas hoje é um dos dirigentes do Partido. O povo, porém, sabe que os seus inimigos de ontem são os de hoje. São seus inimigos desde que as teorias e as atitudes do dr. Eduardo Mondlane foram silenciadas pelo deflagrar de um livro armadilhado.
.....................
Compare e diga-me se é possível concluir da "verdade" só pelo que está no livro.
Mas ainda pergunto:
Quem, por trás de Raul Fernandes, enganou a tropa portuguesa sobre a realidade de Wiriamu e com que fins? Claro que isto não desculpabiliza o que se passou.
Sempre ao dispor
Fernando Gil
Posted by: Fernando Gil | 26-06-2004 at 17:05
João,
Também aconselho a quem se interessa pela situação colonial, a ler um livro recentemente publicado pela editora Terramar: A PIDE/DGS na
guerra colonial 1961-1974, de Dalila Cabrita Mateus (corresponde a uma tese de doutoramento).
Eu ouvi a entrevista da autora sobre este livro.
Como eu disse anteriormente, o regime ditatorial, teve várias consequências negativas, entre as quais a falta de informação. Os cidadãos trabalhavam, trabalhavam, fosse qual a etnia dos
trabalhadores, e na maioria dos caso pouco sabia sobre as ações da PIDE. E daí a visão falsa ou romantica da realidade da época.
É por esse desconhecimento, e porque haviam mágoas em relação à conivência, por vezes involuntária,da etnia branca em relação às
prepotências/violências do regime português, que foi difícil a construção da independência, pós 25 de Abril, na harmonia com todos os grupo étnicos.
E essa mágoa acabou por ser manifestada por parte de todos os que se consideravam moçambicanos, mas que em determinada altura eram identificadoscom o colonizador.
O assunto volto a dizer é complexo, controverso e especialmente difícil para os que estavam presentes no terreno. E mais fácil de interpretar para os que estavam em outras latitudes.
Mas o que nos resta a todos é lermos mais para que se possa entender a história sem paixões, sem emoções, sem parcialismos, ainda que se diga que existem várias versões da história, entre as quais a que é contada pelos que nela participaram!
E realmente como o amigo disse, uma pergunta não é uma resposta, mas tem tanta pergunta que responde aos nossos questionamentos!
Sei que este assunto é desconhecido, por muitos dos que participam neste espaço. A lusofonia não é tão simples de entender, de praticar.
Só a EURO COPA 2004 tornou fácil o surgimento da afinidade entre os povos de língua portuguesa.
Mas há que estudar e conhecer mais os povos lusófonos!Estes diálogos nos ajudam (br.groups.yahoo.com/group/dialogos_lusofonos/)
E eu pergunto a todos:acompanham os debates, no Brasil, sobre asvárias alternativas na forma de comemorar a Independência do Brasil?
Um abraço,
Margarida
Posted by: Margarida Castro | 26-06-2004 at 17:00
As perguntas que fiz eram em relação à situação anterior à independência e não procuram justificar o que se passou em 75. Mas apresentar as enormes fazendas coloniais como um exemplo de progresso e paz social é uma falsificação grosseira da realidade.
Como é obvio uma pergunta não é uma resposta.
Aconselho vivamente a quem se interessa pela situação colonial a ler um livro recentemente publicado pela editora Terramar: A PIDE/DGS na guerra colonial 1961-1974, de Dalila Cabrita Mateus (corresponde a uma tese de doutoramento).
Neste livro, entre muitas informações, é referido o trabalho compulsivo de dezenas de milhares de trabalhadores moçambicanos nas fazendas de Moçambique ou nas minas da África do Sul. Ao mínimo sinal de desobediência eram presos, torturados e facilmente "desapareciam". Como a maioria não possuía bilhete de identidade e a censura era implacável tornava-se difícil denunciar a situação. Mesmo assim e, com inúmeras dificuldades, houve quem o fizesse.
Abraços
João Simas
Posted by: João Simas | 26-06-2004 at 16:55
Amigos,
Entender o que significou a independência dos países africanos para os povos, saber como eram esses países no tempo colonial, e termos informações sobre o como é agora, comparar o antes com o presente, acredito que é complexo e que a comparação não é possível.
Simplesmente, foi um tempo que passou e que poderia ter evoluído melhor, se Portugal não tivesse nas décadas de 40,50, 60 e início de 70, um regime político ditatorial que isolou este País do mundo e da história moderna.
