Comentário
Refinaldo Chilengue
Parte substancial do poder vigente em Moçambique pode ser legitimamente acusada de tudo. Mas injusto seria se alguém lhe apontasse o dedo acusando-a de nada fazer para inspirar, de forma permanente, os articulistas, cronistas, comentadores, analistas, críticos e humoristas.
Em Moçambique, hoje, poderá faltar tudo, ou quase, mas entre a má-fé, o drama e a comédia, é um fartote de acontecimentos de maior originalidade.
Haverá, por exemplo, algum país mais onde deputados ou a tal candidatos que não saibam ao menos entoar o respectivo Hino Nacional?
E depois se dizem abnegados à causa nacional.
E se entrarmos para os que se dizem militantes ferrenhos do partido governamental, a FRELIMO.
Haverá mesmo justificação para ignorar a data de nascimento do fundador da pátria (Cm 1922)? Seus
interesseiros e oportunistas!
O poder político parece estar a descer abaixo da caricatura.
Consta que no século passado circulou, algures, um jornal chamado Os Ridículos, uma publicação basicamente de humor. Muitos ilustres que hoje nos (des)governam ou andam acocorrados à cuca de uma oportunidade para tal, de modo a se aviarem pelos recursos nacionais públicos, seriam, se o tal periódico circulasse hoje, figuras frequentes e de referência obrigatória.
É a vitória do gangsterismo militante! Alinhar para mamar e não por convicção, muito menos com interesse de conhecer a causa ou os percursores do projecto que supostamente abraça.
CORREIO DA MANHÃ(Maputo) - 30.09.2004