CORREIO DA MANHÃ(MAPUTO) - 01.09.2004
OLHANDO DE FRENTE - Charles Batista
O Presidente da República, Joaquim Chissano, continua a aproveitar-se das viagens que faz na qualidade de Chefe de Estado para promover a denegrida imagem do seu partido e do candidato da FRELIMO às eleições presidenciais, Armando Guebuza.
A FRELIMO assinou, na Beira, o Código de Conduta apenas para impressionar o público nacional e os
parceiros de cooperação que exigem uma maior transparência na gestão da coisa pública em Moçambique.
Os dirigentes do partido governamental parece não terem a consciência dos graves erros que têm vindo a cometer contra a democracia.
Na última viagem que Joaquim Chissano fez à província de Niassa, disse, publicamente, que as realizações
que se vêem são produto do empenho e dedicação do partido FRELIMO. O presidente da FRELIMO tem estado a limpar a imagem do seu partido usando os meios públicos, o que é condenável e repugnável
por gente que se diz civilizada e com postura de Estado, mas são os primeiros a cometerem infracções
às normas de boa convivência entre forças de ideologias diferentes. É mesmo de dizer que a FRELIMO foi
apanhada em contra-pé pelos ventos da democracia, pois, não estava preparada.
O Presidente Joaquim Chissano sempre demonstrou ter muitas dificuldades de se afirmar presidente de todos os moçambicanos. Ele ainda, infelizmente, pensa que os moçambicanos, do Rovuma ao Maputo,
pertencem ao partido FRELIMO. Até em plena Assembleia da República chama aos seus correligionários de
camaradas, numa atitude aberta de exclusão aos que não sejam membros da FRELIMO. Por não ter a dimensão cultural do povo e das suas diferentes tendências políticas, a FRELIMO considera marginal e um delinquente político a todo aquele que não comunga dos seus ideais.
A FRELIMO de Joaquim Chissano é excessivamente.
O partido dos camaradas desprezou o Norte, esqueceu do Centro, fingiu beneficiar o Sul, atirando o país inteiro para a desgraça, transformou Moçambique de país produtor e exportar de bens essenciais e cereais a importador por excelência de tudo quanto seja básico para a sobrevivência do povo. Não se pode acreditar em indivíduo que, voluntariamente, tenha incendiado, de livre e espontânea vontade, a sua própria casa e depois diga, em voz alta e sem nenhum sinal de arrependimento, que é capaz de reconstruir o que destruiu.
Como durante trinta anos o povo conheceu retrocessos atrás de retrocessos, chegamos a ter uma situação nunca antes vivida, como liberdades fundamentais cerceadas, fuzilamentos sem julgamentos, castigos corporais em praças públicas, está chegando a oportunidade de se vingar dos que se aproveitam do poder de Estado para encherem os seus bolsos. A FRELIMO não tem razões para andar a fazer promessas falsas, porque nunca esteve sem o poder e se nada fez não foi por algum impedimento, por isso, não constituir solução dos problemas que o país enfrenta, por razões óbvias.
O candidato da FRELIMO mostra-se agastado pela corrupção e pela burocracia do Estado. Não podia ser
menos falso, pois, ele nunca esteve de férias, ajudou a edificar um Estado onde um grupo de corruptos encobre outros corruptos.