A missão de observação do Centro Carter às eleições deste mês em Moçambique manifestou hoje preocupação com «algumas irregularidades» na contagem dos votos e alertou para a perda de credibilidade do escrutínio devido a atrasos no processo.
O representante do Centro Carter em Moçambique, Nicolas Bravo, disse à Agência Lusa que a sua organização detectou «algumas irregularidades» na contagem de votos nos dois maiores círculos eleitorais do país, Nampula, norte, e Zambézia, centro, e em Gaza, no sul.
Bravo escusou-se especificar que tipo de anomalias os observadores do Centro Carter verificaram, remetendo para uma declaração que a organização vai emitir ao longo desta semana.
«Há aspectos que merecem a análise de todos os intervenientes no processo eleitoral, temos dúvidas sobre a legalidade de algumas situações que estão a ocorrer em alguns círculos eleitorais», sublinhou o representante do Centro Carter em Moçambique.
Sobre o impacto que as irregularidades podem ter no desfecho das eleições de 01 e 02 deste mês em Moçambique, Nicolas Bravo afirmou ser ainda de «difícil» avaliação.
Bravo referiu-se ainda aos atrasos no apuramento dos votos em diversos círculos eleitorais, estimando que essa demora pode tirar credibilidade aos resultados da votação, se não for ultrapassada.
«Não somos cegos, conhecemos as dificuldades que Moçambique enfrenta, mas é importante manter o processo eleitoral fora de eventos que lhe tirem credibilidade», sublinhou o representante do Centro Carter.
Protesto colectivo
Entretanto, os presidentes dos partidos da Oposição moçambicana vão analisar, hoje, terça-feira, as supostas irregularidades cometidas ao longo do processo eleitoral, tendo em vista a produção de um protesto colectivo a remeter aos observadores nacionais e estrangeiros.
A RENAMO, principal partido da Oposição, já formalizou a entrega aos observadores e representações diplomáticas de um conjunto de documentos que afirma serem as provas das alegadas irregularidades ocorridas durante o processo eleitoral em Moçambique, disse, ontem, à Lusa o seu porta-voz, Fernando Mazanga.
«Alguns presidentes dos partidos da Oposição encetaram contactos neste sentido e deverão elaborar, terça-feira, um documento conjunto reflectindo as reclamações de cada uma das formações políticas da Oposição por não concordarem com a forma como o processo eleitoral decorreu», avançou Mazanga.
IMPARCIAL – 14.12.2004