Presidente de Moçambique abandona cargo em Dezembro após 18 anos em funções
Joaquim Chissano, inicia hoje em Lisboa, com a deposição de uma coroa de flores no túmulo de Luís Vaz de Camões, a última visita oficial a Portugal como chefe de Estado.
Depois da cerimónia no Mosteiro dos Jerónimos, Chissano será escoltado pela GNR a cavalo até ao Palácio de Belém, onde se reunirá com o presidente português, Jorge Sampaio, seguindo-se uma conferência de imprensa.
O presidente de Moçambique, que abandona o cargo em Dezembro após 18 anos em funções e depois de renunciar a uma candidatura para um terceiro mandato, visita de seguida o Museu da Presidência da República, aberto ao público no passado dia 5 de Outubro.
Ainda no primeiro dia da sua estada em Portugal, o chefe de Estado moçambicano recebe as chaves da cidade de Lisboa numa cerimónia na Câmara Municipal, e visita a fábrica de óleos Iberol, do grupo Nutasa, que pretende investir, até 2005, cerca de 40 milhões de euros em projectos agrícolas e industriais em Moçambique.
Chissano visita depois o Centro Ismaili, onde intervém na sessão de encerramento da conferência «Agenda 2025: Estratégias para o Desenvolvimento de Moçambique» e à noite é obsequiado por Jorge Sampaio com um banquete no Palácio da Ajuda.
Na sexta-feira, último dia da visita, o presidente moçambicano participa numa sessão solene na Assembleia da República e encontra-se depois com o primeiro-ministro português, Pedro Santana Lopes, seguindo-se uma conferência de imprensa.
Da agenda de Chissano fazem ainda parte encontros pessoais com personalidades políticas, entre as quais, segundo fonte diplomática, o ex-presidente da República Mário Soares, o antigo primeiro-ministro Cavaco Silva e o secretário-geral do Partido Socialista, José Sócrates.
Um comunicado divulgado terça-feira pela Presidência moçambicana refere que a visita de Chissano a Portugal destina-se a «estreitar os laços de amizade e fraternidade bem como reforçar a cooperação bilateral».
No entanto, a «visita de despedida» deve ainda ser aproveitada por Chissano para pedir mais resultados nas negociações entre os dois países para a reversão a Moçambique da Hidroeléctrica de Cahora Bassa, actualmente detida em maioria pelo Estado português, um dossier que deverá transitar para o seu sucessor.
Os dois países mantêm desde meados deste ano conversações formais sobre a questão, mas a dívida de 1.8 mil milhões de euros que Portugal reclama a Moçambique tem bloqueado as reuniões bilaterais e obrigou ao recurso a consultores que irão avaliar a capacidade energética da barragem para definir o montante da indemnização pedida por Lisboa.
14-10-2004 - STOP