-Denunciam operadores que admitem a possibilidade de viciação de resultados -Lucas José do STAE diz que isso não é verdade Anselmo Sengo A Comissão Nacional de Eleições (CNE) iniciou tardiamente a processar para o sistema informático os editais dos resultados do apuramento intermédio das terceiras eleições gerais de Dezembro corrente, o que certamente vai atrasar a divulgação dos resultados finais. Na origem, fala-se dos problemas provocados pela incompatibilidade do Software fornecido pela empresa "Soluções, Lda" porque está a provocar a inoperacionalidade dos cinquenta computadores instalados dentro da instituição. Por causa disso, os cento e cinquenta técnicos de informática recrutados e treinados para operarem neles, nada fazem desde 2 de Dezembro corrente, senão passear pelas avenidas da cidade e sentarem-se nos muros e comer hamburgues nos quiosque localizados nos arredores deste órgão central de supervisão eleitoral. Aliás, o ZAMBEZE visitou Terça e Quarta-feira a sala de informática tendo no entanto, constatado haver de facto muitos técnicos e computadores para pouco trabalho. Os referidos cento e cinquenta operadores informáticos, encontram-se divididos era três turnos, sendo o primeiro de manhã, o segundo a tarde e o terceiro à noite. Alguns deles disseram ao ZAMBEZE que desde o dia 2 de Dezembro, data que deveriam ter iniciado o processo de digitalização dos resultados dos editais, ainda não fizeram nada senão passear alegada- mente porque apenas dois computadores de um total de cinquenta é que estão a aceitar o Software da "Soluções, Lda". O que quer dizer que, dos cento e cinquenta operadores contratados, seis é que trabalham. "O STAE e a CNE estão a mentir para o povo moçambicano e para os doadores, ao afirmar sempre na imprensa que os dados estão a ser introduzidos na informátjca. Agora nós queremos saber quando e quem está a introduzir se nós estamos sempre fora das instalações por falta de trabalho. O pior é esse convite que vos é feito para acompanhar o processo, mas que nunca disseram vamos, sendo naqueles processos de pequena envergadura “como é o caso do processo de requa-lificação de votos nulos e reclamados". Aliás, o procedimento adoptado pelos dois órgãos de organização e supervisão eleitoral, está sendo uma afronta à lei eleitoral, a qual estabelece locais e os prazos para acolher a realização do apuramento parcial, intermédio e final, facto que não está a acontecer devido às irregularidades provocadas pelo Software da "Soluções, Lda". A mesma lei eleitora] define no seu artigo 111 que, o Presidente da Comissão Nacional de Eleições, num prazo de quinze dias contados a partir da data do encerramento da votação, anuncia os resultados da centralização nacional e, do apuramento geral, mandando-os divulgar nos órgãos de comunicação sócial e afixar à porta das instalações da Comissão Nacional de Eleições, Porém, ao que tudo indica de acordo com as nossas fontes, poderá haver um atraso significativo na divulgação dos resultados finais das eleições a medir pelo nível de processos de editais que são feitos por cada dia que passa. Isso não é verdade Lucas José, chefe do Gabinete de Imprensa do STAE, em conversa com o ZAMBEZE negou as alegações dos operadores, dizendo que isso não corresponde à verdade. "É verdade que o processo iniciou ligeiramente atrasado devido a vários problemas, podendo destacar o facto das províncias terem iniciado tarde o processo de apuramento intermédio devido a vários factores, mas que entretanto, já temos quatro dias de trabalho e tudo indica que a trabalharmos neste ritmo vamos cumprir com os prazos de quinze dias estabelecidos por lei para a CNE divulgar os resultados finais", disse José. ZAMBEZE – 16.12.2004