Olhando de frente, por Charles Baptista
Não acredito na FRELIMO que não sabe perder um jogo democrático, diz que ganhou quando perdeu. Em 1999, para a sua vitória “retumbante”, não hesitou em fazer truques, impondo resultados, claramente, fraudulentos, tendo, para tal efeito, instrumentalizado o reverendo Taimo Jamisse, então presidente da CNE. O Conselho Cristão de Moçambique entra para a História do país como uma reserva combativa da FRELIMO, pois, o actual presidente da CNE é desta agremiação e militante assumido da FRELIMO.
Tenho muitas razões que me levam a estar em oposição à FRELIMO. Ainda estudante liceal, em 1974, aderi, incondicionalmente, à FRELIMO, via na Frente a concentração das aspirações mais profundas do povo na sua titânica luta pela independência nacional e liberdade. A FRELIMO encarnava, então, o ideal do povo que, de armas em punho, combatia o regime colonial-fascista. A FRELIMO representava o povo e
não se havia tornado em partido marxista-leninista, não excluía ninguém, todos eram úteis à revolução.
Porém, começaram a surgir sinais de mau tempo com a reivindicação sistemática e exclusiva de estar a
representar o povo, daí, os abusos de toda a sorte.
Quando o povo ainda se regozijava pelos feitos heróicos da independência, viu essa alegria desvanecer-
se em choros, pranto e ranger de dentes, pois, a dignidade humana estava sendo posta em causa pelos libertadores de ontem que viraram em carrascos, em vários casos, piores que os colonialistas ora expulssos.
Instituída a lei de castigos corporais em praças públicas, restringida a movimentação dentro do país de pessoas e bens pela imposição de guias de marcha. Recolheram-se das cidades compatriotas nossos para terras longínquas por se encontrarem desempregados. Prostitutas encaminhadas para terras distantes a fim de aprenderem uma nova vida. A pena de morte foi aplicada contra cidadãos inocentes, de forma bastante injusta, dos que foram presentes ao julgamento, não tinha direito à defesa, enfrentavam um Tribunal Militar Revolucionário composto por militares ferrenhos da FRELIMO, que viam naquela actividade cruel uma maneira de demonstrar a sua fidelidade aos novos ditadores. Um Tribunal composto de juízes semi-analfabetos e sem nenhuma preparação jurídica, a única coisa que sabiam era apenas matar.
Este era o Tribunal que determinava a sorte dos nossos irmãos e amigos, mandava fuzilar, condenar a pesadas penas por crimes que os actuais governantes cometem sem pensar duas vezes.
Não acredito na FRELIMO que não sabe perder um jogo democrático, diz que ganhou quando perdeu. Em
1999, para a sua vitória “retumbante”, não hesitou em fazer truques, impondo resultados, claramente,
fraudulentos, tendo, para tal efeito, instrumentalizado o reverendo Taimo Jamisse, então presidente da
CNE. O Conselho Cristão de Moçambique entra para a História do país como uma reserva combativa da
FRELIMO, pois, o actual presidente da CNE é desta agremiação e militante assumido da FRELIMO.
O posicionamento da União Europeia ao exigir que os seus observadores tenham a liberdade de observar, fiscalizar o processo eleitoral no seu todo, abre largas possibilidades que estas eleições sejam um verdadeiro referendo onde se desempregam os políticos cansados e serão escolhidos novos concorrentes aos postos de governação. A oposição tem todas as possibilidades ao seu alcance de ganhar este pleito eleitoral, com o apoio da UE que agarrou o bicho pelo rabo, emboramente a TVM continue a fazer um jogo sujo de dar preferência à FRELIMO e ao seu candidato.
CORREIO DA MANHÃ(Maputo) - 25.10.2004