Comentário de Refinaldo Chilengue
Quando Samora Machel se tornou primeiro Presidente da República Popular de Moçambique, estávamos em 1975 e sabia-se que foi enfermeiro. Fez o que fez. Compreendia-se.
Samora morreu e foi sucedido por Joaquim Chissano, que se sabe tentou fazer Medicina. Até porque foi um passo e o seu desempenho lho mostrou. Razoável.
Voluntariamente Chissano decidiu abdicar de concorrer a um terceiro mandato, direito que a actual Constituição lhe confere.
Não pretendo de jeito nenhum questionar o artigo 117 da Lei Eleitoral, mas me parece que a decisão de Chissano vai empurrar o país para um retrocesso.
O certo e espantoso é que em pleno século XXI aparecem ilustres que nem sequer têm profissão conhecida, para não falar de títulos académicos de nível superior (licenciados em qualquer coisa, nem que seja em enologia, com todo o respeito que tenho com os provadores de vinhos, ou engenheiros), aspirando governar Moçambique, como presidentes da República.
Bem fez o Conselho Constitucional ao nos livrar de “aventureiros” de nomeada, mas de qualquer forma mesmo os que nos restam para opção têm o passado e o presente que têm, e este país merecia melhor: candidatos com webside conhecido, com endereço electrónico pelo menos, onde possamos aceder aos seus dados, programas e agenda. Infelizmente, só nos saem aves: sai o galo e o mais provável é um pato ou perdiz que se segue.
Isto não é estagnação, é um retrocesso, analisando friamente!
Oxalá em 2009 nos apareça algo de nível.
PS: Não quero aqui avaliar a fiabilidade ou não dos resultados das pesquisas do ISPU, mas somente referir o seu eventual impacto (não direi perverso). Mas nos dias 01 e 02 de Dezembro poderão aparecer muitos a olharem no Dhlakama como um “coitadinho” de tão “baixa” aceitação popular e decidirem por lhe passar uma “migalha” no acto da votação. De grão em grão a galinha encheu o papo, diz o sábio adágio popular.
CORREIO DA MANHÃ(Maputo) - 18.10.2004