SEGUNDO DOM JAIME GONÇALVES
O Arcebispo da Igreja Católica na Beira, Dom Jaime Pedro Gonçalves, defendeu que os líderes políticos moçambicanos têm nível suficiente para evitar que se cometam erros que põem em causa a paz e o
desenvolvimento da democracia no país.
Falando ontem em Maputo à margem do seminário sobre o “Ambiente Eleitoral em Moçambique”, Dom Jaime citou como exemplo, o problema da repressão política que se faz sentir no país e que no seu entender é um problema elementar que poderia ser resolvido por via do diálogo entre os diferentes actores da vida política nacional.
«Não podemos estagnar e dizer que não temos esperanças. Quero acreditar que os líderes políticos moçambicanos tem nível para evitar esse tipo de erros como a repressão política que é uma coisa elementar» disse o Arcebispo da Beira num contacto com a imprensa.
Dom Jaime falou também da Paz que o país desfruta ha 12 anos tendo realçado que nos últimos 2 anos registam-se alguns constrangimentos que perigam o processo de pacificação no país. «Nos últimos
dois anos, há uma sensibilidade de problemas que devem ser resolvidos », disse Dom Jaime
em alusão à alegada existência de homens armados no país e que de certa forma, tal informação poderá pertubar o ambiente preparatório das eleições.
Na óptica daquele clérigo, a situação torna-se mais grave quando se apresenta uma solução de violência porque, «o ambiente fica turvo, há derramamento de sangue, cultiva-se o ódio e repressão política. Estas, são situações que não consolidam a paz. Penso que não é humilhante para ninguém discutir esses
problemas, porque toda a solução foi acordada com o Acordo Geral de Paz» referiu.
Dom Jaime, reafirmou que se não houver diálogo entre os moçambicanos, receia que a situação de Inhaminga se possa alastrar para outros cantos do país, como Marínguè, onde tamém existem os chamados “homens armados da Renamo”. «É provável que a situação de Inhaminga possa acontecer em Marínguè. Não percebemos o que queriam os homens que foram disparar em Inhaminga. A informação que tenho é que eles continuam lá e a perseguir os membros da Renamo nos arredores da vila de Inhaminga» denunciou o Arcebispo da Beira.
O antigo mediador do processo de paz moçambicano reiterou que a Paz não pode ser desenvolvida com disparos de armas sob o risco de se imputar crimes que não serão justificados.
Entretanto, vários participantes no seminário sobre o “Ambiente Eleitoral em Moçambique”, convergiram num aspecto: que ainda existem focos de tensão no país, principalmente nesta fase em que se aproximam as eleições.
Um dos aspectos preocupantes foi colocado pelo líder do PIMO, Yacub Sibindy que é igualmente um dos candidatos à presidência da República, referindo-se à situação de instabilidade que se vive nas províncias do Norte do país, sobretudo em Cabo Delgado.
«O que se está a passar no Norte, é que existe uma total intimidação. As pessoas têm medo de se identificar com outros partidos políticos» acusou Yacub Sibindy.
JOSÉ CHITULA
IMPARCIAL - 29.09.2004