DEFENDE O CHEFE DE CAMPANHA DA “PERDIZ”
O director de campanha da Renamo-União Eleitoral, Eduardo Namburete, defendeu que as instituições do Estado devem assumir o seu papel e evitar que sirvam de focos de tensão entre os cidadãos.
Eduardo Namburete fez este reparo quando há dias falava em Maputo durante o debate sobre o “Ambiente Eleitoral em Moçambique” promovido pelo Observatório Eleitoral.
Para o chefe de campanha da “perdiz”, «as instituições do Estado devem assumir o seu papel. O governo é o gestor dos interesses do Estado e não é dono do Estado», referiu Eduardo Namuburete em alusão ao que amiúde tem acontecido em Moçambique onde o partido do Governo/Frelimo mistura tudo confundindo o papel de cada um.
«As instituições do Estado estão para servir a todos. Há focos de tensões quando as instituições do Estado são usadas para servir interesses particulares», sustestou Namburete.
Eduardo Namuberete é uma das figuras da praça que recentemente assumiu a liderança da campanha eleitoral da Renamo e na sequência desse seu envolvimento com a Oposição encabeçada por Afonso Dhlakama, foi afastado das funções que ocupava no Gabinete do Reitor da Universidade Eduardo Mondlane, Brazão Mazula.
Durante a sua intervenção, Namburete, falando em nome da “perdiz”, disse que aquela coligação compromete-se a respeitar as instituições do Estado e religiosas. Lançou também um apelo à comunicação social para que sirva de instrumento de promoção da paz e não de conflitos.
Comunicação social promove violência
Esta posição foi também partilhada pela presidente da Liga dos Direitos Humanos (LDH), Alice Mabota, que chegou mesmo a acusar alguma imprensa escrita e a TVM de estar a incitar a violência no país.
«Transforma discursos pacíficos em violentos», disse Alice Mabota, defendendo ser necessário que se chame à consciência a imprensa, para que assuma um papel mais pacófico.
Servindo-se de exemplos registados tanto em 1999 como no ano passado na Cidade da Beira durante as eleições autárquicas, a líder da LDH, questionou a credibilidade da Comissão Nacional de Eleições, por ter levado bastante tempo para anunciar os resultados que deram vitória eleitoral à coligação Renamo-
União Eleitoral e ao seu candidato Deviz Simango no Município da Beira.
«A CNE será transparente e indepedente? Para anunciar os resultados de 99, o presidente da CNE disse que tinha dificuldades de anunciar. Penso que o papel da CNE é determinante para a aceitação dos resultados eleitorais» defendeu Alice Mabota.
Ainda a propósito do funcionamento da Comissão Nacional de Eleições, o presidente do Partido Trabalhista, Miguel Mabote, é de opinião que aquele órgão devia deixar de ser partidarizado.
«Deve-se despartidarizar os órgãos eleitorais. Há uma mistura à volta de vários assuntos» defendeu Mabote, cujo partido vai apenas concorrer para as eleições legislativas.
O seminário sobre o “Ambiente Eleitoral em Moçambique” reuniu entre vários políticos, representantes das ONG’s, diplomatas, académicos, representantes da sociedade civil e líderes de várias confissões
religiosas.
JC
IMPARCIAL - 30.09.2004