Por Edwin Hounnou
O Presidente da República, Filipe Nyusi (FN), tem demonstrando a sua falta de vontade política de se resolver a crise que se instalou, no país, devido a resultados fraudulentos das eleições de 09 de Outubro passado.
Os sinais de que FN não deseja que o país ultrapasse os problemas que ele e seu grupo criaram chegam de todos os cantos. O convite que formulou ao candidato do PODEMOS para vir ao Gabinete Presidencial a uma suposta conversa sem antes retirar ou suspender a eficâcia dos três processos que a Procuradoria-Geral da República movem contra ele, é o mais forte sinal das intenções ocultas do regime. O mais é a invenção da tentativa de golpe de estado. O congelamento das contas bancárias de Venâncio Mondlane (VM) é outro sinal da falta de vontade politica. O último é o bloqueio dos seus contactos telefónicos a fim de obrigá-lo a render-se.
O país vive momentos difíceis de manifestações populares por motivos que a liderança do partido Frelimo criou para se perpetuar no poder contra a vontade da maioria do povo que não votou em gente que, há cerca de 50 anos, vem destruindo o sonho dos moçambicanos de viver num país livre, em paz e em desenvolvimento socioeconómico.
O país está a arder e quem ateou foi a Frelimo que instruíu o STAE (Secretariado Técnico de Administração Eleitoral) para permitir os enchimentos de urnas com votos falsos, foi a CNE (Comissão Nacional de Eleições) para fechar os olhos às malandrices e será o Conselho Constitucional (CC) a dar golpe de misercórdia ao país e ao povo que não vai aceitar a bolada. O povo está cansado das brincadeiras da Frelimo.
As FDS (Forças de Defesa e Segurança) não pertencem ao partido Frelimo, mas ao Estado moçambicano e devem defender o povo e a pátria. Em algumas ocasiões têm demonstrado de cumprir ordens de carácter político-partidárias como foi no caso do posto fronteiriço de Ressano Garcia onde os militares avisaram aos polícias para não atirarem contra pessoas indefesas.
O atropelamento premeditado intencional e cruel de uma manifestante na Avenida Eduardo Mondlane, pode ser um acto particular. As subunidades da UIR (Unidade de Intervenção Rápida) que têm cometido assassinatos de manifestantes devem ser condenados por toda a sociedade, e não só, por essa postura de criminosos.
Frisamos que a violência que se verifica nas manifestações é fomentada pela polícia com vista a provocar que seja declarado o estado de emergência que vai permitir que FN permaneça no poder mais algum tempo. O povo não quer FN nem por mais um minuto, mesmo para largos sectores da Frelimo o tomam como intragável por asneiras que vem cometendo.
Por falta de clareza do que deve fazer, FN virou um corta-fitas de todos os eventos que bem poderiam ser inaugurados por dirigentes locais como governador de província, edil ou administrador de distrito. FN está em tudo quanto seja cortes de fitas e, como consequências, furta-se das suas tarefas de gestão dos macro-assuntos e passou a ocupar-se da sua segurança esmagando os interesses do povo. É de registar que FN não hesita em atribuir o seu nome às infraestruturas públicas.
É dispensável o diálogo entre o Presidente da República e os quatro candidatos concorrentes. Devido ao funcionamento deficiente do Estado, vemos FN a ensaiar passos de diálogo tendo-se esquecido de dizer a Procuradoria-Geral da República para não assustar pessoas. Se os órgãos de gestão eleitotal fossem independentes, fariam bem as suas obrigações e não estaríamos mergulhados num barril de confusões.
Como persistem com os órgãos de gestão eleitoral arcaicos, o país cai sempre em barulho e mortes após cada acto eleitoral. A solução seria a introdução de votação electrónica em que as mãos sujas não entram para enchimentos, a Frelimo teria caído há vários anos, porém, a violência, os dribles dos órgãos de gestão eleitoral e a força policial ainda mantêm os corruptos no poder.
O que interessa, agora, não é a conversa entre FN e os quatro candidatos às presidenciais. A justiça eleitoral não se apura no diálogo na mesa de bate-bocas entre os cinco numa mesa-redonda. A justiça eleitoral vai ser encontrada pela recontagem de votos comparando-os com o que estâ escrito nos editais verdadeiros.
Os editais que a Frelimo tem estado a fabricar não têm nenhum valor e só servem para destruiar o país. Temos informações bastantes segundo as quais a Frelimo está a forjar editais que possam justificar os enchimentos. Se ainda existe alguma vontade política de salvar o país da violência depois da proclamação e validação dos resultados eleitorais pela bomba-retarda, também, chamada por CC, é imperioso que a vontade do povo seja respeitada.
O CC não vai fazer diferente do que se sabe. Vai dizer que a Frelimo e o seu candidato Daniel Chapo são os vencedores destas eleições e nada diferente disso. Depois de deitarem a gasolina à fogueira, vão se esconder deixando o povo na fogueira.
Os que amam Moçambique e o têm como sua única pátria têm que fazer de tudo para que não sejamos um país falhado. Já não há mais nada que convença ao povo daquilo que o leva a manifestar-se nas ruas. O povo está convencido de que VM é o vencedor. O povo pensa que a Frelimo e Daniel Chapo perderam estas eleições. A Frelimo tem as mãos ensaguentadas, por isso, teme se ver fora do poder.
Depois da proclamação e validação dos resultados pelo CC não haverá espaço conversas, por isso, a luta deve ser agora. Outro truque é a formação de um governo de gestão/unidade nacional. A jogada visa a dois objectivos : 1. Colocar a Renamo como segundo partido mais votado, assim fica beneficiado o "camarada" Ossufo Momade acomodado na sua poltrona e 2. Manter as perseguições jurídicas contra VM para que fique impedido de concorrer às eleições e, assim, a festa continua.
Os ministros da Defesa Nacional e do Interior dizem haver organizações nacionais e internacionais que financiam a desestabilização do país. Isso enquadra-se no adágio popular que conta que o macaco quando não sabe dançar desculpa-se dizendo que o chão está torto. O governo diz que há ONG's nacionais e estrangeiras a financiar as manifestações populares. Já não há vergonha por estar a mentir com sabor a racismo.
As eleições, em Moçambique, sem a concorrência de VM serão como uma auto-estrada para a Frelimo, sem obstáculos nem portagem. Os que defendem a anulação das eleições nada dizem sobre as artimanhas da Procuradoria. Só pode ser a Frelimo a fomentar a ideia de um governo de gestão ou de unidade nacional. Vamos recontar os votos para o país logo sair deste imbróglio!
VISÃO ABERTA - 06.12.2024
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