Não sei, pois, se responder às perguntas do João Simas, vai justificar a construção de argumentos, que valorizem ou condenem a situação de Moçambique depois de 1975.
Simplesmente, é um fato que a Independência tinha que acontecer, e ocorreu já tarde! Mas teve um preço alto, dirão alguns.
Os que foram obrigados a sair de África, em 1974, passando a residir em Portugal, ou noutros países, perderam seus bens. E toda uma história de vida.
Mas em Portugal, a maioria, integrou-se bem. E recebeu apoios.Já os que ficaram em África, perderam tudo nas guerras em que estes
países mergulharam!Todos pagaram alto pela mudança, mas para os ex- colonizados a esperança ficou mais forte.
Por outro lado, o que todos nós criticamos na África atual, é a corrupção. Ora o que ameaça a construção da independência, da autonomia, da cidadania desses povos ex-colonizados é a
burguesia africana que se tem revelado ambiciosa, sem ética, corrupta, poderosa e, na maioria, sem compromisso com os seus concidadãos.
Portanto o assunto descolonização é polêmico e difícil!
Eu não sei quem mentiu mais a respeito! Porque os interesses internacionais eram grandes, e Portugal nada mais podia impor, e tinha contra seu Governo a maioria do Ocidente. O sistema colonial não era mais aceite.Acompanhem quais são as potências que estão presentes em Angola, Moçambique agora ?!
Outro aspeto a conhecer, é que do ponto de vista dos ex-colonizados, as independências jurídicas foram grandes conquistas, que custaram muitas vidas e deixaram traumas. Mas supõe-se que elas
representam apenas a primeira fase da independência total, que se fará,entre outras formas, pela invenção de modelos políticos adequados às suas estruturas sociais e às suas realidades nacionais e regionais e pela conquista de igualdade no estabelecimento dos mecanismos que
regulam as relações internacionais, ou seja, no estabelecimento daquilo que os políticos e os especialistas de relações internacionais
costumam chamar de "nova ordem internacional".
Para entender mais este processo do nascimento de um país, é só conhecer a história de países que conseguiram suas independência nos últimos 200 anos.
Penso que deviamos falar mais, neste fórum, sobre o como esperar das nossas sociedades uma maior participação na vida ativa do país, na defesa das prioridades e na construção da consciência da cidadania.
Margarida
Posted by: Margarida Castro | 26-06-2004 at 16:51
Quem escreveu isto pode responder a simples questões:
-Como foi adquirida a propriedade de 40000 ha? O que foi feito da população que lá vivia antes?
- Quanto ganhava um trabalhador nessa fazenda em Moçambique?
- O que poderiam comprar com esse salário?
- Esses trabalhadores trabalhavam de livre vontade ou tinha sido contratados e deslocados? (Os contratados eram "indígenas" obrigados a trabalhar para o Estado ou empresas com salários fixados por estas).
- Quantos médicos por mil habitantes havia aí?
- Taxa de analfabetismo?
....
- Tinham os mesmos direitos que os brancos? (sabendo que também os portugueses não tinham direito à liberdade de opinião, associação, etc. etc.
E já agora acha que dezenas de milhares de jovens deveriam continuar a fazer a guerra nas colónias (em média 4 anos de serviço militar) para proteger essas companhias e voltar a Portugal para o desemprego ou emigrar a seguir?
João Simas(15.06.2004)
Posted by: João Simas | 26-06-2004 at 16:43
A minha resposta ao comentário anterior:
Caro amigo
Peço desculpa mas há da sua parte uma desinformação que não é de admirar.
Moçambique não nasceu no dia da sua independência. Já existia. Mudou foi de estado e em causa (para os que lá nesceram ou viviam) nunca esteve ser um país independente.
Tal qual alguém solteiro e que em determinado dia se casa. Não deixa de ser a mesma pessoa, só que com outras responsabilidades.
Mais quero esclarecer que os chamados "espoliados" portugueses nada estão a pedir a Moçambique, Angola, ou aos restantes novos países.
É apenas uma questão entre portugueses e o seu governo, até porque todos os restantes países que colonizaram já o fizeram.
Inclusivé com bens situados em Moçambique. Conto um dos casos: -o governo italiano na sua lei de indemnizações(por simples processo administrativo) já pagou há vários anos a um seu cidadão o que deixou em Moçambique na percentagem corresponde à sua parte, mas como a esposa era portuguesa, a parte correspondente a esta senhora não foi considerada. Isto porque a lei italiana não restringe a indemnização por bens nacionalizados aos seus ex-territórios.
