A passividade de Portugal contrasta com o dinamismo do Brasil e de muitos outros países que apostam forte nos mercados da Comunidade Lusófona.
O ministro brasileiro dos Negócios Estrangeiros, Celso Amorim, explica que, do ponto de vista de Brasília, as "negociações devem decorrer individualmente com cada um dos estados-membros da CPLP", desde logo porque este organismo "não é um grupo económico".
O primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, gostava de ver Portugal mais empenhado, mas reconhece que o seu país não pode esperar mais. Cita, a propósito, que os casinos são uma grande aposta e que "o mais certo é serem investidores não lusófonos a avançar, estando bem encaminhadas as negociações com Macau".
Também Xanana Gusmão acredita que Portugal poderia fazer mais, talvez . Crê, contudo, que por o petróleo "ser o grande motor do desenvolvimento de Timor-Leste, serão outros países a dar o seu contributo".
O caso de Angola é um bom exemplo da cooperação portuguesa, e até mesmo da CPLP. Todavia, para o presidente Eduardo dos Santos, "terá de ser a comunidade internacional a dar um decisivo contributo para erradicar a pobreza, a fome, o analfabetismo, as doenças e o subdesenvolvimento". Aqui o Brasil ganha terreno, porque tem uma política económica e social que se encaixa nas carências deste país.
O petróleo é igualmente importante para São Tomé e Príncipe onde, como reconhece o presidente Fradique de Menezes, os norte-americanos somam pontos "por conjugarem o investimento no sector com apoios paralelos em matéria de segurança do país". De novo, embora de forma ainda ténue, o Brasil poderá vir a dar um forte apoio a esta indústria.
Quanto a Moçambique, Joaquim Chissano defende uma forte adaptação "dos exemplos externos à realidade africana". Assumindo o bom momento das relações em o Brasil, Chissano mostra-se disposto a não esquecer todos os que querem ajudar, mesmo que sejam países pertencentes à Comunidade Britânica.
JORNAL DE NOTÍCIAS - 25.09.2004