MAS NÃO TOMA POSSE NO CONSELHO DE ESTADO NEM OS DEPUTADOS DA "PERDIZ"
OCUPAM SEUS LUGARES NA AR
O aparecimento público, ontem, do líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Afonso Marceta Macacho Dhlakama, que falou em conferência de imprensa, quebrou os persistentes rumores que circulavam, sobretudo, na capital moçambicana, de que ele e a sua família estariam em parte incerta, preparando-se para organizar as manifestações em protesto aos resultados eleitorais.
Colocada a questão a Afonso Dhlakama, durante a referida conferência de imprensa, realizada na capital do país, o presidente da Renamo garantiu que iria continuar na capital do país por uma questão de “cortesia”, porque quer ser Presidente da República, que não toma o poder pela força.
Jurou que em Moçambique não haverá guerra começada por ele ou por qualquer membro do partido Renamo.
Dhlakama reafirmou que os resultados divulgados na última terça-feira, pela CNE/Frelimo foram forjados pelos elementos da Frelimo nos órgãos eleitorais e que ele e a sua coligação não reconhecem os resultados, e a primeira reacção imediata, os deputados eleitos pela "perdiz" não vão tomar os seus assentos na AR e o seu lugar no Conselho de Estado, na qualidade do dito segundo candidato mais votado vai permanecer vago. Segundo indicou, «a fraude eleitoral foi identificada já no recenseamento e tivemos a oportunidade de reportá-la à CNE», processo esse que excluiu a maioria da população, nas áreas onde a Oposição goza de maior influência(Centro e Norte).
Falou ainda de ter havido introdução, nas urnas, de votos pelos presidentes das mesas, votos esse favoráveis à Frelimo e o seu candidato. Tal operação ocorreu depois de expulsarem os fiscais indicados pela Oposição. Casos mais caricatos teriam ocorrido na província de Tete, onde, em alguns distritos, cujo processo não foi fiscalizado pela Oposição, teve afluência de 100 por cento nas mesas de votação, constratando com o cenário ocorrido no resto do país, onde o índice de
abstenção esteve à volta de 70 por cento.
«Não podemos permitir que para o cargo da presidência da República de Moçambique um aventureiro, com o apoio da Polícia, meta votos nas urnas e introduza mais de um milhão de votos nos computadores a seu favor, violando a Constituição da República de Moçambique e as Leis Eleitorais, declarando-se
depois presidente da República de Moçambique.
Para Dhlakama, tudo o que aconteceu neste processo confirma que a Frelimo é um partido comunista e «para eles o multipartidarismo só serve apara a Europa ver e angariar milhões e milhões de dólares, em nome da paz, da democracia
e do povo moçambicano. Apesar de não reconhecer os resultados das últimas eleições gerais, apelou, no entanto, «à calma a todos os moçambicanas e moçambicanos, do Rovuma ao Maputo».
Com a excepção de uma pequena concentração na sede do Comité Central, na última terça-feira, a suposta vitória da Frelimo e do seu candidato é comemorada em surdina. O que, na verdade, se assiste, também na capital moçambicana, é o forte policiamento da urbe, uma presença maciça, que relembra um Estado militarizado, que ocorreu durante a Guerra Civil em Moçambique.
JC E REDACÇÃO – IMPARCIAL – 23.12.2004