Apenas protege os seus cidadãos...
Ninguém pretende retirar-vos das casas que "ocuparam" por ordem do Governo moçambicano, na sua legítima função governativa.
Espero ter conseguido deitar luz sobre os aspectos referidos e que fazem parte da HISTÓRIA de Moçambique e de Portugal.
Um abraço e disponham sempre
Fernando Gil
Posted by: Fernando Gil | 19-06-2004 at 23:15
Comentário colocado noutro local da net:
Senhor gil este é um forum de njovens onde se trocam ideias por um pais melhor e nao um um forum de saudosistas do colonialismo. nao nos traga confusao se faz favor.voces nao foram espoliados sairam porque nao aceitavam ser governados por pretos promoveram a sabotagem economica descapitalizando fabricas destruindo areas de cultivo,dai que a frelimo decretou o celebre 24/20,ou seja,24 horas para sair com apenas 20kg para nao levarem consigo pecas de maquinas e alfaias agricolas.na minha recente estadia em lisboa conheci alguns mocambicanos como o senhor que estao preucupados com os previlegios por vos auferidos a custa do suor e sangue do povo e rezam a todo custo que um certo partido que o seu derigente auto intitula-se de pai da democracia ganhe as eleicoes para vos devolver o que voces acham ser vosso.tirem o cavalo da chuva meus amigos e bom que fiquem por ai porque isso nao vai acontecer,o pais e outro nos jovens jamais aceitaremos isso.se for necessario decretaremos um 24/0,24 horas e com a roupa do corpo .e bom ficarem ai nas redondezas do autodromo do estoril bebendo sagres que faz bem a saude e refresca utopias.
escreva coisas interessantes como o da integracao regional que muito apreciei.um abraco de um patriota que esta disposto a morrer pela sua causa.
muzila nhatsave
Posted by: Muzila Nhatsave | 19-06-2004 at 23:09
Recebido de um ex-residente na Beira-Moçambique:
Mário Soares e Almeida Santos sempre mentiram:
Gostei do que acabei de ler e conheci, em 1968/1969 a empresa Monteiro & Giro e a sua actividades na Zambézia.
Ainda em Portugal não se sonhava com as grandes superfícies já em Quelimana existia uma a funcionar não só no espaço como na alta tecnologia. Fui a Quelimane durante a FAEZ para sonorizar o espaço. Quelimane era um espaço de amizade, multirracial onde todos viviam na mais perfeita harmonia. Guardo boas recordações dessa maravilhosa cidade e das gentes que ali fui encontrar. Igual a Quelimane outra terra não havia, em Moçambique, em beleza e hospitalidade.
Abraços de Bangkok
José Gomes Martins
PORTUGALCLUB// A pedra no Sapato dos Traidores da Pátrias Mário Soares foi o Capitão.
Posted by: Fernando Gil | 18-06-2004 at 23:35
Caros amigos
Já fiz chegar os vários comentários ao autor do citado artigo, pois não possui ligação por internet, e aguardo se pronuncie.
Pela minha parte, não sabendo se o Sr. João Simas conhece ou não Moçambique (do Rovuma ao Maputo)e o seu povo, apenas lhe sujeria que
se deslocasse à Zambézia (região em causa)e perguntasse directamente aos seus habitantes("algumas" destas cerca de 14300 pessoas, ainda
devem estar vivas) as informações que pretende conhecer. E ainda sujiro que leve uma calculadora para um mais rápido cálculo de
actualização e correcção monetária, bem como de outros dados estatísticos.
Igualmente recomendo uma visita a
http://www.macua.com/niza/index.html
para melhor conhecer ou recordar aquela portentosa Zambézia.
