RESULTADOS DAS ELEIÇÕES GERAIS DE 2004
Poucas dúvidas restam de que o partido FRELIMO e o seu candidato, Armando Guebuza, ganharão, oficialmente, as eleições gerais de 01 e 02 de Dezembro de 2004, com resultados substancialmente superiores aos alcançados em 1999, a avaliar pelos dados oficiais até agora disponíveis.
De resto, já estão em marcha preparativos das festividades tanto dentro como fora de Moçambique
para celebrar estes feitos, conforme apurou o nosso jornal de figuras envolvidas nesses esforços.
Por seu turno, a coligação RENAMO-União Eleitoral e o seu candidato, Afonso Dhlakama, mal conseguem lamber as feridas do desaire, ainda com um “score” flagrantemente humilhante, comparativamente aos resultados alcançados nas eleições de 1994 e 1999.
Para além das numerosas irregularidades que marcaram o processo, analistas competentes ouvidos pelo Correio da manhã consideram que para a vitória do partido FRELIMO e do seu candidato pesaram decisivamente factores como a abundância de recursos, ab(uso) do poder e insistência no espectáculo extravagantemente luxuoso que caracterizaram a sua campanha eleitoral como elemento de mobilização do eleitorado.
Praticamente o grosso dos meios (humanos e materiais) da Administração Pública, quase em todos os escalões, formal e/ou informalmente, foi posto ao serviço do partido FRELIMO e seu candidato, paralisando, virtualmente, o país, com grande parte do estado entregue à campanha do partido governamental e Guebuza.
Em contrapartida e aliada à velha improvisação que é sua marca de registo, a RENAMO- UE e o seu candidato avançaram em desvantagem, comparativamente ao seu arquirival, como reza o parágrafo
anterior.
Para não variar, a campanha eleitoral da RENAMO-EU e de Dhlakama foi marcada por uma gritante escassez de recursos (o que está a gerar sururú relativamente à gestão interna do partido), elevado
grau de desorganização e uma frouxa ou vazia mensagem eleitoral, daí apenas manter nos resultados oficiais destas eleições alguma implantação apenas nas províncias de Sofala e da Zambézia e perder, em certos casos vergonhosamente, baluartes seus como Nampula, Manica e Tete.
Exercício fútil
Muitos nomes sonantes de figuras altamente activas politicamente no Parlamento, do lado da RENAMO, estarão definitivamente ausentes na Assembleia da República, ou porque reprovaram nas eleições internas ou porque não foram eleitas nas listas por que concorreram.
Se é que a FRELIMO partiu para as eleições predisposta para práticas de manipulação do sentido do voto, a RENAMO, que não é caloira neste tipo de processos, tinha por objectivo acautelar-se no sentido de contrariar essas práticas, ao invés de se entregar a prantos hoje, depois do burro morto (a exemplo do fútil exercício que muitos dos partidos da oposição protagonizaram esta terça-feira), como sói dizer.
É uma tragédia política para o maior partido da oposição que, em meios restritos, é inclusivamente lamentada até pelos próprios militantes esclarecidos da FRELIMO, que acreditam que o futuro Parlamento será extremamente “pobre” em termos de debate por se apresentar “quase partido único”.
(Redacção) – CORREIO DA MANHÃ(Maputo) – 15.12.2004