Renamo alega existência de "fraudes maciças"
O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, anunciou hoje que vai pedir a repetição das eleições legislativas e presidenciais em Moçambique, denunciando a existência de "fraudes maciças".
Dhlakama pretende, por isso, que as eleições sejam anuladas e anunciou que vai pedir ao Presidente Joaquim Chissano para "se manter em funções até à resolução deste assunto".
Os observadores internacionais que acompanharam as eleições em Moçambique descreveram o escrutínio como relativamente "livre e justo", apesar da fraca afluência registada e de algumas irregularidades. Contudo, algumas organizações internacionais afirmam que o sucessivo adiamento do anúncio dos resultados parciais (inicialmente previsto para o início desta semana) poderá levantar suspeitas relativamente ao processo.
Segundo representantes da Renamo, a Comissão Nacional de Eleições alterou aos códigos de acesso aos computadores que estão a recolher os resultados das votações e afirmam que a manobra poderá servir para manipular os resultados a favor da Frelimo, o partido no poder em Moçambique.
A CNE nega estas acusações, acusando a Renamo de estar a dificultar um processo já de si lento, afirmando que os problemas se devem às falhas informáticas e ao mau tempo, que cortou as vias de comunicação com vários pontos do país.
A comissão tem até ao próximo dia 17 para anunciar os resultados finais das eleições, das quais sairá o sucessor de Chissano e os 250 deputados que integram a Assembleia Nacional. Segundo os escassos resultados disponíveis, o candidato da Frelimo, Armando Guebuza, lidera a contagem, com vantagem confortável sobre Dhlakama.
Já antes destas denúncias, alguns elementos que acompanham o escrutínio tinham detectado casos suspeitos em alguns distritos da província do Tete (norte), em especial nas mesas de voto onde os representantes da Renamo foram impedidos de acompanhar as eleições. Nestes locais, a taxa de participação anunciada é muito superior à média nacional e Guebuza recolhe grande vantagem sobre o seu adversário.
PÚBLICO - 10.12.2004