A RENAMO-UE considera haver uma clara intenção de manipular a opinião pública na forma como têm sido divulgados, em alguns órgãos de comunicação social, os resultados parciais das eleições gerais realizadas semana passada em Moçambique.
Em comunicado de imprensa, recebido na nossa redacção, a "perdiz" fala, mesmo, de uma clara campanha de «desinformação» e uma «propaganda ensaiada» pelo partido no poder.
«Os órgãos de comunicação social estão a plantar factos nas cabeças dos moçambicanos e da comunidade internacional ao divulgar apenas os resultados das cidades e vilas, onde reside pouco mais de 24 por cento do eleitorado moçambicano», indica a Renamo-UE.
Como a referida forma de agir, sustenta o comunicado, criase a «percepção errónea à volta da realidade no terreno, uma vez que neste momento em que já se começou a contabilizar os votos dos distritos do interior das regiões Centro e Norte do país, já não há entusiasmo nem tão pouco assiduidade na sua divulgação».
«Por exemplo, a Rádio Moçambique na Zambézia relata dados das capitais ou sedes distritais, mas quando entra para as zonas do interior a qualidade da emissão desaparece e perde-se o contacto com o correspondente», aponta-se no comunicado que temos vindo a citar.
«A comunicação social não avançou os resultados de Machanga, por exemplo, onde o presidente Dhlakama amealhou 9.200 votos, contra apenas 600 de Guebuza», refere-se. Mais ainda, «não informam aos moçambicanos os resultados de Chibabava, Chemba, Morrumbala, Mopeia, Chinde, Alto Molócuè, Pebana, para citar alguns», avaçou a "perdiz", que acredita que devia ter sido referido o caso do Gúruè, na Zambézia, «onde a Renamo e o seu candidato sairam vitoriosos».
É, igualmente, preocupação da Renamo-UE a «movimentação de agentes da Polícia de Intervenção Rápida para Mutarara, onde a Renamo-UE e o seu candidato lideram a votação». Indica o comunicado da "perdiz" que naquele distrito, Afonso Dhlakama conseguiu 57.476 votos, contra 5.404 do Guebuza.
Contagens e estimativas conduzidas por meios de comunicação social estatais têm dado vantagem à FRELIMO e ao seu candidato presidencial, Armando Guebuza, nas eleições de 01 e 02 de Dezembro para o Parlamento e Presidência. Ontem, o semanário pró-governamental Domingo, chegou, mesmo, a garantir uma vitória de Guebuza e da FRELIMO, «com maioria absoluta», citando «dados não oficiais e sujeitos a pequenas correcções». A RENAMO, entanto, referiu que a contagem paralela que tem vindo a efectuar lhe dá vantagem, situação que «preocupa a FRELIMO».
«Queremos apelar a todos no sentido de assistirem ao desespero do partido no poder quando os resultados verdadeiros forem publicados», acrescenta o comunicado, que apela igualmente à «calma de todos os moçambicanos».
IMPARCIAL - 06.12.2004