Nosso Diário de Campanha
O maior desejo de todos os candidatos à Ponta Vermelha é a mudança no país nomeadamente na forma de gestão da coisa pública, actuação dos órgãos de administração da justiça, funcionamento das instituições públicas, etc.
Assim, inferimos que todos estão de acordo que o país está e crise (em quase todos os aspectos), e que são preciso antídotos (programas coerentes) de modo a recolocar a carruagem rumo à almejada prosperidade e bem estar.
Se o país está mesmo mal, avançamos nós que invocar a “experiência na governação”, como principal elemento desequilibrador entre os concorrentes é um “papo furado”.
Os concorrentes devem apresentar os seus programas de governação, explicar como vão aplicá-los, e deixar o povo escolher aquele que lhes parece mais coerente, em termos da sua exequiblidade, porque, pelos vistos, nenhum dos concorrentes e seus apoiantes possui “experiência de governação” que comova o eleitorado.
Também reafirmamos que o líder que levou o país a tocar o fundo do poço, em termos de corrupção, não possui requisitos morais, suficientes, para “aconselhar” eleitores a votar no candidato da sua preferência porque ele próprio não parece gostar do tal “padrinho”, porque, em primeira instância, é o promotor do “espírito de deixa andar”. Não digam que fomos nós que inventámos, ouvimos. JF
Cordão umbilical
Não há esforço algum que possa conseguir o corte do cordão umbilical que liga a Organização da Mulher Moçambicana e o partido Frelimo, o progenitor.
Criada nos efervescentes anos da conquista da Independência, no país, como uma das organizações democráticas de massa, a OMM, que já teve como “mulher número um”, o presidente Samora Machel, insiste em manter-se como liga feminina da Frelimo, sendo, portanto, enganadora, a sua sigla, ao invocar
todas as mulheres moçambicanas.
Na última terça-feira, na capital do país, a liderança daquela organização manifestou apoio aberto da OMM à Frelimo e o seu candidato à sucessão de Chissano nas eleições de Dezembro próximo.
Assim, desviando da aparente sua vocação, exclui as outras mulheres (filiadas ou simpatizantes de outras formações políticas), mantendo-se como viveiro e retaguarda segura da “Força da Mudança”.
Já nos finalmente, aquele posicionamento é de uma coragem, que temos que reconhecer, ao invés do apoio velado à “maçaroca e tambor” que é visível nas outras ex-organizações democráticas de massa, que continuam, aliás, viveiros daquela formação política.
Mais corajosas foram, igualmente, a Associação dos Combatentes da Luta de Libertação Nacional(ACLLN) e Organização da Juventude Moçambicana, que adquiriram, de forma aberta, o cartão vermelho.
É uma questão de passar, neste período de campanha, por uma das sedes ou delegações das referidas organizações, para de lá sairesclarecido.
JF - IMPARCIAL - 01.11.2004