As urnas já encerraram na Guiné-Bissau. As eleições legislativas antecipadas eram aguardadas há muito. Mas Umaro Sissoco Embaló e Domingos Simões Pereira voltaram a trocar recados. Vários candidatos apelam à calma.
As legislativas deste domingo (04.06) decorreram de forma pacífica, sem incidentes graves e com uma boa participação dos eleitores, de acordo com os dados preliminares da Comissão Nacional das Eleições (CNE). Só a votação para os guineenses em Dacar teve de ser adiada, por causa da crise política na capital senegalesa.
Este domingo, muitos eleitores disseram ter votado com a expetativa de que, depois destas eleições, o país possa finalmente virar a página e pôr fim às crises políticas constantes.
"Votei com esperança de encontrar políticos ou um partido que queira tirar este país do abismo em que se encontra", disse um eleitor em declarações à DW África, em Bissau. "O país não está bem, não é segredo para ninguém", comentou outro.
Há mais de um ano que o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, dissolveu a Assembleia Nacional Popular, alegando que o órgão se tinha transformado num "espaço de guerrilha política" e "conspiração". As eleições antecipadas estavam previstas inicialmente para 18 de dezembro, mas foram adiadas devido a atrasos no recenseamento eleitoral.
20 partidos e duas coligações disputam os 102 lugares no Parlamento. São as eleições mais concorridas de sempre.
Sissoco e Simões Pereira trocam recados
Depois de votar, esta manhã, na região leste de Gabú, o Presidente da República garantiu que estas serão eleições justas e transparentes.
"Eu ganhei as eleições [em 2019] como opositor. Dá para ver a transparência do nosso sistema", comentou Umaro Sissoco Embaló em declarações aos jornalistas.
Mas o Presidente deixou também um recado de que só trabalhará com "políticos sérios".
Sissoco Embaló já tinha avisado durante a campanha eleitoral que, mesmo que a coligação Plataforma da Aliança Inclusiva (PAI) - Terra Ranka vença estas eleições, recusará como primeiro-ministro o cabeça de lista da força política, Domingos Simões Pereira, porque ele "tem de ir à Justiça e esclarecer as questões que pendem sobre si".
Este domingo, o chefe de Estado voltou a dizer algo semelhante: "Ninguém está acima da Justiça guineense. Para o novo Parlamento, quem for indiciado de corrupção pela Justiça terá de ir responder [a tribunal]. Não podemos estar a esconder-nos atrás da imunidade parlamentar", reiterou Sissoco Embaló.
Simões Pereira respondeu a Sissoco quase em simultâneo, pouco depois de votar em Bissau: "O único 'temor' que poderá haver nestas eleições é a eventualidade de alguém querer brincar com a vontade expressa pelo povo guineense", disse o líder da PAI - Terra Ranka.
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