Sempre ao dispor
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE
Posted by: Fernando Gil | 18-06-2004 at 23:31
Parabéns ao sr. João Maria Neves Pinto, Fernando Gil e Carlos Araújo pelos vossos escritos. Felizmente que vivemos em democracia e portanto podemos exprimir livremente, o que nos vai na alma sem qaisquer constrangimento.Quem não gostar só tem de respeitar as ideias dos outros. Sem quaisquer espécie de saudosismo retrógrado, na realidade os únicos que poderão ter ganho com a descolonização vergonhosa das ex-províncias portuguesas, foram exatamente esses senhores, muitos deles na altura exilados e que não conheciam minimamente a vivência e o desenvolvimento que os moçâmbicanos( portugueses) estavam a proporcionar a essas terras. Como todos teriam ganho com uma independência bem pensada, bem preparada e dada em tempo certo.Pois nós portugueses que lá estávamos também a queríamos, porque achávamos que toda a riqueza lá produzida aí deveria continuar para um progresso e melhoria de vida cada vez maior de toda a população.Aliás,muitos portugueses venderam o que timham no seu país de origem, Portugal, para investirem nessas lindas terras, por também as sentirem suas e a elas estarem intrinsicamente ljgados por gerações. A história terá que julgar esses senhores que não permitiram que se formassem novos países modernos, independentes, multiraciais e democratas; em que o progresso não tivesse estacinado, de forma a que hoje todo o seu povo constituído por negros, brancos, mistos, indianos e de qualquer outra raça podessem viver bem e de mãos dadas.Muitou mais teria a dizer mas hoje fico por aqui.
Um grande abraço.
Vasco Branquinho Almeida
Posted by: Vasco Branquinho Almeida | 17-06-2004 at 00:09
PARABÉNS ao senhor João Maria Neves Pinto e OBRIGADO ao Fernando Gil.
Infelizmente textos destes são cada vez mais raros na nossa imprensa: ainda incomodam muita gente.
Claro que os retornados (como eu) sabem muito bem da veracidade deste testemunho e de outros ainda mais representativos dos dramas que se viveram e ainda se vivem em muitas cabeças, quer em Portugal quer nas ex-colónias. O que mais me aborrece é a tentativa de branqueamento dos crimes que se fizeram; as
desculpas "esfarrapadas" que se dão, as
justificações com os erros dos outros a redução da importância dos erros próprios, a justificação dos meios pelos fins alcançados (?)....
CHEGA!!! Logo já ninguém se lembra disto pois hoje há jogo - isso é que é importante..... Viva o futebol, esqueçamos o passado tomando uns Valliuns e uns Prozacs ou umas cervejas a mais; quem se lixou que se lixe, quem perdeu o trabalho de uma vida que se viesse embora antes (ninguém os mandou explorar os pretos - sem racismo, é só a expressão habitualmente utilizada).
E não se esqueçam que cada um tem a sua opinião, por isso o Mário Soares continua a falar da "descolonização exemplar". É livre e vive num país democrático; também eu e por isso é que escrevi o que me apeteceu.
Um abraço para os que tiverem o bom senso de respeitarem a minha opinião, para os outros..... lamento mas o problema é deles.
Carlos Araújo
Posted by: Carlos Araújo | 17-06-2004 at 00:07
Conheci o Lindolfo Monteiro nos anos1950/51,salvo erro, em Blantyre, então Niassalandia.
Quantos" Monteiros" foram espoliados,humilhados,roubados,expulsos pela camarilha chefiada por esses mafiosos de nomes Soares,Santos e companhia ilimitada. Pobre paiz faz de conta que não abre os olhos. Quem não sabe é como quem não vê.
Adelino Serras Pires
Posted by: Adelino Serras Pires | 17-06-2004 at 00:03
Se há algo que eu entendo é esta enorme dificuldade da parte de alguma s pessoas em entenderem que foram completamente burladas não por Màrio Soares e Almeida Santos mas sim por aqueles que durante 48 anos os burlaram diariamente - A Salazar, M Caetano, A Tomas e a clique que os acompanhou durante 48 anos...
Seria ridiculo imaginar que quem acreditou, anos a fio, que a propaganda do regime era justa e adequada pudesse vir a imaginar algo de horroroso que essa propaganda escondia - a destruição de 5 séculos de razão de vida de um país - a sua expansão pelo mundo.
O meu pai viveu metade da sua vida entre Moçambique e Angola e se não fosse republicano e antiregime não o teriam afastado de cargos que ele entendia ter direito, do ponto de vista da sua experiência e técnica e, provavelmente, teria morrido em Angola e não no Porto como morreui, em 1970, zangado com o mundo. Por ter vivido estes dramas da perca um pouco mais cedo que muitos de vocês entendo bem o que doi a perca. Mas a dor da perca não pode escamotear outras verdades.
Desde 1960 que era sabido que a Oposição Portuguesa, maioritariamente, era pela Independência das Colónias. Nesse maioritariamente cabiam, claro, Mario Soares, Alvaro Cunhal, e, também, entre outros Almeida Santos, que apoiaram e lideraram o Programa para a Democratização da República....
vale a pena recordar as mainifestações dos pró regime que acusavam Mário Soares precisamente de, traidor.
