APESAR DA MÁ GOVERNAÇÃO DURANTE 30 ANOS
Num pronunciamento algo supreendente e reconciliatório, o líder da "perdiz" e candidato à Presidência da República, Afonso Dhlakama, reconheceu, ontem, que o partido Frelimo fez alguma coisa assinalável para o país apesar da má governação que demostrou durante os trinta anos que se manteve no poder
JOSÉ CHITULA
Afonso Dhlakama, defendeu que não há um Governo no mundo que consegue cumprir 100% do seu programa dando a entender que existem programas que podem não ser cumpridos por motivos diversos.
«Não é porque o presidente Chissano não foi bom, ele fez o que fez. Tenho dito que nunca houve nenhum Governo do mundo que tenha cumprido o seu programa a 100%. Não estou a dizer que estou a favor da Frelimo, mas como da Oposição observamos os erros, a corrupção, má governação, mas alguma coisa a Frelimo fez. Não é o motivo que vai fazer com que as pessoas votem em mim no partido. É que a Frelimo está no poder há 30 anos; mesmo uma música boa, as pessoas cansam-se, por isso as prespectivas são boas» afirmou Afonso Dhlakama momentos após a entrega de documentos com vista à formalização da sua candidatura as eleições presidenciais de 1 e 2 de Dezembro próximo junto ao Conselho Constitucional (CC)
Dhlakama poupa Chissano
Falando a jornalistas que acorreram aos escritórios do Conselho Constitucional, o líder da Oposição poupou críticas ao actual chefe de Estado moçambicano, Joaquim Chissano, que está no final do
seu mandato e a percorrer o país em despedida do povo por ter decidido não concorrer para um terceiro mandato nas eleições que se avizinham.
A uma questão colocada pelo IMPARCIAL, a propósito de informações que dão conta que Chissano estaria a se aproveitar da sua despedida para pro-mover a imagem de Armando Guebuza, Dhlakama considerou normal que o presidente da República se justifique junto das populações sobre o seu desempenho e que «o povo saiba escolher a pessoa que vai seguir os seus passos ou irá fazer aquilo que a Frelimo não conseguiu fazer durante 30 anos».
Disse também não estar preocupado com as movimentações dos dirigentes da Frelimo pelo país, considerando que não será o único a percorrer os 128 distritos de todas as províncias de Moçambique.
«Terei que escolher distritos estratégicos. Neste momento muitos quadros nossos estão a fazer trabalhos no terreno».
Pronto a aceitar qualquer resultado
Ainda no “briefing” que concedeu à imprensa, o candidato presidencial da coligação Renamo-União Eleitoral, disse esperar que as eleições decorram num ambiente são e transparente. «Não interessa quem vai poder ganhar. Se ganhar o Guebuza, e não roubar, serei o primeiro a dar-lhe os parabéns. Gostaria que ele e a Frelimo fizessem o mesmo e não viessem com discursos do passado, da luta da indepedência», referiu Afonso Dhlakama insurgindo-se contra o que a Frelimo tem estado a propagar alegando que é dona de Moçambique.
«O país é do povo, não é da Frelimo, não é da Renamo, não é do Chissano, não é do Dhlakama nem do Guebuza», defendeu Dhlakama.
Jornalistas no caminho certo
Aquele político, que se apresentou no CC acompanhado da sua esposa, Rosália Dhlakama, e de destacados quadros da coligação Renamo-União Eleitoral, não deixou de enaltecer o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pela comunicação social, reconhecendo que alguns jornalistas enfrentam
dificuldades no exercício da sua profissão.
«Às vezes criticamos e vocês não não têm culpa. Existem os grandes que dão ordens, mas quero encorajá-los que estão no caminho certo», assegurou o líder da “perdiz”.
Refira-se que Afonso Dhlakama apresentou uma lista de 58.001 proponentes para a sua candidatura em assinaturas segundo Dhlakama, recolhidas em todas as províncias do país incluindo Maputo-Cidade. A lei exige o mínimo de 10 mil assinaturas para se proceder à inscrição no CC. Até este momento já remeteram a sua candidatura ao Conselho Constitucional, 3 concorrentes, nomeadamente Armando Guebuza, pela Frelimo, e Yacub Sibindy pelo PIMO, incluinto Dhlakama, num processo cujo prazo termina no próximo dia 2 de Outubro de 2004 (sábado).
IMPARCIAL - 30.09.2004