DIÁRIO DE NOTÍCIAS - 22.06.2004
Eduardo Mascarenhas (texto) e José Carlos Carvalho
Moçambique é hoje um país relativamente seguro, sendo já possível circular nas cidades, de dia ou de noite. Viajar no interior profundo obriga a precauções básicas, mas não apresenta perigo, como constatou o DN. A actividade das empresas privadas de segurança está, contudo, em franca expansão no país.
Casos como o do desfalque do banco BCM, que terá estado na origem do assassínio do jornalista que o investigava (Carlos Cardoso), e também de duas fugas inexplicáveis de uma prisão de alta segurança, como a de «Anibalzinho», são excepção num cenário em que prevalece a pequena criminalidade.
Objectos de acesso menos fácil ao cidadão moçambicano comum, como telemóveis, determinadas peças de vestuário, relógios, jóias e, claro, carteiras com dinheiro, são uma «tentação» óbvia nas cidades. Onde quem circule de carro com o telemóvel sobre o banco do passageiro e o vidro de janela desse lado aberto corre um risco elevado de «perder» o telefone antes de chegar ao destino. O roubo de viaturas e o seu tráfico internacional é fortemente combatido pela polícia, nomeadamente com o apoio activo das autoridades sul-africanas. No interior, o roubo de alimentos durante o trasporte foi «institucionalizado» por populações que sofreram durante anos os efeitos da guerra civil, secas prolongadas e cheias.
Os comboios eram um alvo privilegiado e os Caminhos-de-Ferro de Moçambique (CFM), em reestruturação, sentiram necessidade de protecção para credibilizar a eficácia dos seus serviços. Por concurso, a segurança das linhas e de diversas outras infra-estruturas da CFM foi entregue à Moseg (Segurança de Moçambique), a mais jovem empresa do ramo no país.
Com um volume de negócios que ronda agora os 250 mil dólares mensais, a Moseg foi constituída em 2001 para participar no concurso para a segurança da Hidroeléctica de Cahora Bassa (HCB). Que ganhou. «Temos hoje cerca de dois mil efectivos e um volume de negócios significativo, mas sentimos também as consequências de um crescimento rápido», reconhece o administrador moçambicano desta empresa privada, brigadeiro Estanislau Fidelis. Com capitais mistos, a Moseg tem outros administradores, com nacionalidade angolana e portuguesa. A expansão para Angola, São Tomé e Guiné-Bissau é um projecto em stand by devido ao esforço de estabilização em Moçambique. «Adiado, mas não colocado de parte», diz Estanislau Fidelis.
Delta, Alfa e SOS são as três outras empresas que operam em Moçambique na área da segurança privada. Os contratos com Cahora Bassa e a empresa dos Caminhos-de-Ferro projectam, no entanto, a Moseg para o primeiro lugar.