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POR ELEITOR ATENTO
Em Dois Mil e Quatro:
Chorarei minha Mãe presa em nome do combate à prostituição
Recordarei minhas irmãs desterradas para campos de reeducação
Lamentarei meus irmãos desaparecidos na Operação Produção
Reviverei Simango e Gwenjere raptados em nome da Revolução
Evocarei Paulo, Raúl e Gwambe, assassinados como Joana Semião
Orarei Jeovás, Cristãos e Muçulmanos, vítimas da tua perseguição.
II
Em Dois mil e Quatro:
Recordarei a faustosa riqueza suspeita de corrupção
Lembrarei o socialista que, dolarizado, nos tirou o pão
Rasgarei garganta num silencioso discurso de reprovação
Porque nem tu nem tua corte reunem justeza para eleição.
Evocarei o desemprego que causaste, para tua maldição
Cantarei a estirpe a que pertences, que espatifou a Nação
Gritarei ao mundo a tua tirania sem perdão
Recordarei eternamente as mil injustiças de então.
III
Em Dois Mil e Quatro:
Mostrarei ao mundo como é teu coração,
O perigo que tu és, com ou sem prisão,
O que as FDS fizeram em nome da Nação.
Se chegares em Moçambique à governação
É voltar aos tempos idos da reeducação,
É empurrar o povo p´ra Operação Produção
Onde tantos morreram por tua causa em vão.
IV
Em Dois Mil e Quatro:
Continuarás a misturar colonialismo, aberração
Com tudo que de mau surgiu nesta nossa Nação.
Ontem quiseste ser proletário, hoje és patrão.
Agora prometes acabar a pilhagem e corrupção,
Como ontem afirmaste combater a exploração.
Usas da tua influência p´ra tudo deitares mão:
A cervejarias, pescarias e vias de comunicação,
Ao turismo, portagens e órgãos de informação.
Manipulas concursos públicos a troco de comissão
Alias-te a sul-africanos, assegurando-lhes dominação
Depois de tê-los combatido, sacrificando a Nação.
Como poderei votar em ti em eleição
Se tudo quanto simbolizas é desmedida ambição
Sujeira, canalhice, extorsão, enfim pura contradição
Em relação a tudo quanto propalaste durante a Revolução?
CORREIO DA MANHÃ (Maputo) – 29.11.2004