Uma semana depois de ter feito revelações bombásticos ao Jornal de Angola, segundo as quais, seitas religiosas de cariz fundamentalista já tentaram recrutar entre nós ex-soldados especializados em engenharia militar para transformá-los em terroristas suicidas, o General Fernando Garcia Miala (na foto), chefe dos Serviços de Inteligência Externa de Angola, surge uma vez mais na ribalta agora com lições de como bem gerir os fundos públicos.
Citado este sábado pelo Semanário Angolense, na secção "Altos", o tablóide diz que o ministro da Defesa ficou encantadíssimo com o que viu no Huambo. O motivo do compreensível encanto, segundo a fonte, não foi a qualidade do que viu, mas os números. Kundi Paihama ficou surpreendido com os custos da reabilitação da sede dos Serviços de Informação (Sinfo) e da respectiva casa de passagem.
Pelas duas obras, um edifício de três pisos e uma vivenda, os cofres Públicos largaram pouco mais de 400 mil dólares. Na verdade, escreve o Jornal, estamos em presença de custos que já estão fora de moda, num país em que até a construção de uma escola de adobe pode custar 1 milhão de dólares.
Para o articulista do Semanário Angolense, Kundi Paihama teve sobejos motivos para festejar. "Os preços praticados pelas empreiteiras sugere duas coisas: ou não correram absurdas comissões por baixo da mesa ou os empreiteiros tiveram medo. Afinal, as duas obras foram encomendadas pelos Serviços Secretos e o seu interlocutor pode muito bem ter sido o respeitado (e também temido) General Miala. Apesar dos novos tempos, muita gente ainda se põe de sentido à passagem do mais poderoso de todas as secretas angolanas e que doravante os Serviços Secretos e, especialmente, o General Miala estejam presentes nos momentos em que se negociarem as empreitadas que visam a reabilitação das principais infra-estruturas do país.
É que num país em que a sobrefacturação dos preços das obras públicas transformou-se numa verdadeira cultura torna-se difícil acreditar que ainda tenhamos empreiteiros honestos. Como pode ter acontecido no Huambo. Mas como o seguro morreu de velho, é melhor não arriscar. É preferível colar sempre o General Miala aos calcanhares das entidades que negociam os maiores contratos deste país. Pelo menos os «comixionistas» ficam de alguma forma inibidos... Na verdade, quem ousaria costurar um arranjo na presença do «Brigas»?", concluiu o articulista.
Lembramos, que na entrevista que concedeu em exclusivo ao único diário do país, Fernando Garcia Miala, confessou não ter a obsessão da perseguição embora tome os seus cuidados.
ANGONOTÍCIAS - 05.12.2004