O veredicto final das eleições gerais de amanhã e quinta-feira dirá se o partido no poder conseguiu ou não convencer a faixa dos eleitores descontentes a votar em si.
E o número de descontes pode muito bem ter aumentado se tivermos em linha de conta os milhares de cidadãos que engrossaram o exercito de desempregados de 1999 a esta parte em consequência do encerramento de várias empresas falidas após a sua privatização.
A somar a estes estão os ex- trabalhadores na RDA que das duas uma : ou se baterão de ir votar ou então fa-lo-ão penalizando o partido que sustenta o actual governo que se recusa a satisfazer na integra as suas reivindicações. E depois há os ex- trabalhadores dos CFM que se dizem injustiçados no cálculo das indemnizações que lhes foram pagas aquando do seu despedimento.
Nos últimos dias da campanha foi notório o esforço do Governo em reduzir o número de descontentes. “ Coincidentemente”, foram publicamente apresentados novos investidores que vão tomar conta de grandes empresas a muito anos paralisadas e que em fase de laboração podem empregar milhares de trabalhadores. Primeiro foi a Companhia do Búzi , em Sofala , depois a Madal na Zambézia e finalmente as minas de carvão em Moatize.
Foi como que num passe de mágica “ puxar o tapete” aos adversários da oposição que nos primeiros dias de campanha eleitoral já prometia trazer investidores para recuperar essas e outras tantas empresas paralisadas que outrora empregaram milhares de operários.
Da Zambézia chegam-nos informações dando conta que a Primeira -Ministra e Ministra das Finanças , que por sinal é cabeça de lista da Frelimo naquele circulo eleitoral chamou de emergência uma equipa de técnicos superiores do seu Ministério para procurarem solucionar “in extremis” o caso de milhares de antigos trabalhadores da extinta Empresa Moçambicana de Chá (EMOCHÁ) no Gurué que ainda reivindicam o pagamento das indemnizações a quem tem direito na sequência do seu massivo despedimento.
Resta é saber se tais indemnizações serão pagas ainda a tempo de alterar os ânimos dos potenciais eleitores.
E precisamente no Gurué a Frelimo teve uma experiência amarga : nas primeiras eleições de 1994 foi dos poucos distritos da Zambézia onde o partido governamental venceu a Renamo. Ao que parece os ex-trabalhadores da Emochá acreditavam na altura que a Frelimo , já em tempo de paz faria a recuperação e reabilitação das fábricas de chá e eles voltariam a ter os seus empregos garantidos.
Mas até 1999 tal não aconteceu das 13 fábricas que outrora processavam a folha de chá apenas duas voltaram a funcionar.
Resultado o descontentamento teve reflexos nas urnas. A Renamo- União Eleitoral teve a seu favor a maior parte dos votos também neste distrito do norte da Zambézia.
Por sinal a lição foi aprendida daí a corrida para pagar as indemnizações em atraso e “ coincidentemente “ a poucos dias da votação.
Veremos pois se este esforço dará os seus frutos.......nas urnas.
Media Fax – 30.11.2004