por João CRAVEIRINHA
…”Doesn't someone like Dhlakama deserve to be punished just as much as Milosevic?”… (Não merece alguém como Dhlakama ser punido tanto como Milosevic?) …citação de Helena Cobban no The Christian Science Monitor – EUA. http://www.csmonitor.com/
O subtítulo é um excerto de um texto publicado em 14 de Fevereiro de 2002 e agora republicado, me chamou a atenção. Está num jornal Cristão americano Independente que trata de Direitos Humanos. Faz a comparação de CRIMES DE GUERRA na ex. JUGOSLÁVIA e em MOÇAMBIQUE, comparando em particular o actual presidente da RENAMO, Afonso DHLAKAMA, com o antigo Presidente Jugoslavo, SLOBODAN MILOSEVIC, a ser julgado no Tribunal Internacional da ONU em Haia – Holanda, desde 12 Fevereiro de 2002. …”To get at roots of war crime, prosecution isn't enough; By Helena Cobban, Charlottesville, Va. “…(tradução: Para as raízes do Crime de Guerra, o julgamento não é suficiente). Este é o título do tema no jornal diário Cristão norte-americano, The Christian Science Monitor. http://www.people.virginia.edu/~hc3z/Hague-Milosevic.html. Desenvolvendo o tema Helena Cobban questiona: …”But before getting carried away with the prospects for the growing venture of international criminal justice that now has Mr. Milosevic in its grasp, consider for a few moments the contrast between his "case" and that of Afonso Dhlakama. Afonso who? Afonso Dhlakama is the head of a political movement in Mozambique
called Renamo, which between 1975 and 1992 maintained a bloody insurrection against the central government. An estimated 1 million Mozambicans lost their lives to that war, and many of these deaths were truly atrocious. Torture, mutilation, sex-slavery, forced relocations, forced starvation, and enslavement were just some of the means that Renamo used in its warmaking.” (…”Tortura, mutilações, escravatura sexual, deslocados forçados, morte pela fome e escravatura, seriam alguns meios utilizados pela Renamo no seu estilo de Guerra”…)
…”Renamo was generously backed by South Africa
's apartheid regime - and also got some help from the Reagan administration”... Resumindo a articulista tece considerações sobre a origem da RENAMO com apoio da África do Sul do apartheid e algum apoio da administração Reagan (obviamente apoios em dinheiro da CIA e da DIA americanas e do DINFO do Ministério da Defesa de Portugal – nosso reparo). Helena Cobban cita ainda a sangrenta rebelião com um saldo de cerca de 1 milhão de mortos…” many of these deaths were truly atrocious”… muitas dessas mortes verdadeiramente fruto de atrocidades… (continuando) …refere o exaustado governo central Moçambicano acabar por se sentar à mesa das conversações para a Paz com a RENAMO em 1992 aceitando a via eleitoral e os dois lados concordando com uma MANTA DE AMNISTIA PARA TODOS OS ACTOS COMETIDOS DURANTE A GUERRA. Na sua análise, Helena Cobban, questiona que abordagem para uma melhor solução para os milhões de traumatizados de guerra e compara o contraste das duas diferentes regiões: JULGAMENTO EM 1993, como seguiu a antiga JUGOSLÁVIA, ou AMNISTIA, como seria escolhido em 1992 em MOÇAMBIQUE? Questões pesadas a abordar… e segue adiante …Mas a sabedoria – ao contrário de muitos analistas – diz-nos que toda esta matéria não é somente sobre indivíduos bem posicionados, não obstante seus actos horríveis e odiosos, mas sim ser o mais abrangente possível na busca do melhor para as comunidades afectadas. Nestes casos o papel dos julgamentos podem ter lugar mas de resultados muito limitados muito mais do que muita gente pensa nos Movimentos dos Direitos Humanos. A nossa articulista traça ainda o exemplo do Julgamento dos líderes Nazis alemães em Nuremberga logo depois da 2ª guerra Mundial em que os aliados nunca viram em 1945 o Julgamento como panaceia – remédio para os vários e complicados males e problemas do pós – guerra na reconstrução da destruída Alemanha. Prosseguindo Helena Cobban pergunta em que medida este esquema se encaixa nos países que fizeram parte da ex. Jugoslávia em que a comunidade Internacional espera um Futuro melhor para as suas comunidades e em quê se aplica neste projecto o Julgamento de Milosevic? Com algum fatalismo a articulista enfatiza que independentemente das enormes resmas de papel utilizadas em matéria legal produzida pelos altamente bem pagos advogados em Haia senão houver realmente um praticável Plano de Paz para a Bósnia e Herzegovina, para a Croácia, Kosovo e para o resto da Sérvia, para a Macedónia – todas estas regras legais não contarão para nada. No fim a Lei terá de ser para ajudar o povo a viver em conjunto. Caso não seja possível que se procurem outras soluções noutro lado finaliza Helena Cobban.
E nós em MOÇAMBIQUE já superamos tudo? Traumas e ressentimentos? Ou a memória é curta?
NB. Helena Cobban é uma jornalista veterana e autora de cinco livros sobre assuntos internacionais.(FIM)
CORREIO DA MANHÃ(Maputo) - 30.11.2004