Como era previsível, o candidato presidencial pela coligação Renamo-União Eleitoral, paralisou a cidade da Beira à sua chegada para o fecho da campanha eleitoral que terminou oficialmente ontem, 28 de Novembro. Até ao final da manhã de Domingo, um mar de gente inundava o aeroporto da Beira, num gesto de demonstração do apoio inequívoco que concedem a Afonso Dhlakama e à coligação que dirige. Foi um cenário que ultrapassou as expectativas e provocou admiração não só entre os nacionais como também aos estrangeiros que tiveram a oportunidade de assistir à “mega” manifestação popular que se registou na recepção do líder da Renamo na capital provincial de Sofala. Para quem conhece a Beira, a rota de saída do aeroporto em direcção ao bairro da Munhava, ficou completamente bloqueada, quando milhares e milhares de apoiantes da “perdiz”, entre velhos, jovens e crianças, marchavam, a maior parte a pé, outros de bicicletas, motorizadas e viaturas que faziam parte do cortejo de Dhlakama. «Doa a quem doer, Dhlakama e a Renamo-União Eleitoral já ganharam», era um dos slogans que se ouvia entre gritos de euforia , buzinadas dos manifestantes da “perdiz”. À medida que Dhlakama, que se fazia transportar numa carrinha de caixa aberta na companhia da sua esposa Rosália e quadros do seu partido na Beira, avançava em direcção à sua residência na Ponta-Gêa, podia-se ver multidões de pessoas que se concentraram em diferentes locais ao longo da estradas nos bairros do Aeroporto, Manga, Ponte sobre a Auto- Estrada, Vaz, Munhava, Pioneiro, Esturro, para saudar o candidato presidencial da maior e principal força da Oposição moçambicana. O bairro da Munhava, foi o epicentro da Manifestação que chegou a provocar uma onda de nervos a temida Força de Intervenção Rápida (FIR), que destacada para o mais populoso bairro da Beira supostamente para manter a ordem. A FIR, chegou a atacar os manifestantes da Renamo usando granadas de gás lacrimogéneo num incidente que se saldou em 5 feridos, dos quais 3 crianças que foram conduzidas ao Hospital Central da Beira para assistência médica. Dhlakama chegou à Beira ido da vila de Gorongosa, para onde se deslocou a partir da Ilha de Moçambique na província de Nampula. «Vim para carimbar a vitória»
Na Beira, Dhlakama, não programou nenhum comício de encerramento, mas fez um discurso de improviso à frente da sua residência, renovando o apelo aos moçambicanos para que participem em massa nos dias da votação. Aproveitou a ocasião para reafirmar o seu cometimento no cumprimento do seu programa de governação caso seja confirmado vencedor das eleições presidenciais dos dias 1 e 2 de Dezembro de 2004. «Vim para carimbar a vitória. Quero garantir ao povo que irei cumprir o meu programa. Prometi ao povo lutar pela democracia, prometi parar com a guerra, o cessar fogo, e apesar de humilhações não voltei à guerra. Hoje sou uma figura reconhecida internacionalmente. São poucos lideres africanos que cumpre com as promessas» disse Afonso Dhlakama perante a multidão que o acompanhou a casa. Dhlakama não deixou de agradecer aos moçambicanos pela «participação em massa» nos seus comícios. «O povo demonstrou que quer mudanças e demonstrou que Dhlakama é capaz de governar. Não há armas, bazucas que podem parar a vontade popular» frisou. O presidente da Renamo-União Eleitoral, voltou a repisar que se for eleito presidente da República, não será «corrupto, e ladrão e nem preguiçoso». «No seio do meu Governo, se um ministro, governador, administrador ou mesmo o meu irmão roubarem serão presos. Não haverá moçambicanos da 1ª, 2ªou da 3ª. Isso só acontece com o regime comunista da Frelimo» acusou. À sua chegada ao Aeroporto da Beira, o candidato presidencial da Renamo-EU, desmentiu que tenha ameaçado tomar o poder à força nas províncias onde for declarado vencedor. Num contacto com a imprensa nacional e estrangeira, recordou que desta vez se houver fraude eleitoral não vai persuadir a população a tomar a decisão que bem entender. «Aquele que realmente ganhar deve tomar posse. Se é que é assim, como último recurso o povo pode decidir. Dhlakama jamais poderá persuadir a população. O que afirma é claro. A democracia significa satisfazer a vontade das pessoas que votam», realçou o líder da Renamo. José Chitula - IMPARCIAL - 29.11.2004