Perante os resultados eleitorais, divulgados pela RM e TVM, alguns intelectuais orgânicos, conhecidos na praça, tentam nos vender lições de Ciência Política. Fazem nos crer que a suposta derrota da Renamo e do seu líder obriga à demissão de Afonso Dhlakama da liderança da Renamo.
Tais teses fingem não saber que o processo democrático, em Moçambique, é uma machamba fraudulenta. Nasce couve onde se supunha que houvesse salada.
São os intelectuais que acreditam que a Luta Armada continua a ser factor de legitimação política.
São jovens que acreditam que Macuacuamente devem a sua gravata ao partido com sede na Rua Pereira do Lago. Um escritor, com alguma fama, chama-lhes os paradigmas da “nenhumação”.
Mas temos a obrigação moral de lembrar aos supostos intelectuais que a suposta derrota da Renamo não significa a renúncia de Afonso Dhlakama. Está em curso uma operação para decapitar a Renamo e a sua liderança. A todo custo. É uma operação antiga. Só mudaram os actores. Actores principais eram os que Afonso Dhlakama derrotou no teatro de guerra.
Alguns jovens, a troco de 4X4, tentam inventar um país no qual eles próprios não acreditam.
Também um 4X4 tornou-se sinónimo de nenhumação.
Mas há coisas que os intelectuais da nossa desgraça fingem não saber. Também, são obrigados a fingir que não sabem. É uma questão de sobrevivência. Pessoal, Afonso Dhlakama ganhou a guerra contra o regime monolítico de Samora Machel. É ou não é? O Chissanismo teve que negociar com Dhlakama a aparente paz que se vive em Moçambique.
Dhlakama , a se confirmar a sua suposta derrota não será um caso único de um líder que perde três eleições.
Bom, vamos sossegar os intelectuais orgânicos da Rua Pereira do Lago. O actual presidente do Brasil é marciano.
O actual presidente do Senegal é saturniano.
Tudo o resto é poesia. Terrestre e moçambicana.
CELSO MANGUANA - IMPARCIAL - 13.12.2004
PS: No próximo exame da admissão a UEM devia constar a seguinte pergunta: Quem
ganhou a guerra contra a ditadura frelimista ?