Dhlakama e Guebuza no combate “corpo a corpo”

APURAMENTO DOS RESULTADOS ELEITORAIS

Os resultados eleitorais avançados por alguns órgãos de comunicação social, que dão uma vitória retumbante ao candidato da “maçaroca e tambor” à Presidência da República, Armando Guebuza,

não passam de uma “fantasia” porque a tendência dos dados, que agora estão a chegar nos centros de apuramentos central( CNE) e, sobretudo, paralelos mostram que a batalha é ainda renhida entre Afonso Dhlakama (Renamo-UE) e Guebuza.

Em alguns círculos eleitorais, como Nampula e Tete há ainda muita coisa por clarificar. No caso concreto de Nampula, se espera que depois de requalificação dos votos, mais de 30 mil, alguns dos quais inviabilizados por mão criminosa, esteja assegurada a vitória na Ilha de Moçambique e Angoche, bastiões da Renamo-UE.

Refira-se que a “perdiz” assegura ter descoberto um presidente da mesa, em Angoche, que trazia uma “almofada” dentro do seu boné e na contagem de votos naquela mesa foi inutilizando muitos votos favoráveis a Dhlakama. Iguais sinais registaram-se em muitos votos a favor de Afonso Dhlakama que foram inutilizados em muitas mesas em Angoche, Ilha de Moçambique e outras zonas bastiões da Renamo-UE o que se acredita tratar-se de uma acção concertada.

A batalha sobre os mais de 30 mil votos inutilizados naquele ponto do país já começou, com as queixas já apresentadas nos órgãos eleitorais, esperando que a maioria desses votos seja requalificada.

Novas conquistas

Naquela província, Dhlakama e Renamo-UE conquistaram alguns distritos nunca antes conseguidos.

Referimo-nos a Mucubura( Renamo-UE – 7.061, contra 6.082), Monapo(-) e Mussuril( Dhlakama - 14.056, contra 8.393 de Guebuza). Aquele partido melhorou, significativamente, o seu desempenho em  Moma(11.182, contra 12.015 da Frelimo). Nas presidenciais, Dhlakama suplantou o seu adversário( Armando Guebuza), com 13.541, contra 13.409.

Outros “milandos”

Estão ainda por resolver problemas ocorridos em Tete, onde a “perdiz” assegura terem sido banidos os seus fiscais em alguns distritos daquela província como Changara, Zumbo, Máguè, Tsangano e Chitima. A solução, segundo a “perdiz”, devem ser repetidas as eleições naqueles pontos do país, uma possibilidade afastada pelo porta-voz da CNE por alegadamente não estar prevista na lei.

Subida no Sul

Nas hostes da “perdiz”, o Sul do país, onde aquela formação política e o seu candidato foram, mais uma vez esmagados pela Frelimo e Guebuza, «não constitui uma grande preocupação» porque está assegurada a compensação com os resultados de Sofala e Zambézia cuja vitória é tida como marcadamente folgada.

Mesmo no Sul, nas legislativas, é esperado pelo menos mais um deputado na capital do país e a possibilidade, quase certa, de se conseguir pelo menos um lugar na Assembleia da República

pelo círculo eleitoral de Gaza.

Sobre Cabo Delgado e Niassa, os dados ainda são escassos, estando seguro que a Frelimo ganhou em Cabo Delgado, mas com uma recuperação da “perdiz” que conta com votos significativos de alguns distritos como Mocímboa da Praia, Montepuez, Chiúre e outros. No Niassa, acredita-se nas hostes da “perdiz” que se poderá reeditar o cenário de 1999, onde aquela formação política e o seu candidato à Ponta Vermelha levaram de vencida os seus opositores directos(Frelimo e Chissano).

Situação duvidosa é de Manica, onde alguns órgãos de informação já avançaram com a vitória de Guebuza e o seu partido, mas em alguns centros de contagem paralela asseguraram-nos que há muito por clarificar.

IMPARCIAL – 08.12.2004