Dionísio Quelhas*
Contrariamente ao que acontece noutras paragens do planeta, a gestão do nosso Instituto Nacional de Segurança Social, é vergonhosa e leva a crer haver uma grande promiscuidade e roubalheira com interesses políticos, senão, vejamos
0 INSS foi criado em 1989 por forma a garantir uma reforma condigna para milhares de trabalhadores moçambicanos que para o mesmo descontaram ao longo do seu período activo de vida.
O INSS gere muitos bilhões de meticais senão trilhões fruto de contribuições das trabalhadores e das entidades empregadoras.
Em 1995 o INSS subscreveu cerca de 500.000 USD de acções no BlM, então detido em 50% pelo grupo BCP e o restante pelas empresas públicas moçambicanas, para além do Fundo para o Desenvolvimento da Comunidade FDC liderada pela ex-primeira dama de Moçambique e da África do Sul, a senhora Graça Machel. Nesta altura, o Ministério do Trabalho era dirigido por Guilherme Mavila e tinha como membro do conselho fiscal do Banco Mercantil e Investimento, BMI, Teodato Hunguana, antigo membro de vários gabinetes governamentais e ex-deputado da Frelimo, e hoje membro do Conselho Constitucional.
Em 1997, o então ministro das Finanças Abdul Magid Osman cria a SCI - uma holding “fantasma” para cuidar dos interesses empresariais do Partido Frelimo desde a Independência de Moçambique em 1975.
O INSS, subscreveu mais um l.5 milhão de dólares americanos em acções com um lugar no Conselho de Administração da SCI, a dita hoolding para sossegar e enriquecer os frelimistas bem posicionados, ficando Abdul Magid Osman, Arnaldo Lopes, Pereira e Alcinda Abreu nos Conselhos de Administração do Banco e das diversas empresas ligadas ao Banco tais como GCI e BCl-Leasing, IMOBCI ligadas ao Banco Comercial de Investimento, etc.
Na altura o INSS subscreveu 900 000 USD de capital na falida Credicoop, a cooperativa onde se encontrava ligado o então ministro de Segurança e arma secreta de Samora Machel, Jacinto Soares Veloso.
Como se não bastasse, Guilherme Mavila, ex-ministro do Trabalho, mandou o INSS subscrever quase 400.000 USD no BDC, Banco de Desenvolvimento e Comércio, presidido por Hermenegildo Gamito ex-presidente do falido Banco Popular de Desenvolvimento, e das falecidas empresas Mabor e Maquinag e, tal como todas as figuras aqui mencionadas, é destacada figura da Frelimo, pertencente a ala da Banda Maravilha do seu Partido
Hoje, Guilherme Mavila, ex-Ministro do Trabalho, é um dos administradores não executivos do BDC. Acontece que a subscrição destas acções não terá valido muito, na medida em que não há critérios de investimentos Na banca, não deram até a data, lucros, como se pode depreender do mais recente relatório de contas que, aliás, privilegiou o conforto dos seus chefes, no lugar de apetrechar a instituição ou melhor, servir os seus contribuintes, os trabalhadores moçambicanos
Actualmente o INSS tem como assessor económico ti antigo Governador do Banco de Moçambique, Prakash Ratilal
No tempo da administração de Victor Zacarias no INSS, pelo menos 5 milhões de dólares americanos foram investidos nos diversos bancos, hotéis e imóveis, que não produziram o esperado.
Recentemente um antigo ministro da Defesa Nacional e do Trabalho. Aguiar Mazula, foi nomeado pelo antigo primeiro ministro Páscoal Mocumbi para presidir os destinos do INSS.
São todos camaradas do estilo comunista entrados na Frelimo aos 15 anos como combatentes acérrimos contra o capitalismo e, aos 40 anos comportam-se piores que capitalistas selvagens, e, paradoxalmente, abraçaram a vida empresarial beneficiando das contribuições da classe trabalhadora que sempre disseram defender
E o negócio entre os camaradas da Frelimo não para por aqui:
Rui Baltazar, hoje Presidente do Conselho Constitucional estava também na presidência da Assembleia Geral do Grupo BIM, Abdul Carimo e Oscar Monteiro ex-ministro samoriano e consultor de mão cheia do Partido Frelimo para as consultorias na Assembleia da República está no grupo BCI, Alberto Chipande, ex-ministro dos leões que sempre fugiam na floresta esta no BDC de Hermenegildo Gamito e por ai fora, como Verónica Macamo como presidente do Fundo de Turismo e Casimiro Wate como presidente do Fundo do Desenvolvimento Ambiental, todos camaradas da Frelimo e outros que destacaram com mais vivas a Frelimo
O INSS, subscreveu ainda capital no famoso BMI, Banco Mercantil e Investimento para onde o actual candidato a Presidente da Republica pelo partido Frelimo e ideólogo da operação produção e das guias de marcha, e o esposo da primeira ministra, o doutor Albano Silva são também alguns dos accionistas beneficiários, tendo também como sócio o ex-delegado do Ministério de Trabalho na ex-RDA, e agora delegado do Ministério do Trabalho na RSA.
Urge uma investigação séria por parte da Procuradoria Geral da República com vista a defesa dos interesses dos contribuintes do INSS.
E, o Presidente da República esqueceu-se.
* Deputado pela Renamo-União Eleitoral
SEMANÁRIO ZAMBÉZE – 18.11.2004