TRIBUNA extra
Coluna de João CRAVEIRINHA
Moçambique – Especial Eleições 2004
Da inúmera correspondência recebida de moçambicanos atentos à Campanha Eleitoral, seleccionei excertos do desabafo de um leitor de Maputo como parte da VOX POPULI.
Sobre a Renamo (...) "sabes que a RENAMO é uma cultura, é um modo de estar, quase a tocar as raias do irracional, sem ideologia, um instrumento de vinganças e de sonho para exorcizar frustrações de muita gente recalcada" (...) Sobre a Frelimo (...) "Ando irritado com o Chissano, que ultimamente tem reunido com as forças vivas (professores, escritores, músicos, religiosos, empresários), praticamente fazendo em pouco tempo o que ele não (quis) fazer em
18 anos de governação. Ganha força a ideia de que a FRELIMO sabe fazer as coisas, não quer é fazer, só se preocupando com as coisas dos camaradas deles, mudando de comportamento quando vê os seus interesses ameaçados ou quando alguém os apalpa em sítios menos próprios. Estes tipos tomam-nos por mentecaptos. Antes só viajava, agora já sabe que tem de reunir com as pessoas para saber o que elas pensam sobre as coisas.
Antes não queria saber? Antes que estoire, um abraço"...(fim de citação). Sem comentários!
Entramos na quarta semana das diversas Campanhas de Propaganda Eleitorais para as Legislativas e Presidenciais. Os vários apoiantes Partidários prosseguem dentro da rotina. No entanto a registar no dia 10 de Novembro, quarta-feira em GAZA o boicote ao Direito Constitucional do Candidato Afonso DHLAKAMA (Dlakhama) de fazer Campanha eleitoral. Aconteceu no mercado Limpopo no Xai-Xai (IntChai – IntChai), vulgo mercado Afonso Dhlakama na capital de Gaza. O Candidato DHLAKAMA manteve no terreno uma elevada estatura de líder político evitando o confronto de características imprevisíveis. De lamentar estas manifestações pela parte de elementos indisciplinados da FRELIMO e de estranhar o silêncio do seu Candidato Armando GUEBUZA ao não repudiar com firmeza tais actos que eventualmente colocariam em perigo a integridade física de Afonso DHLAKAMA. Com estas atitudes os apoiantes da FRELIMO na realidade fazem o jogo da RENAMO, tornando-a vítima e empurrando os inúmeros eleitores indecisos para o voto a favor da RENAMO. Em Manica foi a humilhante detenção de Dionísio QUELHAS, um dos quadros superiores da RENAMO, a ter problemas com a Polícia e há relatos de situações semelhantes em Nampula e noutros locais do País. Não será com atitudes desesperadas que a FRELIMO vencerá as eleições. O Candidato do Partido FRELIMO, Armando GUEBUZA, tem de deixar bem claro a seus militantes que evitem boicotes e desacatos sobretudo contra a RENAMO não mais inimiga mas sim PARCEIRA no Multipartidarismo. O mesmo se aplica a militantes da RENAMO nas regiões onde tradicionalmente tem apoio popular. Terão de evitar a violência e a provocação contra a FRELIMO. A Guerra terminou em 1992.
DESTAQUES dos CANDIDATOS e PONTUAÇÃO de 0 a 20 vlrs
Raul Domingos – e o seu Partido PDD em campanha pelo Norte – Nampula, em caso de vitória, faz promessas numa linguagem pró – Desenvolvimento prometendo infra-estruturas básicas como acesso à ÁGUA e apoio às Machambas, Indústria, Educação grátis e auto – Emprego. Nota: 12 valores.
Armando Guebuza – Num tom nacionalista “irritado”, afirmaria que a FRELIMO fez mais por Moçambique em 29 / 30 anos que Portugal em 500 anos. Em termos de cidadania para a esmagadora maioria do negro moçambicano é um facto pese embora os atropelos aos Direitos Humanos por ele ignorados. Mas como disse recentemente – José Eduardo dos SANTOS, Presidente de Angola …” Direitos Humanos não enche a barriga”... (Mas a quem? Perguntamos!) …Em relação à afirmação de Armando GUEBUZA (sobre os 500 anos), provavelmente seja uma resposta aos inúmeros “ex-colonos portugueses saudosistas” (apoiantes da RENAMO) e ressentidos contra a Independência conquistada pela FRELIMO. Semana passada GUEBUZA em Manica. Nota: 11 valores.
Afonso Dlakhama (Dhlakama): Em Campanha no Sul do Save mantém o perfil elevado não respondendo a provocações. Esperemos que mantenha esse perfil caso vença as eleições e contenha os seus apoiantes actualmente em atitudes de Triunfalismo sobretudo nas suas zonas de maior influência contrastando com o nervosismo e medo de derrota dos apoiantes da FRELIMO. Nota: 15 valores.
Ya-qub Sibindy – Na passagem por sua região natal – Manica, campanha de discurso semelhante ao de Raul DOMINGOS sem nada de inovador fora o aspecto de não utilizar o Islamismo como motivação e atacar a FRELIMO não mencionando os outros adversários. Nota: 09 valores.
Carlos Reis – Na digressão pela Zambézia tenta mobilizar apelando ao máximo o sentimento regional popular angariando possíveis votos numa região onde poderá melhor ser ouvido devido à sua forte intenção regionalista. Entre outros aspectos, ao prometer acabar com o imposto de bicicleta (alçada municipal), revela uma tendência populista sem base sólida de discurso e desconhecimento dos problemas mais urgentes do País e da Zambézia em particular. Carlos REIS, talvez se esqueça que a ZAMBÉZIA não é um País mas uma Província de um País – MOÇAMBIQUE. Nota: 03 valores. ■
(Continuaremos a acompanhar o evoluir das Campanhas)
CORREIO DA MANHÃ(Maputo) - 15.11.2004