Suspeita de eventual rebelião
Por Sebastião Castigo e Eurico Danç
Um clima de insegurança acaba de colocar a cidade da Beira a beira do rubro. Com efeito, um contingente misto da Polícia da República de Moçambique (PRM), em Sofala, constituído pela Força de Intervenção Rápida (FIR), Polícia de Protecção e de Trânsito instalou um posto de controlo nas vias que dão acesso à casa do líder da Renamo, Afonso Dhlakama na Ponta-gêa, numa clara suspeita de ponto de partida de eventual rebelião.
Ao que tudo indica, por aquilo que o Pungué sabe, a montagem e funcionamento do posto avançado nas imediações da casa do líder da Renamo vai até a segunda quinzena de Janeiro, altura da tomada de posse do Presidente eleito, bem assim, dos parlamentares. Este posicionamento da PRM revela o prenúncio de uma guerra.
Por outro lado, uma auscultação conduzida pelo Púnguè, ontem na Beira, revela que a PRM tem medo de Afonso Dhlakama, dado que, de contrário, a PRM montaria igualmente postos avançados nas casas de cidadãos pacatos.
Por detrás da timidez estão os discursos proferidos por Dhlakama, segundo os quais, em caso de sua derrota iria felicitar o felizardo saído das eleições, para última hora nas projecções intermédias, desdizer que não aceitará os resultados, fincando pé que vai apoiar manifestações de protesto alegadamente a ser protagonizadas pelo povo que considera ter votado nele, em massa, e na Perdiz.
Reagindo, num contacto telefónico, o Comandante Provincial da PRM, em Sofala, Augusto Mutaca, a volta do assunto afirmou se tratar de um trabalho rotineiro da policia com vista garantir a tranquilidade e a ordem pública durante a quadra festiva de Natal e passagem do ano.
Em contra partida o chefe da mobilização da Renamo em Sofala, Francisco Maingue, considera a atitude da policia de abuso contra os direitos fundamentais do homem.
No prosseguimento da sua alocução, Maingue observou que este controlo montado em frente da residência pessoal do líder da Renamo, também veda a passagem de cidadãos comuns que usam a mesma via pública e com o risco de serem vasculhados, como está a acontecer.
Maingue, a dado passo, questionou “porquê estes controlos só na província de Sofala”-precisando ser agravante o facto de os membros da FIR serem maioritariamente provenientes de sul do País .
Para a fonte tal atitude mostra que o povo está sendo empurrada para a guerra.
Instado a responder sobre o que fará em caso da polícia invadir a residência do líder da Renamo, ao que respondeu que não haver espaço para tal força entrar na casa, a que chamou, do mais velho.
PÚNGUÈ – 23.12.2004