Numa altura em que se aproxima a maratona eleitoral que irá culminar com as eleições gerais de Dezembro próximo, o partido Frelimo parece estar a meter “as mãos entre as pernas” e a confundir cada
dia que passa, o eleitorado de Maputo-Cidade, uma das zonas do Sul do país tida como “bastião” do partido no poder.
Nesta semana que se está a iniciar, assiste-se na capital moçambicana a mais um episódio envolvendo agentes da Polícia Camarária declarando uma “guerra sem quartel” aos chamados vendedores de esquina.
Não faz muito tempo que o Conselho Municipal da Cidade de Maputo ainda sob gestão do partido do “tambor e da maçaroca”, lançou um apelo aos vendedores de esquina para que abandonassem
os locais que ocupam e fossem desenvolver as suas actividades em locais apropriados, que são os mercados que funcionam na cidade.
Há muitos anos que o Conselho Municipal tem lançado sem sucessos este tipo de operações coercivas contra os vendedores de esquina que teimam em continuar a vender os seus produtos na via pública.
O que não deixa de ser curioso nestas “investidas” da Polícia Camarária, é o facto de, numa dada época do ano tolerar que os vendedores desenvolvam livremente os seus negócios, chegando por vezes a cobrar taxas por aquele tipo de actividade comercial, e noutras épocas, pautar por uma perseguição
que culmina com a confiscação de seus produtos e nalguns casos, detenções daqueles vendedores que
ousam resistir à operação que é acompanhada por agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM).
Para muitos dos vendedores de esquina, o que está acontecer no Município de Maputo, é reflexo da corrupção que tomou conta do Governo da Frelimo, pois uma boa parte deles questiona as razões que levam o CMCM a cobrar taxas aos vendedores de esquina sabendo que aquele tipo de negócios
é ilegal.
Outros duvidam que os produtos confiscados nestas operações, sejam mesmo entregues à Acção Social e chegam a afirmar que a mercadoria recolhida tem servido para “aliviar” a já precária situação social de alguns agentes envolvidos nestas operações contra os vendedores de esquina.
Perante o olhar revoltoso de muitos vendedores de esquina que dizem ter abraçado o negócio por uma questão de sobrevivênvia, ontem numa das artérias de Maputo, os desabafos não se fizeram esperar e enquanto a Polícia Camarária “escorraçava” os vendedores, alguns destes, entre murmúrios diziam abertamente que “só estão a tramar o Guebuza”, numa clara alusão que o candidato presidencial pelo partido Frelimo, a cerca de dois meses das eleições começa a ser reprovado por aquele grupo alvo que representa um número significativo de eleitores ao nível da Cidade de Maputo.
JOSÉ CHITULA
IMPARCIAL - 21.09.2004