O pensamento de: Charles Baptista
As eleições do próximo mês de Dezembro serão um referendo para a FRELIMO e para a Oposição. Passa quem tiver trabalhado e mostrado que pode melhorar a vida do povo. Para qualquer partido político, o seu desafio maior é alcançar o Poder Político para poder pôr em prática o seu programa de governação, corrigir aquilo que acha que está errado na governação. Um partido político que não ambiciona alcançar o Poder de Estado é melhor reformar-se, fica condenado a desaparecer e os seus dirigentes
poderão procurar outras ocupações mais interessantes e deixar a política para os mais criativos e ambiciosos.
O comportamento do eleitorado depende tanto dos efeitos de longo prazo, nomeadamente, as clivagens sociais, identificação partidária e sistemas de valores,
como de efeitos de curto prazo, tais como económicos, avaliações de candidatos em jogo e outros acontecimentos sociais e políticos de grande relevo. Desde os finais da década de 70 e início dos anos 80, tem-se defendido que o impacto dos efeitos de longo prazo sobre o comportamento eleitoral está em declínio, particularmente, em democracias estabilizadas, assim como em algumas democracias emergentes.
Uma das características distintivas do voto económico é a racionalidade dos eleitores. Os eleitores recompensam o governo no poder pelo bom desempenho económico e punem-no pelo mau desempenho que tiver demonstrado. Para punir o partido no poder pelo mau desempenho sócio-económico, os eleitores avaliam as alternativas. Se a avaliação das alternativas for negativa em relação aos novos candidatos ao poder, os eleitores preferem votar no demónio que conhecem, mandando passear o novo que não conhecem.
Durante o processo de avaliação, os eleitores usam diferentes métodos para tomar uma decisão que lhes beneficie: sociotrópico/prospectivo e egocêntrico/ retrospectivo. O método sociotrópico baseia-se mais numa visão a nível comunitário. Os eleitores procuram olhar para aquilo que está sendo feito de positivo ou negativo na comunidade ou no país no seu todo. Ao contrário, o método egocêntrico funciona mais ao nível familiar ou individual. Os eleitores olham mais para as suas condições económicas e não da comunidade ou país.
O método retrospectivo baseia-se na comparação entre o passado e o presente. Os eleitores procuram olhar para o que foi feito nos últimos anos em que tivesse beneficiado a sua comunidade ou família e cada um individualmente. O método prospectivo baseia-se mais nas perspectivas do futuro para toda a sociedade. Os eleitores olham mais para as políticas que os partidos se propõem fazer, caso ganhem as eleições.
A aplicação da metodologia do voto económico pode-se revelar problemática em países com coligações governamentais. Nesta situação, torna-se extremamente difícil aos eleitores atribuírem responsabilidades ao governo pelo seu fraco desempenho económico, social e político porque o governo é constituído por vários partidos políticos.
CORREIO DA MANHÃ(Maputo) – 15.11.2004