Por Francisco Nota Moisés
Não posso dizer algo sobre muitas das coisas que este senhor Mariano Matsinhe conta sobre a sua vida em Moçambique e a sua viagem para a Frelimo. O certo é que, quanto a estória da morte do Felipe Samuel Magaia, o homem baralhou tudo seja por não saber o que realmente se passou visto que ele não esteve lá como alega ou seja que inventou a sua própria versão para ocultar o papel da liderança da Frelimo no complot para liquidar o Magaia. Obviamente, cada grande dos terroristas da Frelimo dirá coisas à sua maneira sobre a morte do Magaia.
Em resumo, este grande da Frelimo diz que Magaia foi atingido por uma bala enquanto de caminho para a Tanzânia e diz que Lourenço Matola que disparou a sua arma que matou Magaia acidentalmente disse que aquilo aconteceu involuntariamente, acrescentando que era coisa que acontecia com frequência naquele momento. Diz que Magaia morreu depois do Samuel Dhlakama, o homem que Afonso Dhlakama alegava ter sido o tio dele, lhe removeu a ligadura, o que fez com que muito sangue jorrasse da ferida como uma torrente. Acrescenta que Lourenço Matola foi entregue à policia da Tanzânia que o soltou sem fornecer nenhum resultado da sua investigação e que logo depois da sua libertação, Lourenço Matola fugiu para Nairobi, Quénia, onde morreria de doença.
De todas as versões sobre a morte de Felipe Magaia, há uma versão comum que contraria aquilo que Mariano Matsinhe, um dos grandes dos terroristas da Frelimo, apresenta. Magaia não foi atingido de caminho para a Tanzânia. Isto não é verdade. Não. Na madrugada do dia 16 de Outubro de 1966, Magaia, destemido que era, comandava uma força que intencionava atacar uma posição militar portuguesa. Quando chegaram a um riacho no Niassa oriental, Magaia que tinha uma lanterna na mão atravessou o riacho primeiro para a outra margem antes de virar a lanterna para o lado onde os seus homens estiveram para que também pudessem atravessar para o lado onde ele estava.
Foi neste preciso momento que o assassino Lourenço Matola disparou três tiros da sua arma, uma PpSh russa, que atingiu o chefe da guerrilha na barriga.
Os tiros causaram muita confusão com os guerrilheiros ainda na margem e outros na água a se lançarem no chão e na água para se camuflarem, pensando que tinham caído numa emboscada portuguesa. Quando não houve mais tiros, os homens levantaram-se e um deles foi ao lado onde Magaia, agora no chão, sem a lanterna na mão, mas ainda acesa no chão. Tomou a lanterna e direcionou a luz para os outros homens regressarem a terra visto que devido a força maior, o plano de ir atacar os portugueses já não podia tomar lugar.
Na primeira margem com alguns deles agora com Magaia ainda vivo, os homens, desconfiando que alguém entre eles tinha disparado contra o chefe, fizeram uma inspeção apressada. Cada homem tinha a sua arma, excepto Lourenço Matola cuja arma ele tinha lançado para onde havia alguma palha. O cano da arma ainda estava quente.
Concluíram que Lourenço Matola foi quem disparara contra Magaia.
Amarraram no homem com cordas e tomaram a decisão de executá-lo ali mesmo, mas alguns dos homens pensaram que a verdade nunca seria conhecida sem uma investigação e decidiram que o assassino fosse entregue à policia da Tanzânia para investigações.
E verdade que Samuel Dhlakama, enfermeiro-mor da Frelimo, estava na cena, mas fez muito pouco para que o comandante-chefe não continuasse a perder sangue antes de ser tomado para tratamento na Tanzânia. Morreu três dias depois quando estava a ser transportado para o Rovuma, mas o seu corpo foi tomado para Songea na Tanzânia onde seria enterrado na presença do Eduardo Mondlane, Samora Machel e Casal Ribeiro, o vice de Magaia, e outros da Frelimo e tanzanianos. Durante o enterro, Mondlane anunciou que o camarada Samora Machel seria sucessor de Felipe Magaia, deixando de lado Casal Ribeiro que como o vice de Magaia devia o ter sucedido. Tudo tinha sido planeado e montado (Tomas Chagunda, Nairobi, 1985).
Lourenço Matola foi entregue a policia tanzaniana que o torturou e o soltou depois de cinco anos na prisão de máxima segurança de Mnazi Moja em Dar Es Salaam. Depois da sua soltura, diz-se que Matola foi a Nachingwea, o campo de treino militar da Frelimo, mas tendo medo de que o assassino iria divulgar o segredo do complôt contra Magaia, ele foi retirado dali, dado dinheiro para ir onde quizesse e ele chegou de rumar para Nairobi no Quénia, onde nós os dissidentes dos grandes dos terroristas da Frelimo vivíamos com medo e odio nos nossos corações contra os terroristas da Frelimo.
Matola veio a morrer em 1989 depois de ser atropelado por um carro que de acordo com o malogrado Fabião Bento de Oliveira que esteve com ele na tarde quando foi atropelado, a viatura apareceu e desapareceu como que por um encanto, fazendo assim alguns moçambicanos em Nairobi pensar que se tratava do fantasma de Magaia que se vingou contra o terminador da sua vida. Não morreu de nenhuma doença, como o Matsinhe, um dos grandes dos terroristas da Frelimo nos diz.
Disse-se também que a morte do Matola foi organizada por Joaquim Chissano que não queria que ele fosse para Moçambique por temer que o assassino iria falar da morte de Magaia. Matola tinha dito a Chissano em Nairobi sobre a sua vontade de querer regressar para Moçambique e Chissano disse-lhe que o seu regresso seria indesejável.
Fontes: Manuel Lisboa Tristão, Tomas Chagunda, Organ Chimbe nos braços do qual Magaia deu o seu ultimo respiro, Lourenço Matola, o assassino, que confessou a mim que foi ele quem abateu Magaia, mas que tinha sido organizado para matá-lo pelos grandes da Frelimo.
https://youtu.be/JBmWA8v6SKE
Recent Comments