AFONSO DHLAKAMA*
(...)Ontem, terça-feira, dia 21, a Comissão Nacional de Eleições divulgou os resultados das eleições de 1 e 2 de Dezembro de 2004.
Resultados estes forjados pelos membros do Partido Frelimo na Comissão Nacional de Eleições e do STAE.
A fraude eleitoral foi identificada já no recenseamento e tivemos a oportunidade de reportá-la à CNE.
A maioria dessa população, nas áreas onde a oposição goza de maior influência, em particular nas regiões Centro e Norte, foram excluídas do recenseamento eleitoral, para não poderem votar nestas eleições.
Aliás, foi o que aconteceu.
Os poucos cidadãos que tiveram a sorte de serem recenseados, no processo de informatização dos dados, os seus nomes foram retirados e substituídos por outros, que não tinham nada a ver com os habitantes daquelas zonas.
O STAE não colocou os cadernos de recenseamento de 1999 nos postos de votação; Por causa disso, muitos eleitores não encontraram os seus nomes nos cadernos informatizados colocados nas mesas das assembleias de voto.
O Partido Frelimo, com a ajuda da polícia, na noite de 1 para 2 de Dezembro de 2004, desencadeou uma campanha generalizada em todo o País, para expulsar os fiscais da Renamo, para assim permitir o Partido Frelimo trocar as URNAS por outras que já continham boletins de voto preenchidos a favor do Partido Frelimo e do candidato Armando Guebuza.
Para além disso, todos os presidentes das mesas das assembleias de voto, receberam ordens para introduzir boletins preenchidos a favor da Frelimo e do candidato Armando Guebuza, e ao mesmo tempo invalidar os boletins favoráveis ao Partido Renamo e ao candidato Afonso Dhlakama através de colocação de borrões de tinta nas faixas dos boletins de voto dessas candidaturas.
Face a este crime eleitoral, a Coligação Renamo-UE e eu próprio Afonso Dhlakama, declaramos que não reconhecemos os resultados eleitorais divulgados ontem pela Comissão Nacional de Eleições, porque seria trair o Povo de Moçambique.
Não podemos permitir que para o cargo da Presidência da República de Moçambique um aventureiro, com o apoio da polícia, meta votos nas URNAS e introduza mais de UM MILHÃO DE VOTOS NOS COMPUTADORES a seu favor, violando a Constituição da República de Moçambique e a Leis Eleitorais, declarando depois ser Presidente da República de Moçambique.
Isto é enganar o Povo, dar a entender que o Povo votou nele, quando na verdade não foi votado.
O facto é extremamente grave, para a Democracia porque vamos chamar de Presidente da República um elemento que não ganhou as eleições.
Isto traz consequências graves para o País, para a África Austral e para a África Inteira.
Entretanto, estamos a trabalhar por forma a que se faça justiça, e a legalidade seja reposta.
Apelo à calma a todas moçambicanas e moçambicanos, do Rovuma ao Maputo.
Nenhum deputado da Renamo-União Eleitoral saído destas eleições deve tomar posse.
Não sou o segundo candidato mais votado, por isso não vou fazer parte do Conselho de Estado.
Como democrata, não quero enganar o Povo de Moçambique, o meu Partido e a Comunidade Internacional.
Durante a recolha de assinaturas para se candidatar a Presidente da República, o candidato Armando Guebuza e a Frelimo, obrigaram todos os funcionários do Aparelho confirma que a Frelimo é um partido Comunista.
Para eles o Multipartidarismo só serve para a Europa ver e angariar milhões e milhões de Dólares, em nome da Paz, da Democracia e do Povo Moçambicano.
As instituições do Estado, como o SISE, Polícia da República de Moçambique (PRM), Força de Intervenção Rápida(FIR), Justiça, Administração do Estado são obrigados a pertencer ao Partido Frelimo no poder.
O Estado em Moçambique é o Partido Frelimo.
Não há o Estado de Direito.
Por isso nós queremos criar um verdadeiro Estado de Direito em que todos os cidadãos moçambicanos sejam tratados de igual maneira, independentemente da sua filiação partidária.
Na História do Mundo não há nenhuma ditadura do Partido no Poder que tenha vencido o Povo mesmo que esteja armado até aos dentes.
O Povo Moçambicano vencerá.
*Líder da Renamo-UE, um dos cinco candidatos à sucessão de Joaquim Chissano
IMPARCIAL – 23.12.2004