José de Vasconcellos e Sá
Licenciado em História e Filosofia
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CARTA ABERTA
Dr. Almeida Santos, o senhor é um homem inteligente. Então, porque é que, ás vezes, se comporta como um idiota? Será alguma das modalidades do direito à diferença? Como as do género do raciocínio dos homossexuais para moralizar a errada utilização de alguns órgãos do corpo? O senhor sabe, perfeitamente, que foi um dos classificados como espoliados que trouxe para Portugal toda a riqueza que conseguiu em Moçambique. A meu irmão, que trabalhou em Luanda, quase 40 anos, que foi o engenheiro da Barragem do Cambambe foram roubados todos os bens, incluindo duas moradias, os contentores em que vinham as mobílias desapareceram. E quantas centenas de milhar de outros portugueses regressaram para não ser mortos e com uma das mãos à frente e outra atrás? E tudo porquê? Por que o senhor e outros socialistas como Mário Soares e esquerdistas pensaram, exclusivamente, em salvaguardar os próprios bens e conquistar simpatias e apoios internacionais, se borrifaram para agir de maneira a minimizar as desgraças dos outros e a honrar o País. E longe de terem realizado a libertação dos povos, que não estavam sequer oprimidos, sujeitaram-nos a ditaduras implacáveis e entregaram-nos à voracidade do Comunismo Internacional. Milhares de crianças morrem todos os dias de fome e de frio, a Sida, ouvi nos Noticiários, ataca 70% da população de Angola. A mulher de José Eduardo dos Santos vai, no seu avião privado, ao cabeleireiro a Paris. E diz-se que o marido é um dos cidadãos mais ricos a nível mundial. Das três ou mais dezenas de processos para solucionar os problemas do Ultramar, sem quaisquer prejuízos para ambas as partes, o senhor c us seus capangas (numa carta que me escreveu chamou-lhes papagaios) optaram pela pior maneira. Os portugueses podiam e deviam ter lá permanecido embora em condições diferenciadas. A sua presença teria resolvido questões fundamentais, ter-se-ia impedido o regresso das doenças infecto-contagiosas que matam, actualmente, milhares de cidadãos. Angola, as estatísticas o afirmam, tem de momento cerca de 16 milhões de habitantes, precisa de cinco ou seis vezes mais. Portugal viveria melhor com menos quatro ou cinco milhões. Alguém já conseguiu ou tentou com um diálogo resolver as carências e os excessos populacionais? Ninguém!
Até que ponto será viável a acusação criminosa de responsabilizar os padrinhos da autodeterminação, tal como foi concebida e executada, de assassinos, de crápulas, de portugueses traidores, etc?
O senhor atreveu-se, há dias, a equiparar, na televisão, em ataque camuflado, o que o filia como membro do clube dos de mau carácter, Cavaco Silva a Salazar. Disse, textualmente, anda por aí um candidato a PR que despreza os partidos, que não lhes atribui importância. E sublinhou em tom sarcástico (já uma vez lhe pus a si o cognome de o "assassino da voz meiga") que "Salazar subscreveria estes juízos". O senhor não tem vergonha? Se quer injuriar Cavaco Silva faça-o com frontalidade, dê pureza às frases acusatórias, assuma-se como defensor de um velho prepotente, malcriado que nem sabe sentar-se à mesa por que leva a boca ao prato e não a colher à boca. Carlos Castro, o cronista social, no livro de que é autor, equiparou-o a um suíno a comer nas gamelas. E por amor de Deus, não relacione Salazar que foi um dos mais relevantes estadistas do século com os incompetentes que governam hoje Portugal e só têm enchido os bolsos. Salazar nunca o fez. Foi um administrador honesto, com visão medíocre mas nunca menosprezou Portugal, nem vexou fosse quem fosse. Nem invocou a falta de confiança política para proteger e nomear incompetentes atribuindo-lhes salários principescos imerecidos e reformas antecipadas escandalosas e obscenas com meia dúzia de anos nos cargos. A maioria dos trabalhadores exerce profissões de enorme responsabilidade e usufrui reformas de miséria após 35 e 40 anos de actividade. Os beneficiados são militantes do PS. Também chama a este esquema democracia?
A conclusão lógica e o senhor nem deve ter dado por isso, a critica que fez a Cavaco Silva, é um elogio. A Constituição prescreve que o PR é supra-partidário, não deve nem pode agir condicionado por ideais ideológicos. Logo, a expressão injuriosa utilizada de não ligar aos partidos, é a prova provada de que, se vencer as presidenciais, se comportará com isenção e recusará favorecer os tais papagaios que a si o aplaudem. O ódio aos valores autênticos, muitas vezes, provoca a hilariedade dos auditores. É o meu caso!
O que me irrita, Almeida Santos, é que o senhor se imagina democrata (o Socialismo nunca o foi) e se orgulha de dizer frases sem nexo para que os militantes do PS e alguns tolos continuem a acreditar que o Socialismo é capaz de descobrir soluções seja para o que for e que Mário Soares é um cidadão correcto. Pergunte à Nicole Fontaine, se faz favor.
Sabe, leia o livro de Gorbachov, ele afirma que o Socialismo ainda não triunfou por que não surgiu, por enquanto, o homem iluminado para o conseguir.
Sobre si, Almeida Santos, Gorbachov tem uma vantagem, não perde tempo a dizer mal de Salazar que morreu há mais de 30 anos, nem de Aníbal Cavaco Silva! E vive muito longe dos portugueses. Faça umas férias com ele, seja simpático para Portugal!
15.09.2005
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