Entretanto, o regime caiu de podre. Os seus militares deixaram-nos, e mais, tiraram-lhes o tapete. Isto foi o 25 de Abril.
Antes tinham havido as eleições de 1969. Lembram-se? M Caetano teve aí a oportunidade de abrir o regime e se o tivesse feito teria encontrado uma outra situação internacional, como, se o tivesse feito teria encontrado nas colónias outra disponibilidade para outro tipo de diálogo com os movimentos de libertação.
Os próceres do regime não o quiseram e empurrando para a frente o corta fitas Tomás impediram o que era evidentemente necessário - um diálogo para uma Independência urgente para as excolónias.
Teria sido o momento adequado para o nascimento de uma CPLP.
Mas a teimosia humana era muita.
Ao lado, o mundo mudava e a URSS assumia a liderança do mesmo à medida que os EUA se atolavam na derrota que foi o Vietnam, ou que o preço do petroleo mostrava a força dos países da OPEP, ou que os Não Alinhados encostavam Portugal às cordas na ONU.
Sempre com a cegueira do regime, enquanto que nas Colónias Portuguesas se assistia a um boom económico e social nunca visto, o que verdadeiramente embebedava as pessoas que lá viviam. Esqueciam a Guiné e a derrota aí visível, para se alimentarem das vitórias em Angola e em Moçambique.
Só que a Guiné desgastava os centuriões do regime...e Spinola escreve o que escreve...Ao fazê-lo, general do regime que era, abriu a caixa de Pandora do regime e de lá saiu o MFA.
E Portugal passou a ter vários poderes - o Estado, ainda dominado por próceres do regime nas estruturas de topo, o Estado dos partidos da Oposição, o Estado/PCP, o Estado/MFA spinolista e o Estado/MFA "de esquerda".
Lembram-se?
Desta complexidade nasceram multiplas e conjunturais alianças e, todas elas perceberam depressa que a situação nas Colónias era incontrolável, pois de exército pouco restava, de autoridade ainda menos e a democracia inexistia ainda.
Todos deixaram cair as Colónias por impossibilidade de sustentação. Nelas dominava a URSS por responsabilidade da teimosia dos próceres do regime que raro entenderem a necessidade do diálogo.
A haver traição, então, pode-se e deve-se apontar o dedo aos que no regime impediram o avanço para a Democracia em 1969, entalaram M Caetano entre cordas, não o deixando fazer mais que as Conversas em Família!
A partir daí funcionaram somente as regras de uma mundialização que à época apontava para uma vitória mundial da URSS.
Anos depois, bem tarde, por influencia de Mário Soares, diga-se, nascia a CPLP, hoje ainda com um orçamento de uma Micro PME!
Hoje nas excolónias, com o findar da URSS, a abertura é outra, sóp que já temos, todos, mais uma pipa de anos...
Resta-nos ou viver o cansaço de uma zanga mal entendida, ou batalhar por uma CPLP a sério.
Nada mais,
Joffre Justino
Posted by: Joffre Justino | 17-06-2004 at 00:01
Caro Senhor
De um modo quase contínuo, tenho vindo a receber correspondência da sua parte, não sabendo bem o porquê da inclusão do meu nome na sua lista de endereços.
Eu também vivi em Moçambique, embora por poucos anos, e orgulho-me de manter com muitos moçambicanos, das mais variadas classes sociais, relações de amizade. A nível institucional tenho-me batido por uma mais forte cooperação com este país, a todos os níveis, em particular o dos recursos geológicos, ao qual estou profissionalmente ligado.
Esforço-me por compreender a sua desilusão em relação ao processo de descolonização, que não foi, de facto, exemplar. Não posso, contudo, concordar com o tom demasiado saudosista da sua prosa, assim como a da generalidade dos seus colaboradores.
É lugar comum dizer-se que o "tempo não volta para trás", mas todos deveremos tirar ilações dos acontecimentos do passado.
Penso que chegou o momento de que essas ilações se enquadrem em linhas de pensamento racionais e o mais despidas que possível de estados emocionais susceptíveis de conduzirem a distorções perniciosas.Desafio-o, a si e aos seus colaboradores, que assim procedam para o futuro.
Esclareço desde já que não estou interessado em participar em polémicas deslocadas no tempo, pelo que agradecia retirasse o meu nome da sua lista de endereços.
Com os meus cumprimentos
J. Tomás oliveira
Posted by: J. Tomás Oliveira | 16-06-2004 at 23:54