As Bolsas de pós-graduação , no meu ver, não são concorridas porque elas não incluem passagem de ida e volta.
O Moçambicano típico nem consegue pagar meio bilhete de ida ao Brasil, imagina o resto. Muitas bolsas não são acedidas devido a rígidez das modalidades de acesso as mesmas.
Estamos num país onde muitos indivíduos ligados ao poder usam as facilidades que tem na atribuição de bolsas aos seus próximos. É dificil construirmos uma Moçambicanidade sã numa sociedade em que os
filhos dos altos dignatários do estado não valorizam o próprio sistema de ensino, preferem fazer simples consultas médicas na RSA, fazem compras todos os fins de semana em Nelsprit e não olham, com
serenidade para as reais necessidades do povo Moçambicano.
Esta imunidade de alguns cidadãos perante o estado e as instituições deve acabar. Estes apadrinhamentos ilícitos também devem acabar para o bem da nossa sociedade.
É no minimo insensato um sobrinho de um PCA dizer num lugar público, com todas as letras e voz bem alta que ganhou uma bolsa do Estado Moçambicano porque "o meu tio é que me arranjou a bolsa", mesmo
sabendo que o suposto tio ganha cerca de 10 mil dólares mensais. As pessoas nem têm vergonha na cara quando fazem afirmações do género, é como se fosse algo normal.
Na minha opinião a esses indivíduos cujas bolsas foram atribuídas via amiguismos e apadrinhamentos (corrupção) devem ser retiradas imediatamente as respectivas bolsas. Essa decisão não tarda a ser
tomada pelas instituições que velam pelas bolsas do estado pois este debate está a inquietar sectores sensíveis da sociedade moçambicana.
Basilio
In Mambicazes - 11.05.2004