QUEM NÃO DEVE NÃO TEME
Uma arrogância desmedida ameaça fazer descarrilar o processo eleitoral em Moçambique.
Tudo porque um certo partido, que coloca seu vitória e do seu candidato à Ponta Vermelha como imperativo nacional, insiste em ser árbrito, jogador e dono da bola.
Determinou as regras de jogo para a actualização do recenseamento eleitoral tanto dentro do país como na diáspora, passando por cima de todas as reclamações dos seus opositores.
Determinou, sózinho, o impedimento dos observadores e outros interessados de fiscalizar todas fases de apuramento dos resultados das eleições gerais. Quer contar, sózinho, os votos.
Recentemente decidiu, sózinho, escolher um software a ser usado na tabulação dos votos das eleições de 1 e 2 de Dezembro.
Decidiu, sózinho, escolher uma empresa, dos seus membros, para auditar o software a ser usado na referida tabulação, passando, por cima, da obrigatoriedade de concurso público para casos deste género.
Com estes e outros passos dados, está criado cenário para depois de 1 e 2 de Dezembro, logo que depositarmos o nosso voto nas urnas, aquele partido escolher o resultado que lhe convier a si e ao seu candidato e anunciar, publicamente, como sendo a vontade dos eleitores.
Qualquer reclamação vai ser silenciada a tiro, como aconteceu depois das eleições de 1999, onde manifestantes foram esmagados pela zelosa Polícia, que cumpre ordens sem sequer questionar.
Nestes termos, porquê tanta palhaçada das eleições já que o resultado será ditado a partir da sede daquela formação Política?
Gritam a plenos pulmões que a vitória está assegurada porque é um partido do povo, que já mostrou serviço, então porque tanto receio de fazer jogo limpo?
Quem está seguro não teme.
Se outros são “bandidos”, “analfabetos”, criação do Apartheid, alimentados de fora, etc, etc, como vocês dizem, então o povo fará o seu devido juizo.
Quem tem folha de serviço limpo não teme.
Abram o jogo!
JAQUES FELISBERTO - IMPARCIAL - 25.11.2004