ANÚNCIO DOS RESULTADOS DAS ELEIÇÕES
Pelo rumo dos acontecimentos, tudo leva a crer que as autoridades eleitorais não vão conseguir divulgar amanhã os contestados resultados eleitorais das últimas eleições gerais deste país.
Até ontem grande parte dos dados relativos às províncias do centro e norte do país ainda não tinham chegado a Maputo para o seu processamento final. Mesmo assim, as autoridades continuam a dizer que os resultados finais destas eleições serão conhecidos esta sexta feira, como aliás está previsto na lei eleitoral vigente em Moçambique.
Sofala e Nampula são as duas províncias que lideram a lista das províncias que ainda não estão perto de concluir o apuramento a nível local para que os dados sejam enviados a Maputo para a sua análise e incorporação nos dados a nível nacional. Até ontem falava-se de morosidade, em Sofala, enquanto que na província de Nampula as autoridades locais alegavam problemas no sistema informático.
Refira-se que o sistema informático montado, às pressas, pela decisão dos representantes da Frelimo na Comissão Nacional de Eleições não é consensual, pois a Renamo-União Eleitoral diz que não houve tempo para uma auditoria independente e que permitisse uma avaliação mais exaustiva da sua eficácia.
Prazos
Entretanto, a Comissão Nacional de Eleições mostrou-se, ontem, confiante de que os resultados finais das eleições de 01 e 02 deste mês serão anunciados dentro do prazo, apesar de reconhecer atrasos no processamento dos dados provinciais.
«Os órgãos eleitorais estão a trabalhar afincadamente para a conclusão atempada do processo do apuramento dos resultados e continuam a ter a próxima sexta-feira como meta», sublinhou, o porta-voz da CNE, Filipe Manjate, em declarações aos jornalistas.
Segundo a legislação moçambicana, a CNE deve anunciar o resultado das eleições gerais (presidenciais e legislativas) 15 dias após o encerramento da votação, que decorreu a 01 e 02 deste mês.
Reacção da Oposição
Não se sabe o que poderá acontecer nos próximos dias porque a Oposição, em bloco, assegurou que não vai aceitar os resultados das últimas eleições gerais em Moçambique por não terem sido justas nem transparentes.
Para tal, a Oposição, que esteve reunida, na última terça-feira na capital do país, exige novas eleições, «para o bem do país, segurança, estabilidade política, económica e social do país», mas quer a comunidade internacional quer as autoridades moçambicanas ainda não se pronunciaram a esse respeito. O que se sabe é que a Frelimo já disse que é inconstitucional realizar outras eleições. Mas
deste partido não se esperava outra posição porque os resultados lhes são favoráveis.
Segundo as projecções oficiais, o candidato presidencial, Armando Guebuza e o seu partido, a FRELIMO, no poder, ganham em oito dos nove círculos eleitorais que já fecharam o apuramento provincial dos votos.
O líder da oposição e presidente da RENAMO, Afonso Dhlakama, ganhou apenas na província de Sofala, centro de Moçambique, segundo dados oficiais dos órgãos eleitorais provinciais, uma tendência que foi confirmada na manhã de hoje pelo apuramento parcial dos órgãos eleitorais centrais em Maputo.
AC e Redacção – IMPARCIAL – 16.12.2004