CAMPANHA ELEITORAL GANHA NOVA DINÂMICA
A campanha eleitoral começou a ganhar uma nova dinâmica com o surgimento de um dos principais candidatos à presidência da República, Afonso Dhlakama, que há quatro dias mantinha-se “estrategicamente” - segundo os seus assessores - em Maputo, enquanto os seus adversários na corrida à “Ponta Vermelha” se desdobram pelas províncias desde o último domingo à caça do voto
para as eleições gerais de 1 e 2 de Dezembro próximo.
De fontes ligadas ao gabinete eleitoral da Renamo-União Eleitoral, o IMPARCIAL soube que Afonso Dhlakama deixou Maputo na última terça-feira via terrestre com destino à província de Sofala, onde teria
algumas paragens para saudar a população nos distritos de Chibabava e Nhamatanda.
Soubemos, também, que o candidato presidencial da “perdiz” antes de escalar Nhamatanda, teria passado pela sua terra natal em Mangunde, onde reside o seu pai, o régulo Mangunde.
O regresso à Zambézia
Ainda ontem esperava-se que Dhlakama escalasse a província da Zambézia onde vai promover a sua candidatura e da coligação que dirige até ao seu regresso a Maputo previsto para a próxima terça-feira.
Logo após o seu regresso da Zambézia, prevê-se que a estadia de Afonso Dhlakama em Maputo seja curta. Da capital do país, o candidato da Renamo-União Eleitoral voltará a “atacar” os círculos eleitorais
tidos pela "perdiz" como estratégicos nos dias que restam para a campanha eleitoral que vai decorrer até ao próximo dia 28 de Novembro.
Afonso Dhlakama entra na “berlinda” confrontado com uma pesada máquina propagandística montada sobretudo pelo seu principal adversário Armando Guebuza, candidato da Frelimo que à priori conta com o apoio do Governo que tem todos os seus ministros fora dos gabinetes, incluindo o presidente do partido, Joaquim Chissano, que também se “demitiu” das suas funções de Chefe de Estado para apelar
ao voto a favor do partido no poder e do seu candidato presidencial.
Não obstante as diferenças em termos de recursos quer em termos de material de propaganda e recursos finaceiros, são vários os trunfos que jogam a favor de Afonso Dhlakama nesta fase de campanha eleitoral em que os candidatos vão apresentando os seus programas de governação.
Prioridades
Antes do início da campanha, Dhlakama já avançava algumas das suas prioridades em matéria de governação caso seja eleito presidente da República. A consolidação do Estado de Direito no país e a reforma do sistema de administração da justiça são algumas das grandes linhas que Dhlakama gostaria
de ver discutidas e resolvidas na eventualidade de ascender ao poder.
É que o candidato presidencial da Renamo-União Eleitoral defende que o Estado não deve ser confundido com o partido, tal como tem acontecido até agora com o partido Frelimo, segundo as suas palavras.
Os escândalos que nos últimos tempos abalaram o país colocando à prova o desempenho da justiça moçambicana levaram também Afonso Dhlakama a afirmar que em Moçambique as leis apenas funcionam para aqueles que não sejam membros do partido Frelimo, sendo por essa razão que “montes”
de processos judiciais encontram-se arquivados na Procuradoria Geral da República e nos tribunais.
JOSÉ CHITULA - IMPARCIAL - 21.10.2004