FRELIMO AÍNA MUISHO ?
A PROPÓSITO DA VISITA DE EMÍLIO GUEBUZA A PORTUGAL
E a contradição da Política Africana Portuguesa
…”A RENAMO não trabalha muito para atacar a política do Governo da FRELIMO. Não temos a certeza que a RENAMO acredite que pode ganhar”... (in Professor Catedrático francês, Patrick Chabal, do King’s College de Londres sobre “On the Political Processes of the Lusophone African countries” em 8 de Junho 2004 – jornal Público)...
O general moçambicano na reserva, Emílio Guebuza, (promovido a Dr. pela imprensa portuguesa), em Portugal, esteve em campanha de charme político na penúltima semana de Junho.
Emílio A. Guebuza participou numa conferência muito concorrida (vista na RTPÁfrica), com políticos portugueses em esmagadora maioria do Partido do governo PSD, contraditoriamente. E porquê contraditoriamente? Porque a FRELIMO está filiada na Internacional Socialista (de esquerda), mas inteligentemente continua a privilegiar o seu relacionamento com o parceiro da RENAMO na família internacional dos partidos populares de Direita. E a RENAMO o que faz? Perde-se em questiúnculas de somenos importância internamente. Só apoio interno não chega (que a RENAMO julga ter e ser suficiente) se esquecendo que as eleições serão decididas também e sobretudo a nível das potências mundiais com Portugal como “capataz”. Daí ser pertinente a repetição das citações de Patrick CHABAL, Professor da Universidade Londrina do King’s College…um especialista e analista político dos países africanos lusófonos. Que deixa vários recados sobretudo para a RENAMO e a FRELIMO (extensivo a PORTUGAL), que passamos a citar:
Em relação a MOÇAMBIQUE…”O que é potencialmente importante é o facto de [Joaquim] Chissano deixar a política e isso joga a favor da RENAMO, porque não sei se [o secretário-geral da FRELIMO, Armando] Guebuza terá o mesmo apoio. O problema é que a RENAMO não é um partido da oposição politicamente muito sério. E [o líder Afonso] Dhlakama não é muito credível”.(…)
…”A RENAMO não trabalha muito para atacar a política do Governo da FRELIMO. Não temos a certeza que a RENAMO acredite que pode ganhar. É esse o problema. O partido não se coloca verdadeiramente na posição de alternante. Isso pode jogar a seu desfavor. Mas têm um grande apoio popular”…
E um recado a Portugal sobre a CPLP…” Em Portugal ainda existe "uma tendência demasiado forte" para analisar o que se passa nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) em função de "uma obsessão relativamente ao império africano". Seria desejável ver a evolução de cada país num contexto mais africano. (…) a CPLP é relativamente pouco importante. É simbólico mas é pouco importante, porque esses países têm agora interesses muito divergentes (…) – Fim de citação.
E chegou a altura dos moçambicanos perguntarem à RENAMO: Estão a espera de quê? Mexam-se diplomaticamente. Exijam SOLIDARIEDADE ao PSD apesar da RENAMO historicamente ter tido mais ligações com o CDS-PP, agora na coligação política no poder em Portugal… Se calhar a conjuntura política mundial e em Portugal nunca esteve tão favorável a uma “ideologia” tipo RENAMO.
A FRELIMO e o seu candidato Emílio GUEBUZA estão a somar pontos e o líder da RENAMO, Afonso DLAKHAMA, ainda não se terá apercebido, isolado, talvez, na sua fortaleza de convicção dada pelos seus conselheiros de que a VITÓRIA é CERTA. No entanto a Vitória constrói-se no dia a dia até às eleições. Afonso DLAKHAMA precisa urgentemente de visibilidade positiva.
… A comunidade internacional é totalmente ambígua. Por um lado, quer eleições democráticas (…) Por outro, prefere ter que lidar com aqueles que conhece, ou seja, a FRELIMO, em vez de ter de fazer face a um outro governo, que seria uma incógnita total”... in Professor Catedrático francês, Patrick Chabal, do King’s College de Londres sobre “On the Political Processes of the Lusophone African countries” em 8 de Junho 2004 – jornal Público...
Por isso a RENAMO tem de conquistar o “eleitorado” da comunidade Internacional a começar pelo (eleitorado) do seu parceiro na família dos partidos populares – o PSD português. Caso contrário não vale a pena haver eleições em Moçambique…
…”FRELIMO AÍNA MUÍSHO”…Traduzindo o título em suahíle, desta canção guerrilheira de combate da FRELIMO, é para se chegar à conclusão MESMO de que a FRELIMO NÃO TERÁ FIM no poder em Moçambique, pelo menos, durante estas duas gerações das Lutas Armadas!!!
JOÃO CARVEIRINHA - VERTICAL - 28.06.2004