A obediência maçónica Grande Oriente Lusitano (GOL) pretende criar uma estrutura própria de serviços secretos, que designa por “núcleo interno de ‘intelligence’”, indicam documentos a que a Agência Lusa teve acesso.
A proposta foi apresentada numa reunião da “Grande Dieta”, órgão que equivale à assembleia-geral do GOL a 21 de Março, e aprovada com 57 votos a favor e 21 contra.
O objectivo daquele “núcleo” é, segundo a acta da reunião, cumprir as “funções próprias daqueles organismos [de espionagem] no âmbito da defesa e prevenção”, refere a acta da reunião.
A Lusa contactou o GOL, por correio electrónico, para obter do grão-mestre da obediência, António Reis, detalhes da estrutura e os fins práticos a que se destina, mas ainda não obteve qualquer resposta.
Na mesma “dieta” foi igualmente aprovada - com 77 votos favoráveis e sete contra - a “contratação de equipas técnicas externas, para fornecimento de serviços de consultadoria e apoio efectivo ao grão-mestre e ao Conselho da Ordem nos domínios da segurança de pessoas, património e informação”.
Estas propostas foram apresentadas pelo presidente de uma comissão interna criada para determinar os autores de uma queixa apresentada no Departamento de Investigação e Acção penal (DIAP), em 13 de Novembro passado, contra o grão-mestre e os dois elementos que se lhe seguem na hierarquia da estrutura maçónica, António Justino Ribeiro e Fernando Manuel Lima Fernandes, e “desconhecidos”.
Acusações de burla qualificada, falsificação por funcionário, abuso de poder, gestão danosa e abuso de confiança são usadas contra António Reis e os outros dois dirigentes do GOL, facto que levou o próprio grão-mestre a emitir um comunicado a 20 de Novembro dirigido a todos os seus “irmãos” maçons.
Nesse texto, António Reis diz que os nomes dos queixosos que surgem na participação são os de Vasco Lourenço e Jorge Sá, mas assegura que a sua identidade foi falsificada e que os próprios negam a autoria das queixas, como o fez Vasco Lourenço quando contactado na altura pela Lusa.
O grão-mestre apresentou um requerimento em tribunal “desmentindo a prática de tal acto e participando contra incertos por usurpação de identidade”, ainda de acordo com o mesmo comunicado.
Os recursos à Justiça ocorreram depois de serem conhecidas divergências internas sobre a criação de uma fundação para gerir o património do GOL.
A contestação à criação da Fundação Grande Oriente Lusitano é sustentada por um grupo minoritário de opositores que questiona a razão da criação da instituição que vai receber, de forma irrevogável, o património das três instituições para-maçónicas do GOL, que integra mais de uma vintena de edifícios localizados em Lisboa e nas mais importantes cidades portuguesas.
A Fundação GOL foi registada notarialmente em Setembro passado, mas para ser reconhecida legalmente terá de obter o parecer favorável do ministro da Presidência ou de quem ele delegar, função que actualmente está atribuída ao secretário de Estado Adjunto da Presidência, Jorge Lacão, citado frequentemente na imprensa como membro do GOL.
Contactado terça-feira pela Lusa, um assessor de Lacão disse que não deu entrada na Presidência do Conselho de Ministros qualquer processo relativo àquela fundação.
LUSA - 13.05.2009
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