(Maputo)
“Várias balas de “AKM” disparadas para desfazer numa sentada a cabeça acabaram com a vida de Carlos Cardoso, jornalista conhecido e reputado de Moçambique”.
“O proprietário do “metical” começou a ser notícia dramática ao princípio da noite, quando telefonemas se cruzavam, para confirmar se era verdade que tinham baleado mortalmente Cardoso”.
“Ele e o seu motorista do “metical”, Carlos Manjate, este tripulando um Toyota Corola, foram surpreendidos junto do “Parque dos Continuadores”, depois do jornal, na Av. Mártires da Machava”.
“Foram várias as rajadas disparadas sobre Cardoso apontadas na sua cabeça, que a estilhaçaram completamente. Os homens vinham em dois carros que bloquearam a marcha do motorista e descarregaram a sua fúria”.
“A sua camisa azul e as habituais “jeans” faziam verter lágrimas de emoção aos homens da pena que quiseram ir directamente à Casa Mortuária”, foi assim como o mediaFAX reportou o hediondo assassinato, no passado dia 23 de Novembro de 2000, daquele que foi o primeiro editor deste jornal, e não só, do primeiro jornal privado.
Presentemente existem indivíduos detidos que foram julgados, porém, sobraram dúvidas sobre quem são, na totalidade, os mandantes do crime. Um dos que foi implicado como mandante, ao longo do julgamento, foi Nyimpine Chissano, filho do actual Presidente da República, que chegou a ser arrolado nesse processo como declarante, todavia, durante a audiência negou o seu envolvimento.
Presentemente há um processo autónomo referente ao caso que não tem andado, dura dois anos mais dois meses e três dias. Vários são os dados publicados em jornais que dão conta de estar-se perante um processo que o sistema luta por arquivar, quiçá, devido ao alegado envolvimento de Nyimpine Chissano. Curiosamente, uma das figuras chaves que prestou declarações que ilibavam Nyimpine do caso, a empresária Cândida Cossa, durante o julgamento do caso, veio mais tarde contar ao Tribunal, no âmbito do processo Autónomo, que tudo quanto declarou durante o julgamento do caso não constituía verdade e que fê-lo à mando de Nyimpine Chissano, que, segundo como explica nesses autos, tal acção teve lugar no Palácio da Ponta vermelha.
O chefe do esquadrão que executou Cardoso, actualmente é que é notícia. Julgado e condenado à revelia, Aníbal dos Santos Júnior, veio a ser capturado na África do Sul, tendo regressado ao país no próprio dia da leitura da sentença, após uma fuga da “BO”, que diga-se, foi facilitada, porém, do julgamento que se seguiu aos acusados da referida autoria, não houve nenhum culpado.
Actualmente o mesmo Aníbal dos Santos Júnior encontra-se sob custódia das autoridades canadianas, em Toronto, onde foi parar após uma outra “soltura” misteriosa da “BO”. Neste processo, os suspeitos que então estavam detidos entre o pessoal de guarda e segurança da “BO”, foram todos soltos tendo pago uma caução que se situa na ordem de pouco mais de três milhões de meticais por cada um deles.
No meio de todo o mistério que envolve o assassinato de Cardoso, adicionado às duas fugas de Aníbal dos Santos Júnior, que pelos vistos também não têm culpados, permanece a penumbra sobre os verdadeiros mandantes do assassinato de Cardoso.
Nos últimos tempos, a sociedade civil e a comunicação social canadiana é que têm feito muito barulho para que Aníbal dos Santos Júnior seja deportado para Moçambique e que não lhe seja concedido o estatuto de refugiado como pretende. Estranhamente, do lado das autoridades moçambicanas pouco barulho tem sido feito junto das suas congéneres canadianas.
(J.C) - MEDIA FAX - 22.11.2004