TRIBUNA EXTRA
Coluna de João CRAVEIRINHA
email: [email protected]
MOÇAMBIQUE – ESPECIAL ELEIÇÕES 2004
...Os ditadores tem tanto medo que confundem o estalar (ruído) de folhas (secas) com tiros... (na Carta de HEGEL [Georg Wilhelm Friedrich] – filósofo alemão nasce em Estugarda a 27 Agosto 1770 / morre em Berlim a 14 Novembro 1831 durante uma epidemia de cólera) …
Entramos na última semana de campanha eleitoral que termina no Domingo dia 28 do corrente.
Haverá a pausa de 29 e 30. Eleições a 1 e 2 de Dezembro.
Pese embora na Campanha Eleitoral a DESMINAGEM e em particular o COMBATE ao HIV/SIDA/AIDS não terem sido prioridade de nenhum dos Candidatos, é uma URGÊNCIA sem a qual nenhuma perspectiva de Desenvolvimento Económico ou Planificação de Combate à Pobreza mínima poderá ter lugar em Moçambique. É o efeito Dominó. Uma cadeia de desequilíbrios afectando sectores vitais provocando a queda. Daí a necessidade de todos os Ministérios serem coordenados pelo MISAU–Ministério da Saúde, no combate ao HIV, face à gravidade da situação em Moçambique. Dados de Janeiro 2004 inseridos no Fact Book da CIA dizem que 1.3 milhões (!?) de pessoas
em Moçambique estariam infectadas com o HIV/SIDA.
Estimativa de 12.2% em 2003 e de 14.5% em 2004 segundo o MISAU. Números esses mais assustadores elevando para cerca de 2.5 milhões (?) de infectados numa população de 18 milhões e pouco mais. A maioria infectada seriam mulheres. A ter em conta a poligamia masculina e a promiscuidade na propagação do vírus.
A região Centro a mais castigada: Sofala; Manica; Tete e Zambézia – 57 mil mortos de SIDA registados em 2001. Entre outras causas a região seria “vítima” dos corredores rodoviários (sexuais), do Zimbabué, Zâmbia e Malaui. Em Moçambique, + -110 mil mortos de SIDA de 18 milhões e meio de pessoas numa população com tendência a diminuir no futuro próximo em que cerca de 99.36% são “negros” ou baNTO; 0.5% mestiços dos quais 0.2% euro-africanos; 0.08 % indianos; 0.06% “brancos” ou euro/caucasianos.
Na Educação minimamente Alfabetizados com mais de 15 anos teríamos cerca de um total de 47.8% –, masculinos 63.5% e 32.7% femininos. Na Economia um Valor de Crescimento Real em 7% do PIB – Produto Interno Bruto (2003) e 50% de dependência externa.
Rendimento per capita à volta de 200 US dólares anuais (16.6 usd mês = 365.200 meticais a + - 22 mil mts o dólar). Somente 27% falam português minimamente
compreensível. Na Religião 50% são animistas (tradicionais); 30% Cristãos e 20% Muçulmanos. De salientar que a maioria do Moçambicano professa religião “mixta” –, muitos Cristãos e Muçulmanos recorrem às religiões tradicionais dos espíritos e a
curandeiros como um factor cultural africano muito forte em que o preservativo ou planeamento familiar é mal visto. Este é o Moçambique real a ter em conta!
A Tribuna Extra tentou ALERTAR sobre os Prós e Contras dos Candidatos e de seus Partidos baseando-se em projecções analíticas, intuição e valiosa experiência pessoal na Contra – Propaganda (“escola prática” na FRELIMO - 1969/1972), contra a acção
psicológica colonial (anti -APSIC) ou se preferirem um nome mais pretensioso e moderno diríamos ter pretendido fazer Futurologia política sem entrar em
regras de considerações crítico – filosóficas do “Entendimento” cerebral do alemão Immanuel KANT (1724/1804). Mantivemo-nos fora da Escola da Lógica da Demonstração (Silogismo) do filósofo grego ARISTÓTELES (384 / 322 a.C), onde teríamos este exemplo de Silogismo: - 1. A FRELIMO e a RENAMO são duas faces da mesma moeda e fizeram a guerra e a Paz… 2. A guerra é cruel mas a Paz é boa…3. Logo a FRELIMO e a RENAMO são cruéis (guerra) mas fizeram a Paz! Seguindo este raciocínio seria fazer uma “tabula rasa” e obviamente a leitura não poderá ser assim tão linear ou plana como uma tábua rasa.
Ou será? A ver vamos se o filme não se repete. Seria bom que não se repetisse pois o Poder corrompe e aliena o espírito e continuaríamos com os habituais pedidos de PÃO e ESPECTÁCULOS DE CIRCO como na decadente Roma antiga –, PANEM ET CIRCENSES disse JUVENAL nas suas Sátiras! Continuaríamos sem ALMA.
E um Povo sem Alma é um Povo doente, morto – vivo, transformado num Zombie não do Haiti mas de Moçambique com feitiçaria, vodoo, Papa Doc, Baby Doc e tudo o resto onde o Povo terá morrido sem saber que já morreu continuando sem um Futuro melhor! No fim mesmo, o Povo terá os Dirigentes que Merece. Lá dizia o meu avô judeu –, sefardim algarvio de Aljezur do lugar da “craveirinha”, mini - jardim de cravos da varanda de sua amásia! Pois é! iZóne! (FIM)
CORREIO DA MANHÃ(Maputo) - 22.11.2004