Oitava côr do arco-íris
Celso Manguana - IMPARCIAL - 22.10.2004
Está claro para todos que Joaquim Chissano não poupa meios para que Armando Guebuza durma na cama que hoje ele ocupa no palácio da Ponta Vermelha. E para isso, aceita dar voz a discursos de uma absurdo aterrador.
Aceita que a versão doméstica do Auschwitz nazi «foi um bom programa socializante».
Assume que a desumanização e coisificação dos moçambicanos arrastados para o Niassa na famigerada “ Operação Produção” foi um boa opção. Tão boa opção que milhares de moçambicanos pereceram na selva onde algumas mentes geniais deliraram ser possível construir uma cidade. Foi tão bom programa que muitas famílias continuam a chorar o paradeiro de parentes arrastados para o
Niassa.
Foi tão programa que a idealizada cidade do Unango não passa de um fantasma na mente de todos que perderam os seu familiares, á custa do sonho parido na Rua Pereira do Lago.
O sonho de uns é o pesadelo de muitos.
O mais grave é Chissano ter defendido a sua tese sobre a “ Operação Produção” num encontro com jovens dirigentes do amanhã que podem acreditar que o combate ao desemprego pode passar pela fórmula frelimista dos anos oitenta.
Ninguém está a pedir que o Chefe de Estado peça desculpas pela “ Operação Produção” .
Mas dá direito à indignação quando ele recusase a aceitar que o referido programa merece lugar na lista dos horrores contra a humanidade.
É o exemplo do que os jovens nunca devem fazer. É o exemplo do que nunca deve ser feito.
Também, dá direito à indignação quando o Presidente da República tenta ilibar Armando Guebuza da “Operação Produção”. Temos consciência de que «foi um programa da Frelimo sob liderança de Samora Machel», mas Guebuza foi o seu rosto visível. Não nos perguntem se quis ou não.
Mas a “Operação Produção” continua associada a Armando Guebuza. Falta de polidez é tentar acusar a quem já não se pode defender.
Samora Machel está morto e os mortos não mentem. Os vivos não hesitam em mentir em períodos de campanha eleitoral. Até vão ao ponto de dizer viva Auschwitz. Amanhã dirão viva Hitler.