A Comissão Nacional de Eleições foi colocada à prova pelo presidente da República, Joaquim Chissano, quando instou, terça-feira, aquele órgão de supervisão eleitoral a encontrar uma forma consensual
para o problema que opõem a CNE e a União Europeia.
Joaquim Chissano acabou reagindo ao clima de desconfiança que paira entre a Comissão Nacional de Eleições e a Missão de Observação Eleitoral sobre as eleições gerais marcadas para os próximos dias 1 e 2 de Dezembro.
Até ontem, a União Europeia não tinha emitido nenhum pronunciamento oficial em relação à posição tomada pela CNE, de rejeitar seu pedido, para a necessidade de estender o âmbito de observação do
processo que vai culminar com a realização das terceiras eleições multipartidárias em Moçambique.
Entretanto, o IMPARCIAL soube de algumas fontes diplomáticas sediadas em Maputo, que a União Europeia manifesta-se preocupada com a posição tomada pela CNE e espera que o assunto seja resolvido para o bem da credibilidade do processo eleitoral moçambicano. A fonte
frisou que os métodos de trabalho nas missões de observação eleitoral da UE são os mesmos em todo o mundo e Moçambique não pode ser uma excepção.
Antes de partir com destino à cidade de Quelimane, na província da Zambézia, o presidente
da Renamo, Afonso Dhlakama que é dos 5 candidatos apurados pelo Conselho Constitucional, já havia
alertado que não havia nenhuma ilegalidade no pedido formulado pela Missão de Observação Eleitoral da União Europeia. «Eles tem razão, estou com a União Europeia. Não existe nenhuma lei que proibe a fiscalização. Não há nenhuma lei que proibe que eles sejam transparentes. Eles querem ver o sistema que vai ser instalado nos computadores, é normal que isso aconteça» afirmou o líder da Renamo acrescentando que a UE tem motivos para reagir em relação à fiscalização do processo eleitoral tendo em conta que contribuiu com cerca de 15 milhões de dólares norte americanos para suportar as despesas inerentes à realização de eleições no país.
JOSÉ CHITULA - IMPARCIAL - 14.10.2004