O secretário geral da Frelimo e candidato presidencial pelo mesmo partido, Armando Emílio Guebuza, chamou anti-ético a atitude de um observador in-ternacional (da SADC) que se fez passar de jornalista, questionando a ilustre per-sonalidade numa conferência de imprensa, ontem havida na sala vip do Aeroporto Internacional da Beira. Guebuza alertou ao observador que pessoalmente se identificara antes de colocar a sua questão que não estava autorizado a expressar-se naquele tipo de ambiente, aconselhando-o a saber tratar os assuntos em ocasiões propícias.
Contudo, o candidato minimizou o imbróglio, respondendo a questão apresentada que tinha a ver com alegado uso pela Frelimo de meios do Estado para efeitos de campanha eleitoral. “Não estamos a usar nenhum meio do Estado na nossa campanha eleitoral” negou Guebuza.O observador insistiu dizendo que o assunto fora denunciado pela “própria” imprensa nacional, mas Guebuza não alterou a sua declaração, reiterando-a sem mais nem menos uma vírgula – para o fim da insistência.Inconformado, o aludido mem-bro da missão de observação estrangeira abordou ainda no interior da mesma sala, onde havia muita gente agitada com a chegada do candidato, o governador Felício Zacarias e o Ministro Alcídio Nguenha, denunciando que ambos deslocaram-se ao Aeroporto com recurso a viaturas do Estado.
Os dois membros seniores do Governo de Moçambique e do partido Frelimo foram unânimes em afirmar que pelas posições que ocupam gozam de prerrogativas – embora sem sustentação legal.
Felício foi mais longe ao afirmar que até antes da sua destituição continuará a exercer e beneficiar das mordomias previstas para a função de governador provincial, para justificar que como dirigente sénior do governo tem o direito de ser bem tratado.“Digo mais. Eu como governador e membro do comité central da Fre-limo comecei a fazer campanha do meu partido a muito tempo. Nas deslocações que faço aos distritos como governador também faço campanha da Frelimo, é bom que fique claro, que isso não é nenhuma brincadeira” – concluiu o “mano zaca.
O AUTARCA - 26.11.2004