CORREIO DA MANHÃ(Maputo)-01.10.2004
FILIMÃO SAVECA
Em cartas datadas do mês de Agosto último e assinadas pelo seu secretário-geral, Viana Magalhães,
a RENAMO convidou algumas formações políticas extra-parlamentares a apoiarem aquele antigo movimento guerrilheiro moçambicano e seu candidato às presidenciais, Afonso Dhlakama, nas III eleições legislativas e presidenciais dos dias 1 e 2 de Dezembro próximo.
Em troca, a RENAMO aponta nas suas missivas que vai oferecer, por exemplo, ao Partido Independente
de Moçambique (PIMO) um lugar no Parlamento e às restantes formações políticas lugares de governação ao nível de determinados postos administrativos e localidades, segundo confidenciou
ao Correio da manhã fonte próxima do partido da perdiz.
Na missiva dirigida ao PIMO, a RENAMO convidou o seu líder, Yá-Qub Sibindy, a desistir de se candidatar ao cargo de Presidente da República, passando todos os seus recursos financeiros, humanos e materiais que iriam ser usados na sua campanha eleitoral a favor do candidato da perdiz àquele cargo, segundo igualmente a nossa fonte, esforço que frustrou, redondamente.
Contraproposta do PIMO
Em resposta, a formação dirigida por Sibindy avançou com uma contra-proposta exigindo que sejam oferecidos ao PIMO 12 lugares no Parlamento, três pastas ministeriais e igual número de cargos de governadores provinciais e uma dúzia de embaixadas.
“Por a contra-proposta conter coisas muito exageradas, a RENAMO pura e simplesmente não respondeu
ao PIMO”, avançou a fonte que temos vindo a citar, ajuntando que apenas prosseguiu com negociações
com outras formações políticas que não foram ambiciosas nas suas contra-propostas.
“Eles é que nos contactaram”.
Ouvido esta quarta-feira pelo Correio da manhã sobre o assunto, Viana Magalhães disse-nos que a iniciativa dos contactos foi dos extra-parlamentares, avançando que, como resultado do diálogo há
já uma coligação, denominada USAMO, liderada pelo antigo secretário geral da Associação dos Desmobilizados de Guerra (AMODEG), Júlio Nimuire, que já anunciou publicamente a intenção de apoiar a perdiz e o seu candidato e que, “dentro em breve, vai formalizar a sua adesão à RENAMO”, conforme
prometeu.
Quanto ao convite a Sibindy para desistir de se candidatar às presidenciais, Magalhães limitou-se a dizer que não comentava a informação, convidando-nos, em seguida, para aguardarmos pelos “próximos desenvolvimentos antes de 17 de Outubro”, dia do início das campanhas eleitorais para as legislativas
e presidenciais.
Sibindy confirmou os contactos, acrescentando que eles estão no ponto morto, alegadamente “porque a
RENAMO não é pelo diálogo, apenas só quer impor a nós os chamados partidos mais pequenos as suas
pretensões”.
Sibindy indicou, contudo, que o PIMO só poderá apoiar Dhlakama se este e Armando Guebuza (candidato da FRELIMO) forem apurados para a segunda volta.
Guebuza, Sibindy e Dhlakama já formalizaram as suas candidaturas para a corrida à Ponta Vermelha de Dezembro próximo.