Já faz cerca de uma semana que os candidatos às eleições presidenciais e legislativas de 1 e 2 de Dezembro próximo têm percorrido o país procurando demonstrar que possuem as melhores soluções
para a solução dos inúmeros problemas que ainda se abatem sobre a sociedade moçambicana.
Nos seus discursos, os candidatos sobretudo os presidenciáveis coincidem nas promessas que fazem ao eleitorado e o combate à corrupção surge como o “cavalo de batalha” de todos eles.
Costuma-se dizer que em tempo de campanha todo o tipo de promessa vale, mas há promessas que, quando analisadas de quem as faz, deixam no ar uma série de dúvidas e produzem novas reflexões.
De entre várias promessas que tem estado a fazer durante a presente campanha eleitoral, o partido do “tambor e da maçaroca” e o seu candidato Armando Guebuza, propõem-se combater a corrupção e o
“espírito de deixa andar”, alguns dos males que enfermam a sociedade moçambicana pelo menos na era
“Chissanista”.
É curioso que Armando Guebuza surja agora na frente de vanguarda de combate à corrupção, um fenómeno que em Moçambique tem a sua génese na Frelimo, partido que dirige o país à cerca de 30
anos. É na vigência da governação da Frelimo que o país vai assistindo ao enriquecimento “fácil” e duvidoso de muitos dirigentes frelimistas em detrimento de larga maioria de moçambicanos condenados
a viverem na pobreza.
Levou muito tempo para que o Governo da Frelimo reconhecesse publicamente a existência da corrupção no país e só recentemente, com o avolumar de críticas tanto ao nível nacional como internacional, é que a problemática da corrupção começou a constar da agenda do partido do “tambor
e da maçaroca”.
É neste esforço de tentar “limpar” a sua imagem que a Frelimo acabou exercendo as suas influências junto ao Parlamento que acabou por aprovar a Lei Contra a Corrupção.
Na prática, trata-se de uma lei sem eficácia para o grupo dos chamados “intocáveis”, do qual o presidenciável da "maçaroca e tambor, pode, eventualmente, fazer parte porque a ladainha de ter começado dos patos para empresário de sucesso só serve para piada.
Quantas pessoas comem carne de pato, pelo menos uma vez por mês, no país? Ou exporta, mas a partir de onde?
Para se acreditar no que Armando Guebuza anda por aí a “vender” sobre o combate à corrupção este seria o momento do Governo/Frelimo apresentar publicamente a lista dos corruptos deste país, tal como como no passado foi sendo prometido por altas figuras daquele partido como Eduardo Mulémbwè, quando
era Procurador Geral da República e recentemente, pela Chefe da Brigada Anti-Corrupção na PGR, Isabel Rupia.
Armando Guebuza não se esqueça que os moçambicanos continuam ávidos em saber quem são os corruptos deste país, e não se percebe como é que o candidato da Frelimo se propõe a combater a corrupção se faz parte deste partido que vive e promove a corrupção no seu dia a dia. É preferível que o candidato presidencial da Frelimo fale de outras coisas nesta sua campanha de “caça” ao voto, porque falar de corrupção nesta fase do campeonato, só provoca nojo, e ajuda a divertir alguns dos nossos compatriotas que talvez não vivam no país real.
JOSÉ CHITULA - IMPARCIAL - 22.10.2004