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JOÃO MATANATO*
7. No governo de Chissano, Guebuza exigiu e temou a pasta de Transportes e Comunicações
e, o resultado foi o que vimos em Tenga, onde duzentas pessoas perderam a vida num acidente ferroviário.
É que o senhor Guebuza apenas se preocupou em privatizar os CFM, levando para o mundo
do desemprego milhares de moçambicanos, inclusive equipes de manutenção das linhas ferroviárias, dai acidentes sem precedentes e, na área da Aeronáutica Civil assistimos impavidamente à destruição das Linhas Aéreas de Moçambique(LAM).
Usou o estatuto de ministro de Transportes e Comunicações para criar para si uma série de
empresas do seu pelouro, tais como Transcarga, hoje falida por má gestão, a TRAC, cujos
accionistas principais tinham que negociar com ele, condicionando-os, próprio de corruptos oportunistas, Cornelder, Inspetec, metendo dedo nas já existentes TATA Moçambique,
Navique, Emose,...
8. A sua ambição pelo poder é desmedida. Para acumular mais algum dinheiro para a sua
campanha eleitoral, foi capaz de lançar para o desemprego, quatrocentos operários da
Fábrica de Cervejas Laurentina, condenando no mínimo, duas mil bocas à pobreza absoluta.
9. Nos golpes de Estado, que se propalaram neste país, o nome do senhor Guebuza estava
intimamente ligado, pois, ouvimos os réus Mabote e Manuel António a apontar-lhe o dedo
acusador. Duvidamos que a morte, por asfixia, em praia, do coronel General Sebastião
Marcos Mabote esteja dissociada à sua figura, bem como duvidamos das mortes de Carlos
Cardoso e Siba Siba Macuácua.
Porquê não, Samora Machel que o havia colocado na prateleira do esquecimento depois
da reunião de Nampula?
Basta sabermos que para a execução sumária dos ditos reaccionários de Mutalela, o seu dedo
esteve mais alto na sessão do Bureau Político.
10. Quanto desemprego experimentaremos, sabido que nas empresas do multimilionário a
colocação não obedece qualificações, mas sim a afinidades e, ele, fareja tudo que é actividade
económica, desde as melhores parcerias, as melhores terras, o mar, a comunicação social,
o comércio, transporte, ...
11. O exemplo mais flagrante é ter-se tornado dono do distrito de Matutuíne, afectando toda
uma produção de cimento nacional, com a venda de clinker de Salamanga, valendo-lhe quatrocentos mil dólares americanos, a concessão temporária de uma propriedade que não lhe custou absolutamente nada e, se calhar nem paga os direitos de uso e aproveitamento de terra. Moçambique perdeu a companhia que pretendia instalar o Ecossistema, por causa desse senhor, que no lugar de concorrer a presidente de um país que tanto mal fez, devia estar no banco dos réus. Quantos camponeses terão perdito as suas machambas?
Convido todos os eleitores a pensarmos juntos, nas seguintes questões:
- Esse homem que nos aparece agora a pedir votos, para ser pai da Nação terá mudado, sabido que um ambicioso nunca muda?
- Por que é que Samora nunca lhe deixou ficar mais de seis meses num posto ministerial?
(...)É inconcebível que a Frelimo que se vangloria de ser maduro, experiente com tanto jovem bem formado, se prenda a um passado retógrado e, não só, como também é pouco ético para um país que se pretende democrático, ter um homem à cabeça que é dono da água que bebemos, isto é, na qualidade de accionista da Águas de Moçambique.
Seja dono da Estrada Principal (TRAC), seja imperador do pescado nacional, seja proprietário da rede de comunicações(...)
Mais do que isso, todos sabem que o senhor Armando Emílio Guebuza não descende de uma família com tradições empresariais, pois, no Chamanculo, bem ali na Rua Lacerda de Almeida, ainda reside a sua mãe em casa de madeira e zinco, o que prova que não teve herança nenhuma, senão aproveitar abusivamente dos sucessivos postos ministeriais que ocupou para encher o seu
saco, invadindo os cofres do Estado, alimentados por donativos, dívida pública e contribuição dos nacionais(...)
*Pseudónimo – IMPARCIAL – 25.11.2004